Sociedade E Cultura
Trabalho Universitário: Sociedade E Cultura. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: ShirlenePrates • 30/8/2014 • 1.317 Palavras (6 Páginas) • 387 Visualizações
Sociedade & Cultura
Para muitos o graffiti é uma arte.
Para outros é puro vandalismo. Independentemente da forma como o entendemos, podemos certamente afirmar que o graffiti constitui uma cultura, típica dos tempos contemporâneos. Ou seja, para além das expressões visuais que aprendemos a reconhecer como graffiti, existe um modo de vida que não se pode dissociar desta prática expressiva. O graffiti é uma cultura pelo facto de possuir um sentido de comunidade, uma identidade, uma linguagem, regras e padrões de comportamento que são fundados internamente e conhecidos por todos os que se identificam com a comunidade. Aqueles que fazem graffiti não o fazem no vazio, compreendem o vocabulário cultural, conhecem os instrumentos e as regras de quem pinta na cidade. Intitulam-se writers, possuem um tag e agrupam-se em crews, com o intuito de pintar. O tag é a identidade cultural dos writers, é a forma como gostam de ser reconhecidos na comunidade a que pertencem. Esta é, então, uma cultura que é cultivada há gerações por writers originários dos mais diversos pontos do planeta, que individualmente ou em crew, pintam nas suas cidades, divulgam os seus trabalhos e definem as orientações do movimento.
A prática do graffiti não é realizada ao acaso ou de forma caótica. Existem regras que permitem estruturar a comunidade e as suas formas de agir. As regras, aceites de forma relativamente consensual, enunciam os critérios de avaliação das obras e do estilo, o valor dos diferentes spots ou os territórios de acção. Apesar das alterações que se registaram ao longo das últimas décadas, no interior desta cultura, algumas normas e procedimentos mantêm-se praticamente inalterados, sendo transmitidos de geração em geração. Assim, existe uma ética interna, respeitada pela grande maioria dos writers, que define como e onde pintar. É relativamente consensual a ideia que de existem locais proibidos (como sejam os monumentos) ou que a obra de outro writer não deve ser crossada, excepto em situações muito particulares. Pertencer à comunidade writer passa, então, por aceitar as regras implícitas do movimento. Estas regras são apreendidas com o tempo, geralmente pelo contacto com writers mais experientes que cumprem uma função fundamental, na transmissão dos valores, das normas e na preservação da sua história.
Esta é uma cultura formada por diferentes modos de viver que correspondem, igualmente, a distintas formas de expressão. Todavia, assumindo a fronteira da legalidade como elemento fundamental para a definição desta cultura, podemos, de forma elementar, distinguir o graffiti ilegal ou bombing, do graffiti de natureza legal. Cada uma destas vertentes comporta diferentes regras, modos de acção, linguagens e simbologia.
O graffiti representa uma cultura e tem já uma história que apesar de breve, é marcante. Este é, inegavelmente, um fenómeno urbano de relevância incontornável nas últimas décadas do século XX. O património acumulado e preservado, é composto por nomes lendários, como TAKI183… por estilos únicos, como o Wildstyle, Bubble style, 3D e por obras inesquecíveis. É obrigatório conhecer as carruagens e metros pintados, nos primórdios do graffiti Nova Iorquino, determinantes para o futuro desta expressão visual.
Também em Portugal o graffiti tem uma história, que é relembrada por muitos que conheceram os pioneiros e asseguram a sua memória. Surgido vinte anos após o nascimento deste fenómeno nos EUA, o graffiti português desponta nos anos 90 do século XX, na área da Grande Lisboa. Nomes lendários do panorama português, faziam as primeiras explorações do graffiti na parede, dando a conhecer uma forma de expressão visual que até então era desconhecida da maioria. O magnífico mural das Amoreiras é, de certa forma, o símbolo do graffiti de Lisboa, com pinturas de alguns dos pioneiros desta arte.
Uma observação atenta do graffiti indica-nos, que esta é uma prática basicamente citadina, participa da dinâmica cultural do meio urbano. O lugar do graffiti é, por excelência, o espaço público urbano. Tomando por suporte elementos tão distintos da paisagem urbana como as carruagens de metro e comboio, os muros, os viadutos, as fábricas abandonadas ou os sinais de trânsito, os tags e pinturas proliferam nos locais mais imprevistos. Daí que seja relativamente comum a ideia de que o graffiti se inclui naquilo que geralmente denominamos de street culture. Esta correspondência deriva do facto das origens mais remotas deste movimento cultural se situarem no movimento hip-hop, dinâmica cultural nascida nos espaços da pobreza e exclusão da cidade de Nova Iorque, há mais de trinta anos. O movimento hip-hop é, nos seus primórdios, uma verdadeira expressão cultural de jovens que usam o espaço público para compor, através do graffiti, rap e break-dance, modalidades criativas de comunicação em grupo. A street culture pode, então, ser entendida como uma cultura que nasce e se expressa no espaço público, produzida na rua entre aqueles que vivem e comunicam na rua.
No entanto, tal como
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