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A Educação do Campo

Por:   •  26/5/2016  •  Trabalho acadêmico  •  2.901 Palavras (12 Páginas)  •  184 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Hoje em dia a sociedade é predominantemente urbana e o sistema capitalista avança cada vez mais sobre as classes menos favorecidas, que migram em direção às cidades em busca de oportunidades - cada vez mais escassas devido à superpopulação destes centros urbanos. Desta forma, se torna necessária a valorização da vida no campo, através da busca da preservação dos valores básicos da realidade rural e da transmissão destes pelos núcleos familiares em conjunto com as escolas do meio rural.

As escolas do campo vêm ao longo dos tempos conquistando sua relevância no meio em que se insere através das lutas dos movimentos sociais e sindicais, em contraponto à vontade política de governantes, que não atribuem a devida atenção a essa situação.

Segundo o último estudo escolar apontado em 2015, o Brasil possui mais de 70 mil escolas públicas localizadas em Zonas Rurais. Nestas escolas, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o sistema de ensino deve ser adequado às peculiaridades da vida rural, assegurando conteúdos e metodologias adaptados aos interesses da educação do campo. No entanto, essa ainda é uma realidade distante, pois faltam recursos financeiros e pedagógicos, professores especializados e transporte público de qualidade que garanta a frequência dos estudantes. Afirma o relatório Iniciativa Global pelas Crianças fora da Escola, lançado em 2012 pelo UNICEF, que em 10 anos, 37 mil escolas rurais foram fechadas no Brasil, deixando tais comunidades sem sua referência cultural.

  1. Abordagem histórica da educação do campo

Pode-se dizer que a educação do campo surgiu através dos sujeitos do campo, que reivindicavam seus propósitos por meio de movimentos sociais para intensificar e difundir suas ideologias. Estas seguem focadas em por em pauta tanto a situação da educação nas escolas situadas nas zonas rurais, como uma boa preparação docente e, por consequência, oferecer uma educação digna aos discentes.

A colonização e a independência do Brasil, assim como os demais acontecimentos históricos ocorridos no país foram, aos poucos, dando origem a educação do campo. No decorrer da história, com a imigração, muitos europeus foram chegando ao Brasil e criando algumas escolas, contrariando a elite brasileira, que pretendia explorar as crianças nos trabalhos, já que a mão de obra era barata e, logo, lucrativa.

Com essa iniciativa dos imigrantes europeus, as crianças estavam sendo educadas de acordo com os costumes locais deles, preocupando o Estado. Este procurou reverter isso criando escolas que pudessem os educar de acordo com os costumes da nação brasileira. Porém, mesmo com tal iniciativa, o cenário da educação do campo ainda se encontrava inferior à educação da cidade, em 1889, no período da Primeira República.

Posteriormente, em 1960, um dos fatos que agravou ainda mais a situação da educação do campo foi a saída das pessoas das zonas rurais até a zona urbana, visando melhorar a qualidade de suas vidas. Mas, nem sempre isso acontecia, devido ao alto custo exigido para a vida urbana, acarretando o surgimento das favelas. Só assim, o Estado voltou seu olhar para os sujeitos campesinos e criou escolas e projetos voltados a eles.

Em 1980, muitas dessas escolas do campo foram fechadas, em detrimento do fluxo migratório das famílias rurais para a área urbana, em busca de uma nova vida nas cidades, nas décadas de 60 e 70. Ainda na década de 80, começaram a surgir movimentos dos sujeitos campesinos, como o MST (Movimento Sem Terra), mais precisamente em 1984, que será falado posteriormente, em prol do reconhecimento dos cidadãos do campo e, consequentemente, de uma valorização da educação do campo. Tais movimentos conseguiram que a educação fosse regulamentada na Constituição de 1988 e na LDB n. 9.394/96, aprovada em dezembro de 1996.

Em 1998, criou-se a “Articulação Nacional por uma Educação do Campo”, uma entidade responsável por elaborar ideias e ações em prol da escolarização das pessoas do campo em todo o país. Essa conseguiu que fossem realizadas Conferencias Nacionais por uma educação básica do campo, em 1998 e 2004; criação da instituição pelo Conselho Nacional
de Educação (CNE) das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do
Campo, em 2002 e da criação da instituição do Grupo Permanente de Trabalho de Educação do Campo (GPT) em 2003.
Campo (GPT), em 2003.  E a criação da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, associada à Coordenação Geral da Educação do Campo, em 2004, evidenciando que houve um reconhecimento aos direitos das pessoas das zonas rurais.

Porém, tem-se que ressaltar que apesar de existirem leis e entidades que reconhecem os direitos dos jovens rurais a terem uma educação digna, isso não significa que realmente têm. Desde muito tempo acreditava-se que os trabalhadores rurais não precisariam ter alguma preparação educacional e nem mesmo alfabetização, evidenciando o descaso em que se encontrava o quesito educação para tais trabalhadores. Esse pensamento ainda perdura até os dias atuais. Com isso, as escolas do campo ainda não recebem prioridade do Governo e sofrem com grande ausência de fiscalização e de inúmeras políticas publicas, ocasionando o fechamento de muitas delas.

2.0 A educação do campo e suas dificuldades

Diante do conceito já apresentado de educação do campo, é importante esclarecer que os termos “rural” e “campo” possuem sentidos diferentes. O sentido da educação rural aparece quando há referência à política educacional do início e decorrer do século XX, cuja preocupação era com ações que pudessem superar o “atraso” presente entre os trabalhadores e moradores do espaço rural. Já o sentido de educação do campo aparecerá quando estiver em destaque a ação dos movimentos sociais e as parcerias em desenvolvimento nesse início de século, oriundas da dinâmica social do campo no final do século XX, valorizando as diversas identidades e culturas existentes nesse território.

As dificuldades tanto para os jovens quanto para os trabalhadores do campo são inúmeras. Entre elas, pode-se citar a escassez e fragilidade das estruturas das escolas; dificuldade e ausência de transporte e adequado tanto para professores quanto para alunos; carência de professores devidamente capacitados, pouca remuneração e sobrecarga de trabalho; falta de fiscalização adequada nos ambientes escolares do campo, entre tantas outras.

Tais dificuldades acabam afetando negativamente toda a estrutura sociopolítica do país, já que o papel da escola é justamente colaborar para um ambiente educativo que respeite, principalmente, a heterogeneidade desses sujeitos com a terra, a cultura e o trabalho e isso muitas vezes não ocorre. Somado a isso, tem-se o fato de que muitas destas escolas do campo vêm sendo questionadas pelo Governo, a fim de municipalizar, reduzir as séries escolares e até fechá-las.

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