Biografia Sueli Careneiro

Filha de costureira e de um ferroviário, mais velha de sete filhos, nascida em 24 de junho de 1950, criada no bairro da Lapa em São Paulo, Aparecida Sueli Carneiro Jacoel, conhecida como Sueli Carneiro, é considerada uma das maiores uma intelectuais negras do Brasil. Ativista do movimento negro, filósofa, doutora em educação e fundadora do Instituto da Mulher Negra – Geledés, Sueli vivenciou desde muito nova o racismo, o machismo, as desigualdades em nossa sociedade, e passou a questionar a si mesma sobre o porquê de tantas disparidades sociais no Brasil, onde a mesma posteriormente afirmou ser o país com o racismo mais perverso do mundo, e foi com o objetivo de entender e explicar esses questionamentos, principalmente quando se é uma mulher negra vivendo em uma sociedade patriarcal, sexista e racista, que Sueli formou-se em filosofia, pela Universidade de São Paulo (USP), lugar em que mais tarde também obteve o título de doutora em educação.

Sueli é responsável por um legado desmesurado para o feminismo negro no Brasil, fundadora do Geledés, organização responsável por corroborar com diversas militâncias sociais, políticas e estudantis, o Instituto da Mulher Negra participa, cria e apoia ativamente projetos de cunho racial, questões de gênero, políticas públicas, educacionais e de saúde. Como estudiosa e questionadora de pautas relacionadas a mulher negra na sociedade, Sueli é responsável também pela criação do único programa oferecido no Brasil de acompanhamento da saúde física e mental de mulheres negras. Em 1988 passou a incorporar em Brasília o Conselho Nacional da Condição Feminina, ainda como ativista do movimento negro, em 1992 Sueli criou o Projeto Rappers, para que jovens negros pudessem denunciar e incentivar outros jovens a fazer denúncias contra repressões policiais no movimento do hip hop. Em suas publicações bibliográficas é possível encontrar mais de 300 arquivos publicados, entre artigos, teses e livros. Algumas de suas obras mais conhecidas, são “Racismo, Sexismo e Desigualdade no Brasil” e “Mulher negra: Política governamental e a mulher”.

A escolha dessa intelectual é baseada na importância histórica da Sueli Carneiro dentro do movimento feminista negro, como uma das maiores referências para a nova geração de jovens feministas, e ainda mais para as feministas negras, seu legado é imensurável, seu ativismo atravessa barreiras, suas contribuições estão com o sistema de cotas para estudantes negros no ensino superior, com a lei que criminaliza o racismo, com a instauração das delegacias de combate a intolerância, com suas publicações e projetos . Em vídeo produzido pelo Itaú em 2017, Sueli passa o “bastão” do seu ativismo dentro do movimento feminista negro para as novas intelectuais e feministas "Obrigada por aceitar esse bastão, por assumir a responsabilidade histórica de continuar essa luta, por reconhecer as que lutaram antes e nos manter com vocês nas lutas futuras”, disse reafirmando a importância de dar continuidade ao seu legado e ao de tantas outras mulheres negras que representam resistência dentro de nossa sociedade.