Ensaios de interpretação da realidade peruana
Por: Evelyn Apolinaria • 27/10/2019 • Resenha • 921 Palavras (4 Páginas) • 249 Visualizações
Aluna: Evelyn Maria Apolinária Santos Arruda
Matrícula: 17/0009688
MARIATEGUI, José Carlos. 7 Ensaios de interpretação da realidade peruana. Editora Amauta, 1996. (Capítulo 2: “O problema do índio”).
Contextualização:
José Carlos Mariátegui nasceu em Moquegua, no Peru, em 14 de junho de 1894. Em vida acreditava que havia nascido em Lima e em 1895, mas atualmente é comprovado que nasceu na primeira cidade. Em sua curta vida, publicou dois livros, mas teve uma grande produção jornalística. Foi escritor, jornalista, sociólogo e ativista político e era autodidata.
Sua obra tem muita relevância para o marxismo latino-americano e é importante lembrar que o contexto latino é diferente do europeu. Mariátegui esteve na Europa e não só simpatizou com os ideais marxistas como também com os ideais do romantismo revolucionário. É a principal referência ao pensamento marxista latino-americano. Morreu em16 de abril de 1930.
O romantismo revolucionário surge na Europa diante da crise do sistema industrial burguês. Há em voga duas perspectivas que vão de encontro ao positivismo/racionalismo: o romantismo de direita fascista, que deseja retornar à idade média e o romantismo de esquerda, que deseja chegar ao comunismo/utopia pelo progresso (Weber – racional/burocrátio X carisma; Mariátegui – romantismo x política – o mundo com novos Heróis e Vilões).
O Peru nos tempos de Mariátegui é marcado como uma ponte entre a sociedade colonial e a sociedade atual devido às heranças coloniais das bases política, social, econômica superficialmente modificadas para se adaptarem à estrutura do imperialismo e do capital monopolista.
Consequências da Guerra do pacífico (1879-1883) – Mariátegui nasceu uma década após o conflito que deixou a estrutura econômica do país debilitada. Não só debilitada, como também colocou em risco o poder político e econômico da burguesia comercial e da aristocracia rural do país, isso quase desmantelou o Estado. O então presidente Manuel Pardo foi assassinado e um regime militar-senhorial foi instaurado, obrigando as camadas médias urbanas, a burguesia e os latifundiários a sustentá-lo após a guerra. Não havia um líder de oposição, o que traz o Romantismo ainda mais à tona no contexto do Peru. No final da década surge Nicolás de Piérola, chefe do partido Democrata, como líder da oposição e posteriormente consegue apoio do partido Civil, ao qual se opôs. A economia se recuperava e gradualmente a burguesia e os latifundiários recuperavam o poder econômico e se voltavam ao Estado para reconquistar o político frente ao descontentamento popular em relação aos regimes militares, corrupção, repressão, além da derrota na guerra. Assim, o líder Piérola surge como um populista em um levante em 1895 e se criou uma nova estrutura política que durou apenas até 1919 devido a sua precariedade em funcionamento.
De 1919 até 1930, a história peruana esteve sob responsabilidade de três processos centrais: a implantação e consolidação do capital monopolista sob o controle imperialista; a reconstituição dos movimentos e interesses de classe e da sua relação com o Estado; e a renovação do debate político-ideológico, primeiro nas classes dominantes e depois nas classes média e baixa.
Obra em análise:
Após contextualizar o período em que Mariátegui viveu, a obra a ser tratada aqui é o capítulo “El problema del índio” inserido no livro “7 Ensayos de interpretación de la realidad peruana”. O autor faz uma revisão histórica, à luz da metodologia marxista, e aponta a situação do índio diante do colonizador: houve genocídio, houve escravidão e o movimento de independência que promoveu a república, liderado por colonos, crioulos, foi fortalecido pelas massas indígenas. Mariátegui denuncia a falta de políticas públicas para inserir no mercado os trabalhadores libertos com a abolição da escravidão. Não apenas isso, mas a República liberal enquanto regime formalmente peruano deveria, mas não elevou o status do índio: empobreceu-o, expandiu sua miséria, desrespeitou suas terras ao permitir a ascensão de uma classe dominante que as tomou. Mariátegui expressa a relação do índio com a terra de maneira precisa:
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