Opressão de gênero
Por: Amanda Cortez • 4/7/2015 • Projeto de pesquisa • 427 Palavras (2 Páginas) • 188 Visualizações
As relações entre opressão de gênero e visão androcêntrica
A opressão que a mulher sofre na sociedade vem antes da propriedade privada, pois como aduz Simone de Beauvoir em sua obra “O segundo sexo”, o mundo sempre pertenceu aos machos. Relacionando-se à visão androcêntrica, a concepção que visa supervalorizar o pensamento masculino – ou seja, um pensamento cercado de pensamentos conservadores, moralistas e machistas. O privilegiado domina o outro e faz de tudo para mantê-lo oprimido. O controle de natalidade não existia e as mulheres estavam sempre engravidando, o que absorvia as suas forças e sua capacidade de trabalho – diminuída por conta da gravidez, do parto e da menstruação. Disso resulta, então, a dependência da mulher para com os homens a fim de garantir a sua defesa, proteção e alimentação.
A família é avocada como instrumento para assegurar a propriedade privada e a acumulação de capital, limitando ainda mais a liberdade da mulher. Nesse sentido, fez-se necessário, por questões econômicas, controlar a sexualidade feminina para que a mulher se relacionasse apenas com o seu marido de modo a assegurar o direcionamento da herança apenas aos filhos biológicos.
À medida em que as sociedades foram se desenvolvendo, as opressões de gênero foram reforçadas e normatizadas para, enfim, serem tidas como naturais. Com o sistema capitalista a opressão tomou outros rumos, agora perpassando questões sexuais, raciais e patriarcais, e chegando ao viés econômico. Esse é um sistema que não mantém relações de permanência com o patriarcalismo, que surgiu bem antes do capitalismo – este depende da opressão de classe, e não de gênero. Assim, em tese ele poderia até acabar com o patriarcado, visto que conseguiu se adaptar às exigências de papel e status feitas pelas mulheres na sociedade, mas terminou se apropriando dessas opressões para maximizar seus lucros.
Na sociedade capitalista gerar filhos é um defeito, uma vez que se exige licença maternidade, creches, educação, saúde e outros benefícios que serão sempre importantes para as mulheres, tendo em vista que a sociedade joga toda e qualquer responsabilidade dos cuidados de uma criança para a mulher. É por isso as mulheres são, pois, economicamente mais vulneráveis que os homens no capitalismo. A luta contra o capital deve também ser uma corrente na luta feminista, pois as mulheres são oprimidas antes da propriedade privada e com o surgimento da mesma se instituiu e naturalizou essas opressões. Esse cenário revela, explicitamente, que o sistema capitalista carrega ainda mais força para oprimir e suprimir a autonomia das mulheres.
2Graduanda em Licenciatura em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Email: amanda_corteez@hotmail.com
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