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A DEPRESSÃO E O ESTIGMA

Por:   •  29/10/2019  •  Trabalho acadêmico  •  891 Palavras (4 Páginas)  •  137 Visualizações

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DEPRESSÃO E O ESTIGMA

A depressão é um fenômeno que tem ganhado notoriedade por sua crescente incidência em todo o mundo de acordo com o relatório sobre a saúde do mundo, da Organização Mundial de Saúde. Além disso, ela se tornou um dos principais motivos de incapacitação da população geral, foi calculado pelo ministério da saúde que em um dado momento da vida, entre 13% a 20% da população apresenta algum sintoma depressivo. E o custo agregado pro prejuízo ao trabalho é imenso (WANNMACHER, 2004).

 Ainda que a ênfase maior para o tratamento da depressão se encontre na linha psicológica e, principalmente, psicofarmacológica, dentro da visão biomédica predominante na contemporaneidade, pesquisas apontam o estigma como grande fonte de sofrimento na depressão (Moreira, 2007).

Atitudes de estigma perante o doente mental se encontram influenciadas por fatores como raça, cultura e crenças religiosas, cerca de dois terços de pessoas que sofrem de transtornos mentais não procuram ajuda em razão de fatores como o estigma, o que se constitui num problema tanto para os doentes mentais, como para seus familiares (LINK, 2001).

O estigma é entendido como uma situação onde o sujeito não se encontra habilitado para uma aceitação plena da sociedade; é uma marca diferencial de valor pejorativo, que inferioriza, sendo estabelecida a partir de critérios impostos arbitrariamente nas relações sociais cotidianas (GOFFMAN, 1988).

Uma pessoa com depressão pode ser estigmatizada de diversas formas como sentindo-se inferiorizada pelo estigma da loucura, tal como tradicionalmente estudado por Goffman (1988). Mas há ainda outras formas como pelo seu caráter "invisível", já que o ser depressivo não tem marcas no corpo que demonstrem a sua doença, podendo assim ser incompreendido pela sociedade, como se fosse uma decisão da própria pessoa, ou mesmo como se estar deprimido fosse ser preguiçoso, uma desculpa para não trabalhar, estudar, ou mesmo sair da cama.

Como Goffman (1988) explica esse ser pode demostrar evidencias que o torna diferente dos outros, ele não pode ser incluído em determinados grupos ou mesmo aceito na sociedade, pelo contrario podendo ser considerado uma pessoa “estragada”, inadequada, impossível de ser considerada uma criatura comum perante a todos, sendo por muitas vezes considerado incapaz de produzir algo, ou ser útil. Constituindo assim, uma discrepância entre a identidade social real e a virtual do indivíduo, levando-nos a classificar essas pessoas em determinada classe.

 Mas é importante lembrar que essas características é dada para se confirmar a normalidade do outro, ou seja, essas características não devem ser motivos de vergonha, como a depressão que o primeiro passo para a cura é a aceitação da doença e na maioria das vezes o estigma impede essas pessoas de aceitar a sua real situação, porque a sociedade não aceita esse ser desviante. E tentam traze-los para a normalidade, sem acreditar que é uma doença que deve ser tratada e acompanhada por especialistas como qualquer outra enfermidade, e fazem os depressivos acreditarem que o problema deles não são reais, dificultando a cura.

Essas atitudes ocorrem em grande maioria por que aqueles que convivem com os depressivos não possuem conhecimento fundamentado e correto sobre este problema, quando elas se informam tendem a ser menos preconceituosas e mais compreensivas ajudando o doente mental de forma mais adequada e assim reduzindo os estigmas. Um maior nível de informação sobre a patologia da depressão provavelmente contribuiria para a diminuição da incompreensão, que passam a sofrer não apenas pela doença, mas pelo fato de não se sentirem compreendidos (KURIHARA,2000).

É importante lembrar que pessoas acometidas por depressão têm maior risco de suicídio. Sendo maior na vigência da doença e de comorbidades. E menor quando a doença é tratada ou está em remissão. Assim, a detecção e o tratamento adequado de pessoas acometidas por transtornos mentais, notadamente depressão, a partir do atendimento em serviços gerais de saúde parece ser a forma mais efetiva de prevenir o suicídio (BERTOLOTE, 2004). Infelizmente muitas pessoas acabam não assumindo o tratamento por medo de ser estigmatizado.

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