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A FICÇÃO X REALIDADE

Por:   •  25/11/2022  •  Dissertação  •  1.022 Palavras (5 Páginas)  •  86 Visualizações

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INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA

PSICOLOGIA APLICADA AO TRABALHO

ALUNO: ÍCARO SANTANA FERNANDES SOUSA

- Relação entre o texto “Cinco lições da psicanálise”, a concepção Freudiana de “repressão” e uma situação experimentada pelo sujeito que aqui vos fala

O texto “Cinco lições da psicanálise”, pode ser entendido como um postulado que reúne uma exposição sistemática de algumas teorias de Sigmund Freud, apresentadas em palestras ministradas por ele durante um evento comemorativo em uma universidade localizada nos Estados Unidos da América. Apesar da inicial resistência oferecida pela comunidade científica da época, Freud assistiu, com o passar dos anos, o triunfo gradual e seguro de seus princípios. Conforme escrito no texto citado: “Eles conquistam paulatinamente o lugar que lhes cabe na ciência dos fenômenos espirituais e se vão tornando aceitos pelos mais legítimos representantes da psiquiatria moderna. Existe, na verdade, quem insista em rejeitar as consequências teóricas da psicanálise sem lhe conhecer sequer os métodos. Mas aos poucos irão chegando os últimos retardatários. “Quem sabe esperar não necessita fazer concessões”.

Dito isso, o neurologista austríaco apresenta, na segunda lição, a concepção daquilo que ele denominou como “repressão”. Tal conceito pode ser percebido na seguinte afirmação: “...“as mesmas forças que hoje, como resistência, se opõem a que o esquecido volte à consciência deveriam ser as que antes tinham agido, expulsando da consciência os acidentes patogênicos correspondentes. A esse processo por mim formulado, dei o nome de ‘repressão’ e julguei-o demonstrado pela presença inegável da resistência”. Ainda segundo o psicanalista, a incompatibilidade entre a idéia e o ego do doente, seria, portanto, o motivo da repressão; as aspirações individuais, éticas e outras, eram as forças repressivas. Logo, a repressão evitava o desprazer, revelando-se desse modo um meio de proteção da personalidade psíquica. Com o intuito de evitar o desprazer, a ideia é, portanto, excretada da consciência.

Nesse horizonte, apresento uma experiência que passei no ano de 2010, envolvendo um caso de aparente repressão. Inicialmente, devo relatar que, apesar de, tempos depois, ter feito alguns meses de psicoterapia, somente agora, após ler o texto, consigo ter clareza do que significa a repressão da consciência e de que maneira a mesma atua no inconsciente humano. Nas sessões de terapia, as quais iniciei por volta de 2014/2015 – tinha por volta de 11/12 anos - costumava falar muito sobre a minha família, uma vez que iniciei o tratamento após a caótica separação dos meus pais. De alguma maneira e com as ferramentas que tinha, teci algumas críticas sobre como a maneira que a minha família materna era estruturada me afetava e como os princípios pelos quais eram orientados me incomodava. Sempre fui muito específico nas sessões e, por não gostar de hipocrisia e moralismo, costumava direcionar as minhas desaprovações. Tenho, na família materna, uma tia e um tio que são, portanto, irmãos da minha mãe. Em algum momento, conforme o tratamento avançava, a psicoterapeuta que, por sinal, atuava na linha psicanalista, percebeu a minha dificuldade em falar da minha tia. Evitava sempre, até porque nunca tivemos uma relação legal. Apesar dessa percepção, essa dificuldade só viria a ser entendida alguns anos depois, quando decidi, com a minha mãe, fazer terapia juntos. Devo confessar que o tratamento fez a gente ter uma relação mãe-filho melhor, uma vez que algumas reflexões foram importantes no sentido de entender nossas diferenças. Em algumas das sessões, voltei a falar das impressões negativas que tinha a respeito da família materna e de como aquilo fora algo que, com o passar dos anos, me fez selecionar a dedo as pessoas com as quais ainda gostaria de ter algum tipo de contato. Lembro que, falando da minha tia e justificando a nossa frágil, insegura e difícil relação, minha mãe me interrompeu e contou um importante fato que aconteceu exatamente quando eu tinha sete anos de idade, em 2010. Meus pais estavam viajando e, quando isso acontecia, costumava ficar com a minha tia. Após uma discussão, ela me trancou em um dos cômodos e, de maneira até perversa – considerando a idade que eu tinha na época -, começou a inventar que meus pais tinham me abandonado e coisas dessa natureza. (Saliento que, apesar de reconhecer o fato, não me lembro exatamente dos detalhes do ocorrido e alguns relatos aqui estão sendo feitos com base naquilo que minha mãe contou). Cortei ela com uma navalha em uma profundidade consideravelmente grande na região do bíceps e a mesma precisou passar por algumas cirurgias para evitar perder o braço. A família, segundo a minha mãe, ficou muito abalada. Ainda não entendo de que maneira essa lembrança foi reprimida. O fato é que, até 2019 – quando eu e minha mãe começamos a fazer a terapia juntos -, eu não reconhecia a autoria da cicatriz que ficou. Achava que estavam brincando comigo. Não me lembrava e, sendo assim, não achei que teria feito algo tão sério quanto aquilo. Conforme o tratamento avançou, a psicoterapeuta identificou que, talvez, fosse um caso em que eu estava evitando o desprazer e, portanto, reprimindo a lembrança. Ainda não sei exatamente como, mas as sessões foram tão eficientes que acabei me lembrando de cenas que condiziam com o que tinha sido tido. Lembrei da bancada na qual a navalha estava posta, da cena da minha tia sendo levada ao hospital e alguns outros detalhes do cenário. Talvez não lembre de muita coisa por causa da idade também, visto que eu era muito novo. Entretanto, reconheci, a partir dessa lembrança, que realmente a cortei. Reconhecer isso trouxe alguns sentimentos estranhos, mas que, com o tempo, foram desaparecendo.

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