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A Onda, Sociologia

Por:   •  24/11/2017  •  Resenha  •  1.366 Palavras (6 Páginas)  •  242 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE

GRADUAÇÃO EM BACHALERADO EM ADMINISTRAÇÃO

Alanna Gabriele dos Santos Oliveira

Diego Moisés Cunha Martins

Giselle Thays Holanda Rodrigues do Nascimento

Thiago Silva Cavalcanti do Carmo

ANÁLISE SOCIOLÓGICA DO FILME: A onda.

RECIFE – PE

2017

Análise Sociológica do Filme “A onda”

 No filme “A onda” o professor tem a ideia de realizar um experimento para explicar aos alunos o que é autocracia, perguntando aos alunos se ainda é possível esse tipo de regime na Alemanha. Inicialmente ninguém tinha interesse nesse tipo de assunto, o professor queria ministrar aulas sobre anarquia e os alunos apenas se matricularam no curso porque a outra opção era ministrada por um professor sem muito carisma. Algo quando é visto de forma muito abstrata não é dada tanta atenção, no entanto quando se vê que a aplicabilidade daquele conceito ou ensinamento gera efeitos “bons” e “concretos”, a atenção e a dedicação são crescentes e evoluem de forma satisfatória.  No início desse experimento, o professor só queria demonstrar na prática para os alunos o poder de interação entre os membros de um grupo, queriam que eles se unissem e trabalhassem em equipe. Nesse momento o essencial era mostrar para os alunos como era importante eles aparentarem ser unidos, serem uma unidade, iniciando uma busca constante pela uniformidade em todos os aspectos, algo muito parecido com um mini exército, onde as vestes são iguais, há saudação igual e muito particular entre os membros, e há o mais importante, o espírito de corpo. Uma cena do filme chama muita atenção, que é quando eles começam a fazer algo muito parecido com uma “marcha” no mesmo lugar, cadenciando os passos sem se deslocarem, apenas entrando em sincronia sob o comando de alguém superior, muito semelhante ao que no Exército é chamado de “ordem unida”. No entanto, com o passar do tempo, os alunos introduziram essas atitudes de tal forma que começaram a agir como se fizessem parte do grupo até fora da escola, utilizando isso como estilo de vida e começaram a ter atitudes que passaram dos limites.

No grupo A onda, existia a interação entre os membros devido a um objetivo em comum, sentiam-se diferentes em relação aos demais e tratavam os que não os aceitavam e que não participavam do seu grupo de forma agressiva. Não aceitavam as opiniões que fossem de encontro aos seus ideais e objetivos, que ferissem aquilo que eles acreditavam.  O professor propôs aos alunos um experimento com viés fascistas e de ditaduras, onde os ideias deles eram tidos como verdade absoluta, e não aceitavam aqueles que fossem contra seus ideais e existia um líder central que os guiavam.

À medida que o tempo foi passando, o grupo foi ganhando homogeneidade, compartilhando crenças e valores, existia uma saudação e uniforme que os membros tinham que usar, a dependência causada por esse grupo estava tão grande que os participantes do mesmo não se enxergavam sem ele, deixaram de pensar por si só e começaram a seguir um líder, era algo que já estava introduzida na vida deles, para alguns estava mais introduzido, para outros um pouco menos. Destaca-se que conforme um experimento realizado pelo psicólogo social Stanley Milgram, que comprova  que estruturas de autoridade tendem a tornar as pessoas obedientes e lacônicas, pois temem ser ridicularizadas, perderem o respeito e até mesmo serem punidas. Milgram atesta que é comum tornar – se omisso com atos abomináveis ou até mesmo obedientes severos daqueles que detêm o poder.

O processo de socialização na qual se estava formando ali tinha como base os padrões ditados pelo professor que por algum desleixo não enxergou que ali eram adolescentes que estavam com ideologias em formação, suscetíveis a qualquer tipo de manipulação, onde ali os alunos acabavam de se tornar crianças e o professor sua “mãe” e os mesmos praticando o Mead (tomar atitudes do outro), ou seja, seguindo os passos do qual seu “superior” ordenava e a partir dessa manipulação muitos se tornaram obsecados pelo o que seria A Onda. A evolução do entrosamento entre os alunos era cada vez mais intensa, ao ponto de quem agisse diferente e não se adequasse às regras se sentia estranho e até excluído do grupo. Nesse aspecto, as pessoas fazem o que for necessário para se sentirem pertencentes do grupo.

A maioria das pessoas que estão inseridas no grupo normalmente não enxerga que estão exagerando, mas houve um rapaz que começou a perceber que as atitudes dos seus companheiros estavam agressivas e não estavam coerentes com as atitudes de uma sociedade democrática. Por outro lado, para outros, como o rapaz que cometeu suicídio, o grupo estava introduzido de tal forma na sua vida que ele já não conseguia se imaginar sem ele. Quando o professor informou o fim do grupo, ele entrou em desespero ao ponto de cometer suicídio.

Quando se trata de suicídio, é normal que se pense no estado mental do indivíduo, e não no estado social. É normal que se analise a vida daquela pessoa, e não se dê tanta importância à forma de como determinada pessoa enxergava o mundo, ou as circunstâncias e os elos sociais em que vivia. É incontestável de que existem padrões de relações sociais que estimulam ações tão extremas e reprováveis, como a de tirar a própria vida. Nessa perspectiva, Durkheim fala que tal o suicídio é fortemente influenciado por forças sociais. Enquanto a solidariedade social estava assegurada, no que diz respeito ao alto grau de compartilhamento de crenças e valores entre os membros do grupo, enquanto eles estavam interagindo frequentemente e intensamente, isso fazia com que existisse um maior grau de solidariedade social. Desta forma, quanto maior o grau de solidariedade social mais firmemente ancorados no mundo social estão os indivíduos e será menor a probabilidade deles cometerem suicídio. No caso de “A onda”, o rapaz não estava mais ancorado em seu grupo e com a primeira adversidade que surgiu, o fim do grupo, ele cometeu suicídio. Ratificando assim, que o suicídio é inversamente proporcional ao grau de integração e união entre os indivíduos de uma comunidade social.

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