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A Sociologia Organizacional

Por:   •  11/12/2018  •  Seminário  •  2.655 Palavras (11 Páginas)  •  239 Visualizações

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Curitiba, 09 de Junho de 2016

Faculdade de Educação Superior do Paraná

Aluno: Vinícius Antônio S. Ribeiro Mat. 255790

Atividade 6 – Sociologia Organizacional

1) Bourdieu desenvolve uma proposição teórica específica para fundamentar suas pesquisas, apropriando-se e redefinindo algumas contribuições de três grandes sociólogos: Marx, Weber e Durkheim. Comente as principais contribuições desses autores no desenvolvimento da teoria de Bourdieu.

Bourdieu desenvolve uma proposição teórica específica para fundamentar suas pesquisas, apropriando-se e redefinindo algumas contribuições de três grandes sociólogos: Marx, Weber e Durkheim.

De acordo com Bonnewitz (2003) as relações entre Bourdieu e o marxismo não são simples de descrever. De Marx há a forte influência do paradigma da dominação das relações de força e conflitos sociais daí gerados. No entanto, conforme Gonçalves e Gonçalves (2010) e Bonnewitz (2003), Bourdieu estabelece rupturas e questionamentos quanto à tradição marxista. Valle (2007, p.123) destaca queanálises marxistas vêem o mundo social como um espaço unidimensional, onde tudo é orientado e conduzido, direta ou indiretamente, em função do modo de produção econômica e das contradições dele geradas. Para Bourdieu, o mundo social é um espaço multidimensional, que não pode ser reduzido a um determinismo econômico de classe, pois se apresenta diferenciado em campos relativamente autônomos, no interior dos quais os indivíduos ocupam posições determinadas.

Apesar das críticas, há uma familiaridade entre a sociologia de Bourdieu e o marxismo. Ambos pensam a ordem social por meio do paradigma da dominação, ou seja, não é possível ter acesso a uma compreensão clara do espaço social sem evidenciar os antagonismos de classe, no qual a realidade social é um conjunto de relações de forças entre classes historicamente em lutas umas com as outras. Além disto, a sociologia de Bourdieu também tem uma vocação crítica e, consequentemente, um uso político (BONNEWITZ, 2003).

Segundo Gonçalves e Gonçalves (2010) a partir das críticas à Marx, e visando superar seu limite analítico, Bourdieu utiliza de Weber as noções de representação1 e de legitimidade2 . Para os autores, essas noções de Weber são aplicadas em Bourdieu para a compreensão dos mecanismos de dominação e de seu processo de produção, transmissão e manutenção na sociedade.

Já no que diz respeito à Durkheim, conforme Gonçalves e Gonçalves (2010), Bourdieu retoma a discussão e defesa da constituição da Sociologia como ciência, buscando identificar as “leis objetivas” que orientam a realidade social e atribuindo uma explicação e ordem ao aparente caos da sociedade. Bourdieu, então, também compartilha da vontade de Durkheim de detectar regularidades, mais do que leis, no entanto, “evitando a armadilha do positivismo absoluto e do universalismo atemporal” (BONNEWITZ, 2003, p. 26).

Em seu livro Coisas Ditas, Bourdieu (2004, p.41) discorre sobre as contribuições desses autores da seguinte forma: “De minha parte, mantenho com os autores uma relação muito pragmática: recorro a eles como “companheiros” [grifo do autor], no sentido da tradição artesanal, como alguém a quem se pode pedir uma mão nas situações difíceis”, ou seja, apesar das críticas feitas a cada um desses autores, Bourdieu aproveita o que de melhor cada um tem a contribuir sob o seu ponto de vista.

2) Em sua teoria, Bourdieu desenvolve diversas críticas tanto epistemológicas, quanto metodológicas. Diferencie a abordagem objetivista/positivista da abordagem subjetivista, identificando a principal crítica do autor a respeito dessas abordagens em relação à realidade social.

Para Misoczky (2011) uma das maiores dificuldades no entendimento das formulações de Bourdieu é o fato de que o autor articula duas tradições epistemológicas opostas: o positivismo e a hermenêutica. Segundo a autora, entre os obstáculos a serem superados no caminho de uma ciência da sociedade se encontrava a oposição entre duas dimensões teóricas aparentemente contrárias: objetivismo e subjetivismo.

Enquanto que na perspectiva objetivista predomina a concepção de que a realidade social se constitui de conjuntos de relações e forças que se impõem aos agentes, para as abordagens predominantemente subjetivistas a realidade social é o agregado de inumeráveis atos de interpretação por meio dos quais as pessoas, em conjunto, constroem linhas significativas de ação (MISOCZKY, 2011). Desse modo, o mundo social seria passível de duas leituras aparentemente contraditórias: uma estruturalista e outra construtivista.

O objetivismo considera que “os fatos falam por si mesmos” e reflete o empirismo, ou seja, a única tarefa do sociólogo é registrar passivamente os fatos. Sob esse ponto de vista, procuram-se sistematicamente as leis objetivas que governam arealidade social, como há leis que governam a realidade física. A noção de objetividade é entendida, então, como o caráter de toda a realidade independente da ideia, da representação, da consciência subjetiva que os sujeitos têm dela. Os procedimentos desta forma são determinados pelas ciências naturais ou físicas. Tais procedimentos consistiriam em procurar leis objetivas que governam todos os comportamentos humanos, independentemente dos sujeitos e de suas representações, ou seja, insisti-se nos determinismos que pesam, de fora, sobre os sujeitos (BONNEWITZ, 2003).

Já o subjetivismo é a tendência a privilegiar o individual e a centrar a análise sobre o sujeito, principalmente sobre sua personalidade, definida como um conjunto singular de dons, vícios ou virtudes, qualidades ou defeitos. O subjetivismo na sociologia se traduz pelas teorias individualistas que insistem sempre na noção de liberdade do sujeito, indicando com isso, que o sujeito está livre de qualquer determinação (BONNEWITZ, 2003).

3) Explique o conhecimento praxiológico.

Conforme demonstra Misoczky (2011), Bourdieu defende que a oposição entre  objetivismo e subjetivismo é artificial e mutiladora (WACQUANT, 2006). É a partir de sua abordagem metodológica denominada conhecimento praxiológico que Pierre Bourdieu busca superar este dilema clássico do pensamento sociológico (VALLE, 2007). O conhecimento praxiológico não se restringiria a identificar as estruturas objetivas externas aos indivíduos, tal como o faz o objetivismo, mas buscaria investigar como essas estruturas encontram-se interiorizadas nos sujeitos constituindo um conjunto estável de disposições estruturadas que, por sua vez, estruturam as práticas e as representações das práticas.

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