A Sociologia da Sociologia
Por: Suewellin Braga • 6/11/2018 • Resenha • 1.518 Palavras (7 Páginas) • 151 Visualizações
O capítulo 1 traz três problemáticas entorno da produção sociológica brasileira pós 1945. Ele fala primeiramente da crise de transição que a sociedade passa com a mudança do capitalismo agrário para o capitalismo industrial. Também vai falar da reinterpretação da história social do país, onde ele vai mostrar as mudanças significativas que houve na questão estrutural. E em sequência vai abordar a revolução burguesa (também chamada de revolução brasileira por uns), que mostra a ascensão da burguesia industrial diante das mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais no país. No entanto, o foco permanece na crise de transição, talvez porque a crise está diretamente ligada como causa nos outros dois núcleos principais. A ideia principal é ter a compreensão da produção sociológica como parte da produção intelectual do país, e nesse quesito, o autor menciona não se limitar somente a produções sociológicas, mas também fazer uma conexão com obras de história, economia política, antropologia e ciência política.
O clima intelectual no país naquela época pode ser dividido em dois subperíodos, que no caso são: os anos de 1945 até 1964 e o outro de 1964 até 1974. Com a queda do Estado Novo em 45, a vida tanto cultural quanto universitária no Brasil adquiriu certas aberturas importantes pra se desenvolver, entretanto em 64, acontece uma mudança drástica nesse mesmo âmbito cultural e universitário criado pós 45, ou seja, certos temas e debates passam a ser proibidos com o golpe de estado que se instalou em 64, e esse clima cultural passa a ser intimidado. Passam a banir certas ideias, livros e intelectuais da época, e impõem uma invisibilidade generalizada na produção tanto cientifica como artística no Brasil. Sendo assim, a sociologia sofre uma ruptura junto com a economia política. Uma parte de ambas é rejeitada como forma de pensamento crítico e a outra parte é valorizada pelos governantes como forma de pensamento tecnocrático. No decorrer desses anos e desse contexto histórico cultural, a base de temas e controvérsias da produção sociológica no Brasil é formada.
A crise de transição da sociedade é um dos problemas constantes abordado pela produção sociológica brasileira, “todos os principais trabalhos produzidos pela sociologia brasileira nesses anos são uma contribuição para a análise da crise de transição para uma sociedade na qual o capital e a burguesia industriais acabaram por conquistar a hegemonia econômica e política, impondo o seu mando e a sua maneira de ver sobre as outras classes sociais”. Essa crise de transição foi diretamente influenciada pelas guerras mundiais e pela crise econômica mundial que teve início em 1929 com a Grande Depressão nos EUA. Nessa época onde a industrialização do país está ocorrendo, é consolidado também a supremacia da burguesia e do capital, e as classes sociais no Brasil também passam por mudanças, como por exemplo: a classe assalariada cresce e é diversificada; as burguesias industrial, financeira, comercial e agrária criam vínculo entre si; o proletariado urbano se torna uma força política importante. O capitalismo industrial é constituído, nessa época, como um capitalismo tanto dependente quanto monopolista e o Estado possui papel importante como: proteger e estimular a acumulação do capital privado nacional e estrangeiro; controlar e subordinar as organizações sindicais e os partidos políticos de base operária; dentre outros.
Sobre a revolução burguesa, temos que ter em mente que até a década de 30, a burguesia agrária que possuía o poder político, com um regime do tipo oligárquico, onde os negócios do Estado seguiam de acordo com os interesses daquela burguesia. Entretanto, pós década de 30, a burguesia industrial, de forma devagar, conseguiu se impor as outras classes. A maioria dos sociólogos brasileiros trabalhavam com o modelo de revolução burguesa da França, entretanto por trabalharem com esse modelo, deixavam transparecer a impressão de que a revolução burguesa no Brasil estava sendo medíocre. O autor afirma que “A partir dos desafios gerados com o intento de explicar a época, as fases, o andamento e as direções da revolução burguesa no Brasil, os interessados na questão tem realizado discussões sobre as relações entre o poder político e o desenvolvimento econômico”, ou seja, essa preocupação com o poder político e o desenvolvimento econômico trouxe variados modelos políticos como: desenvolvimentista, nacionalista, neoliberal, dentre outros. Todos com uma base bastante ideológica, com uma proposta de diretriz para ação política, porém lidando de modo superficial e sistemático com as classes sociais que estão envolvidas nesse meio das relações político-econômicas. As classes que tem mais destaques nas obras da época são: elite, massa, povo, burocracia, tecnocracia e outros.
Para aprofundar o que se conhecia dessa mudança que acontecia na sociedade brasileira, a sociologia passou a estudar as relações de produção, e procurava saber em que condições se realizava e modificava o trabalho social, seja na fábrica ou na fazenda, na vila ou na metrópole. No decorrer do século XX, essas relações de produção seguem as formas capitalistas mais próximas daquelas impostas por esse mercado capitalista. Foi nessa época também que foi criado a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), depois de muitas greves e lutas por direitos, que definia a relação de produção como uma forma de superação daqueles valores e padrões da época da escravatura.
Quando passamos para o tópico Modalidade de consciência social, o autor mostra a existência de dois tipos de sociologia. Aquela sociologia de cunho técnico, que é direcionada aos problemas atuais e imediatos, e a sociologia crítica que mostra os níveis e as várias faces das relações, processos e estruturas sociais, mostrando também as várias perspectivas das categorias sociais envolvidas. O sociólogo busca estudar diferentes aspectos da consciência social de vários grupos e classes sociais, e nesse estudo pode ser visto algumas modalidades de consciência social, como as representações religiosas, que é o núcleo mais consistente dentre essas modalidades, pois é a partir dessa representação religiosa que ele organiza o que se pode entender de sociedade e do poder dos homens, tanto quanto de sociedade e poder dos santos, anjos e etc. Também existe a modalidade das ideologias raciais, e nessa modalidade, por exemplo, mostra que o operário negro sabe que, na visão do burguês, para ser considerado de forma igual a um operário branco, ele tem que ser melhor do que ele.
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