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Atividade Colaborativa

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Por:   •  26/3/2015  •  1.309 Palavras (6 Páginas)  •  258 Visualizações

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Introdução

Com destaque para a síntese do pensamento dos teóricos das vertentes de pensamento integrados e apocalípticas, construída por Humberto Eco, (1987). Os seriados norte-americanos são um exemplo de formato de produtos que são disponibilizados na indústria cultural. Este artigo propõe a analise de um episodio da série Dr. House agregado a outros aspectos da indústria cultural para problematizar a percepção da cultura de massa, sobre o maniqueísmo das argumentações teóricas apocalípticas e integrados, conforme síntese de Eco (1987).

Análise crítica do programa

Muitos teóricos se debruçaram no debate sobre a indústria cultural e a cultura de massa, emitindo teses sobre diversificados aspectos referentes ao impacto, interesses, organização, conflitos, vinculações e entre outros referenciais pertinentes ao entendimento desta que é uma das mais importantes áreas da sociedade contemporânea.

Entre as contribuições, se destaca o livro: Apocalípticos e Integrados produzido por Humberto Eco (1987), apresentando a abordagem maniqueísta utilizada por muitos teóricos na analise da indústria cultural. Por se tratar de assunto denso e diverso, propõem-se ater à algumas diretrizes propostas no livro de Eco, sem um maior aprofundamento dos demais teóricos, inclusive os que deram subsidio para a obra abordada.

Na escolha de um produto cultural para analise de alguns aspectos da argumentação sintática produzida por Eco, (1987), optou-se por analisar o episódio 01 da sexta temporada de Dr. House, série produzida pela FOX e uma das mais vista no mundo, veiculada no Brasil na Universal Channel e na Rede Record. O formato do seriado consiste na exibição de capítulos com aproximadamente 43 minutos de duração, podendo ser classificada como multi-gênero (drama médico, comédia).

Dr. House é um médico especialista em infectologia e nefrologia, chefe de um setor fictício de diagnósticos do hospital universitário também ficcional chamado Princeton-Plainsboro Teaching Hospital, na cidade de Princeton no estado de New Jersey, nos Estados Unidos.

Inspirado no detetive Sherlock Homes, o protagonista da série é reconhecido pelos seus diagnósticos salvadores, onde todos os outros médicos falharam na identificação da doença do paciente, além de seus tratamentos incomuns. Arrogante e cinico, o personagem é empoderado pelo conhecimento técnico científico, sendo apresentado muitas vezes acima do bem e do mal, através da utilização de métodos, muitas vezes ilegais e antiéticos para conseguir levantar dados para obtenção de seus diagnósticos. Contudo, o médico obtém legitimação de suas praticas através dos resultados obtidos, na lógica maquiavélica dos finsjustificam os meios.

Além disto, outras características marcantes do personagem são seu comportamento anti-social, seu mau humor, as atitudes autoritárias e até sádicas frente aos outros médicos subalternos, o ceticismo e o distanciamento dos pacientes, sendo inclusive utilizada a visita aos internados do Pronto de Socorro, como forma de punição infringida ao médico pelos seus superiores hierárquicos.

Outra característica central é o fato de House ser dependente químico do medicamento Vicodin, utilizado para controlar as dores pós-operatórias de sua perna direita, que o obriga a andar com uma bengala.

No episódio a ser analisado, o protagonista se interna voluntariamente em um hospital psiquiátrico, com o objetivo de tentar se desintoxicar do uso do medicamento do qual é viciado. Além disto, Dr. House vinha sofrendo de varias alucinações.

Após um pequeno e conturbado período, House se encaminha para a direção do hospital, anunciando a sua saída, independente do aval médico, devido à sua internação ser voluntaria. Porém, o médico responsável adverte que caso saísse do hospital antes do fim do tratamento, ele seria impedido de exercer profissionalmente à medicina, pois a sua licença dependeria de um aval da clinica psiquiátrica.

Neste contexto, o protagonista estava vitimado por práticas que ele mesmo utilizava, questionando inclusive, se chantagem era algum novo tipo de tratamento popular? Também é interessante ressaltar que, após identificar que o médico responsável era negro, House ironicamente questiona que este deveria ser contra a escravidão.

Ao ser transferido de setor conforme prescrição, o paciente House iniciauma seqüência de estratégias de deslegitimação do poder dos médicos, através do questionamento da autoridade. Primeiramente, ele começa a inconvenientemente diagnosticar os outros pacientes da sua ala nas sessões de terapia em grupo, utilizando seus conhecimentos para afetar as pessoas em tratamento. Os ataques têm o objetivo de forçar a sua liberação da internação, não mais voluntaria, mas compulsória, vinculada à possibilidade de voltar a exercer sua profissão.

Como exemplo, ele atormenta um paciente com síndrome de perseguição falando de satélites de espionagem da CIA, faz piadas com uma suicida perguntando para ela como se sentiu ao acordar no ambulatório e descobrir que era uma fracassada que nem conseguiu se matar, entre outros exemplos.

Além de não tomar os medicamentos prescritos, House se comporta deliberadamente em conflito com os papeis previamente definidos como o de uma pessoa na posição de paciente e de médico, sofrendo as sanções e complicações de seus atos. É estabelecida uma luta entre o personagem e a equipe médica, em uma ambígua relação de respeito e enfrentamento. O protagonista utiliza seus conhecimentos prévios para tecer uma rede de apoio a suas pretensões, cooptando seu companheiro de quarto como suporte de suas armações. Ele também se envolve afetivamente com uma mulher casada, visitante de outra interna.

Sua postura muda somente após outro paciente quase morrer ao tentar voar, ação devidamente incentivada pelo Dr. House, que após o ocorrido, inicia o tratamento adequado sendo finalmente liberado, sem não antes ocorrer uma nova inversão dos papeis, quando seu psiquiatra solicita ao Dr. Houseum diagnóstico referente ao estado terminal de seu pai.

Estes elementos são suficientes para problematizar as questões da indústria cultural, propostas pelo artigo.

Percebe-se que a cultura de massa, inegavelmente, articulada à indústria cultural, se constitui como uma importante referencia para a sociedade, inclusive na perspectiva de alargar o conhecimento disponibilizado através de seus produtos. Outro fator importante é perceber que a série não aborda o funcionamento do sistema de saúde Norte-Americano, estritamente vinculado ao poder aquisitivo dos pacientes, excluindo quem não possui recursos financeiros para arcar como custos do tratamento médico, podendo-se perceber que a argumentação da função social da mídia, como orientação política ideológica para manutenção do capitalismo tem validade, pois retira do universo dialógico realidade x ficção, um elemento social de primeira importância, no contexto do seriado, ou seja, a forma de econômica de financiamento dos tratamentos. O Brasil é o maior comprador de programação norte-americana da América Latina, seguido da Argentina e do México. Dados a Media Research & Consultancy Spain, em 1998, apresentam o número de US$ 652,9 milhões negativos na balança comercial da indústria audiovisual brasileira. Enquanto exportávamos anualmente US$ 37,0 milhões, importávamos US$ 689,9 milhões anuais. É uma proporção escandalosamente desigual e é também o tamanho da nossa dependência cultural. Assim, num país que é um dos maiores consumidores de audiovisual do mundo, temos, paradoxalmente, uma das produções menos diversificadas. (MENDES, 2006)

Percebe-se o protagonista é a anti-síntese do maniqueísmo, sendo difícil delimitar se o Dr. House é um bom ou um mau profissional, mais ainda se a avaliação for referente ao ser humano representado a partir da dualidade da questão da afirmação / confronto dos “costumes”, abordagem realizada pelas duas vertentes do pensamento sintetizado por Eco, (1987).

Conclusão

As séries de televisão são um produto cultural passível de ser problematizado no contexto proposto pelas linhas de pensamento sintetizado por Eco. House é um produto cultural que sintetiza a dualidade do debate entre teóricos integrados e apocalípticos, apresentando um referencial que também sintetiza a cultura de massa, pois seus aspectos apresentam elementos que podem ser referendados tanto em uma vertente do pensamento quanto em outra, denotando que a analise não pode ser reduzida apenas nestas duas maniqueístas posições.

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Referências Bibliográficas

CAMPANELLA, Bruno. Investindo no Big Brother Brasil: uma análise da economia política de um marco da indústria midiática brasileira. E-Compós, abr. 2007. Disponível em: <http://www2.eptic.com.br/sgw/data/bib/artigos/48617cf529faed2fc60672d1ecf0efe6.pdf>.

BERGER, Peter L. Perspectivas sociológicas: uma visão humanística; tradução de Donaldson M. Garschagen. Petrópolis, Vozes, 1986.

ECO, Umberto. Apocalípticos e Integrados. SP: Ed. Perspectiva, 1987.

MENDES, Berenice. Produção Independente, Defesa do Trabalho e da Livre Iniciativa, Revista MídiaComDemocracia/FNDC.

PENA, Felipe. Estética, pluralidade e cidadania nas tevês universitárias, 2001. Disponível em http://bocc.ubi.pt/pag/pena-felipe-tv-universitaria.html.

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