Avavavava
Exames: Avavavava. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: renatoserio • 9/3/2015 • 1.184 Palavras (5 Páginas) • 122 Visualizações
Tenho absoluta convicção de que os leitores, em algum momento de suas vidas, se confrontaram com a estranha sensação de se sentirem perdidos, psicologicamente desequilibrados mesmo, ao compararem fatos comezinhos completamente díspares ou mesmo paradoxais, quer da sua vida particular, da vida coletiva à sua volta ou mesmo entre tempos e épocas diferentes, consoante o conhecimento que se tem da História. Uma sensação de pesadelo ao vivo. Ou, se me faço entender, uma espécie de bipolaridade na velocidade da luz. Esperança e desilusão em segundos. Euforia e desanimo instantâneos.
E neste particular, a arte – em suas diversas manifestações – tem uma função importante e por vezes pedagógica quando nos aponta tais situações e nos faz refletir sobre elas. Como, por exemplo, descobrirmos que no mesmo instante em que uma jovem mãe dá à luz ao seu primeiro filho na cidade do Cabo, alguém perde a vida num desastre ferroviário no interior do México. Ou enquanto um grupo de juízes condena arbitrariamente cidadãos sem provas, um poeta escreve versos exaltando a liberdade.
No caso, nada que se assemelhe ao Efeito Borboleta ou teorias do gênero.
Há alguns dias tive uma sensação dessas. Foi durante a sessão do excepcional filme que vi (e recomendo) sobre o físico Stephen Hawking, A teoria de tudo. Um filme sobre o ser humano e não sobre fórmulas matemáticas na lousa que a maioria dos mortais não entende, porque antes dos números e dos teoremas está o homem.
Sabemos que o cinema, quando se trata de apresentar a vida de alguns seres humanos excepcionais pode se tornar redutor ou parcial na apresentação dos fatos históricos que o cercam ou, num outro extremo, exagerar na dose dos bons atributos do protagonista.
Não é o caso aqui: com um roteiro seguro na apresentação da ideia central e das peripécias que acontecem ao protagonista, A teoria de tudo é um filme encantador. Realista, mas com toques românticos e mesmo melodramáticos para os mais emotivos, a história é um belo exemplo da vontade de viver, da perseverança e do respeito entre seres humanos, sobretudo com aqueles que, sem tornar o ato de amor piegas ou o dissimulado fruto de uma crença religiosa qualquer, dedicam-se àquela das nossas virtudes mais esquecidas: a solidariedade.
Stephen Hawking, ainda estudante na Universidade de Cambridge, onde fazia seu mestrado, recebeu o diagnóstico de ser portador de esclerose lateral amiotrófica, doença incurável e responsável pela paralisia progressiva dos músculos do movimento e não só, podendo levar à morte em curto espaço temporal. Hawking, a quem o diagnóstico médico deu dois anos de vida quando estava com vinte e poucos anos de idade, vive até hoje. A biografia de Hawking pode ser fartamente encontrada na internet ou em livros.
O que importa aqui é chamar a atenção para uma singularidade, ou duas, se quiserem: o livro, escrito por sua primeira mulher, Jane Hawking, com carinho, mas sem concessões aos altos e baixos de uma personalidade acostumada a orgulhar-se de sua inteligência; e a fulgurante interpretação do ator Eddie Redmayne, merecidamente ganhador do Oscar de interpretação, numa das mais brilhantes atuações que vi nos últimos anos. Não só pela progressiva e bem cuidada construção física da doença, mas – sobretudo – pelas expressões faciais, dos olhos em particular, do ligeiro tremor dos lábios, que demonstram em fração de segundos a tristeza, a alegria, a dor, o amor, esses sentimentos que um close-up pode engrandecer ou mostrar a falta de talento de atores e atrizes.
Pois bem: em algumas dessas cenas passei pela tal bipolaridade na velocidade da luz, quando me perguntava: como é possível, por exemplo, existirem seres humanos com as qualidades de Stephen Hawking ou um atrasado mental como Paulo Roberto Costa? Qual é a química que forma neurônios em busca do avanço da ciência e da felicidade do homem e aquela que induz mentecaptos a dilapidarem o patrimônio público de um país em proveito próprio? Ingenuidade do autor nos tempos que correm? Disparate?
Pior ainda: qual a razão política, cultural, psicológica, sociológica – seja ela qual for para aqui chamada – que submete um país como o Brasil contemporâneo a um tratamento de choque moralista, anticorrupção, protofascista, justamente por parte daqueles que a praticam vinte quatro horas por dia?
Ou como alguns juízes da mais alta corte de justiça do país, atropelando
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