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CASO CONCRETO 09

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Por:   •  13/6/2013  •  1.389 Palavras (6 Páginas)  •  424 Visualizações

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Questão discursiva: Leia o texto abaixo e responda as perguntas apresentadas: Coronelismo , enxada e voto “E assim nos parece este aspecto importantíssimo do ‘coronelismo’, que é o sistema de reciprocidade: de um lado, os chefes municipais e os ‘coronéis’, que conduzem magotes de eleitores como quem toca tropa de burros; de outro, a situação política dominante no Estado, que dispõe do erário, dos empregos, dos favores e da força policial, que possui, em suma, o cofre das graças e o poder da desgraça. É claro, portanto, que os dois aspectos – o prestígio próprio dos ‘coronéis’ e o prestígio de empréstimo que o poder público lhes outorga – são mutuamente dependentes e funcionam ao mesmo tempo como determinantes e determinados. Sem a licença do ‘coronel’ – firmada na estrutura agrária do país –, o governo não se sentiria obrigado a um tratamento de reciprocidade, e sem essa reciprocidade a liderança do ‘coronel’ ficaria sensivelmente diminuída”. Fonte: LEAL, V. N., Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: Alfa-Omega, 1986, 5ª ed., p. 43. 1- Weber, em sua perspectiva teórica sobre dominação, estabelece três tipos puros. Identifique e justifique o tipo de dominação presente no texto. 2- Pode-se afirmar, na perspectiva weberiana, que o patrimonialismo é um entrave à modernidade? Justifique.

O termo “coronel” vem da extinta guarda nacional imperial, que lutou nas guerras do Prata, do Uruguai e do Paraguai entre os anos de 1851 e 1870, tendo tornado-se meramente decorativo depois disso e abolido na República Velha. No Império cada município possuía um regimento da guarda nacional, o posto de “coronel” era ao chefe político deste município, que normalmente era o mais rico comerciante, industrial ou fazendeiro. O termo é, nos dias da publicação, ainda utilizado para identificar aqueles que mandavam na política local.

Podemos entender a influência social desses “coronéis” fazendo referencia à estrutura agrária do país. O poder desses fazendeiros e a sua importância para o poder público se dão pela forma de representação proporcional e a então recente ampliação do sufrágio.

O Coronel exerce uma ampla jurisdição e poderes de polícia sobre seus dependentes. A sua qualidade de proprietário rural faz com que ele seja considerado rico por esse povo sertanejo, justamente por ter acesso à educação, boa alimentação, saneamento básico e outros “luxos” que não chegam às camadas populares do campo.

Na categoria membros da família, a grande maioria são membros das famílias e colaboradores dos autônomos.

As despesas eleitorais são muito grandes no interior, onde o eleitor tem que sair da fazenda e depositar a cédula na sede do município. Com a falta de dinheiro do sertanejo, quem faz

esse trabalho é o “coronel”, oferecendo roupas, transporte, documentos e alojamento, também ficando responsável pela despesa de alistamento eleitoral. Cabe aqui ressaltar que essas despesas eleitorais de toda ordem normalmente são pagas pelo dinheiro público.

Entretanto, o autor aponta que nas eleições de 1945 e 47 houve uma redução no voto de cabresto, identificando algumas traições, o que alguns atribuíam à propaganda no rádio. Outro fator importante para diminuir a dependência em relação ao proprietário da terra nesses anos foi o inicio do êxodo rural, devido à maior facilidade de arrumar empregos na zona urbana.

A falta de ideal político era apontada pelos perdedores de eleições municipais como um empecilho a democracia no país, mas esse ceticismo era abandonado tão logo os votos do “coronel” possam ajudá-los na próxima eleição. A literatura política voltada aos partidos criticava a falta de ideal político dos “coronéis”, indicando que tinham uma

“mentalidade estreita, confinada ao município, onde os interesses de sua facção se sobrepõem aos da pátria, seu descaso pelas qualidades ou defeitos dos candidatos às eleições estaduais e federais”. O autor afirma que este não é um problema pessoal “ele está profundamente vinculado à nossa estrutura econômica e social”.

Outra face do “coronelismo” são os favores pessoais, que reflete na desorganização administrativa municipal, haja vista que entre esses favores estão as indicações

de amigos aos cargos públicos, principalmente nos períodos anteriores às eleições. Quando as posições estão tomadas dificilmente há troca de lados, a regra é honrar o compromisso da palavra.

A ausência do poder público, sobretudo no campo, contribui para o aumento do poder do “coronel”, já que é ele que faz às vezes desse poder. A falta de alcance dos partidos ao trabalhador faz com que o “coronel” seja o mandatário desses votos. Mas mesmo sabendo da sua importância para os políticos estaduais, ele mantém boas relações, relações de reciprocidade com o poder público, outro importante aspecto do

“coronelismo”. Essa reciprocidade explica-se pelo fato de um lado precisar do outro. Os chefes municipais e “coronéis” oferecem os votos e os políticos estaduais aparecem com empregos, favores e tudo que o aparato público estadual pode oferecer. Se o “coronel” não tivesse os votos, o governo não precisaria prestar favores, e se o governo não retribui

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