Dependencia Cultural
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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
CURSO DE HABILITAÇÃO EM JORNALISMO
DISCIPLINA DE TEORIAS DA COMUNICAÇÃO
DEPENDÊNCIA CULTURAL
JULIO CESAR MARQUES
MARIA LUISA SANTIAGO
MARIA REGINA JARDIM
PROFESSOR: DARIO BRITO
RECIFE, 01 DE NOVEMBRO DE 2012
INTRODUÇÃO
Numa política de proteção ao continente americano contra a colonização europeia, o então presidente dos EUA, James Monroe, em 1823, proferiu um discurso de adoção da Doutrina Monroe, em que a América como um todo seria defendida dos interesses europeus de exploração.
Na realidade, houve, sim, uma defesa americana em relação à ameaça europeia, porém exclusivamente para atender aos interesses estadunidenses de assumir o poder sobre o continente, sobretudo a América Latina.
Com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, deu-se a Grande Depressão e a doutrina Monroe já não era tão eficaz. Os americanos tiveram que adotar novas táticas de domínio, menos agressivas e mais sutis. Os Estados Unidos, agora, precisavam “limpar” sua reputação diante a comunidade internacional e consolidar sua influência política sobre os demais países americanos.
Em 1932, o presidente Franklin Roosevelt foi eleito e lançou a Política da Boa Vizinhança, acabando com a intervenção armada americana nos países latino-americanos e propondo uma nova forma de domínio: o domínio cultural. Assim, foram importados em grandes escala, nos países da América Latina, filmes hollywoodianos, o “mundo mágico” da Disney, música estunidense (como o jazz e o rock – influenciando fortemente movimentos brasileiros como Tropicália e Bossa Nova), literatura, fotografia, gírias, novos produtos alimentícios (coca-cola, chiclets, etc), enfim, um novo estilo de vida e comportamento. Os EUA contaram com o apoio da elite dos países “invadidos” culturalmente através de acordos comerciais e planos de cooperação internacional.
Essa penetração estadunidense modificou consideravelmente a produção cultural dos países americanos e garantiu sua hegemonia e presença em todo o continente.
A esse tipo de domínio, denominou-se Imperialismo Cultural. Os países latino-americanos absorveram a cultura estadunidense de maneira voraz e mudaram vários hábitos por causa disso. Ocorreu essa grande troca desigual de produções culturais, implicando a transferência da realidade norte-americana para os países ao sul, os quais possuem realidades completamente distintas. Isso provocou uma grande alienação das pessoas em relação à situação em que se encontravam em seus próprios países, algo como uma negação de sua própria nacionalidade.
OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E O IMPERIALISMO CULTURAL
No âmbito comunicacional, é indiscutível o papel da mídia nesse tipo de tentativa de dominação. Paralelamente ao poder econômico e político de um país, encontra-se o poder de seus meios de comunicação. Os três fatores, um influenciando e dependendo do outro sempre.
Aqui na América Latina, os EUA difundiram sua ideologia por meio do rádio, inicialmente. O Repórter Esso era um instrumento de propagação de notícias relevantes apenas para os interesses norte-americanos. Com uma roupagem de jornalismo crítico, imparcial e objetivo, selecionava aquilo que deveria ser informado e o que deveria ser ignorado. Esse tipo de comportamento influenciou e influencia até hoje a forma como os meios de comunicação administram a forma e o que será noticiado.
Teóricos
Sempre que há uma nova “ordem mundial” vigorando, principalmente quando é política e social ao mesmo tempo, as analises sobre as consequências e ligações são feitas. E partindo de uma analise, teorias e artigos, Herbert Schiller, lança sua primeira obra em 1969, “Mass Comunications and American Empire”, que contém a elaboração da Teoria do Imperialismo Cultural Americano.
De acordo com Schiller, o período posterior à Segunda Guerra Mundial foi caracterizado pelo crescente domínio dos USA na arena internacional. Quando os impérios coloniais tradicionais do século XIX, o britânico e o francês servem de exemplo, começaram a entrar em declínio, foram sendo substituídos por um novo império americano emergente. O império americano emergente fundamenta-se em dois fatores: 1º) a força econômica, procedente principalmente das atividades das corporações internacionais ou multinacionais sediadas nos USA; e 2º) o know-how das comunicações que permitiram às organizações comerciais e militares americanas tomar a comissão de frente no desenvolvimento e no controle de novos sistemas eletrônicos de comunicação no mundo moderno.
O sistema americano de transmissão, fundamentalmente comercial dominado pelas grandes redes e financiado pelas receitas da publicidade, mostra como alguns dos mais importantes sistemas de comunicação foram completamente tomados e dominados por interesses comerciais e principalmente econômicos. Além disso, o sistema americano de transmissão serviu de modelo para o desenvolvimento de outros sistemas mundiais, de modo especial nos países do Terceiro Mundo, cujo traço mais típico é, de acordo com a Economia Política da Comunicação (Immanuel Wallerstein) e os relatórios da UNESCO: “o desenvolvimento do subdesenvolvimento”.
A dependência tecnológica da comunicação e do investimento americanos, associada à procura de programas de televisão e ao custo elevado da produção doméstica local, produziram uma grande pressão para o desenvolvimento de sistemas comerciais de transmissão em muitos países do Terceiro Mundo e para a importação maciça de programas estrangeiros, especialmente americanos.
O fato mais evidente desta dependência econômica e cultural foi uma “invasão eletrônica” que, diz Schiller, ameaça destruir as tradições locais e submergir a herança cultural das nações menos desenvolvidas e subdesenvolvidas sob a avalanche de programas de TV e de outros produtos culturais, tais como filmes, procedentes dos poucos centros de poder sediados no ocidente, aquilo a que Martin Heidegger chamou a degradante “americanização do mundo” (conhecido por brasileiros, e ainda sim, porém, totalmente absorvido por nós), incluindo a Europa.
Estes programas culturais estão permeados pelos valores do consumismo, dado serem dirigidos fundamentalmente às necessidades dos produtores que patrocinam a televisão ou o cinema através das receitas da publicidade. Por isso, quando adotam um sistema comercial de transmissão, os países desenvolvidos envolvem-se também e necessariamente no processo de transformação cultural e de dependência em que os valores do consumo se sobrepõem às motivações tradicionais e aos modelos alternativos de formação dos valores. Através deste processo, os indivíduos são ligados cada vez mais estreitamente a um sistema global de comunicação e de produção de mercadorias sediados quase inteiramente nos Estados Unidos da América.
DEPENDÊNCIA CULTURAL NA ATUALIDADE
Brasil – Angola: relações estreitas
O Brasil tem forte influência na Angola e outros países africanos, influência essa que se alastra em grande escala pela cultura, economia e até mesmo na política. Um dos principais fatores que contribuiu para essa parceria é de falarmos a mesma língua e até mesmo por compartilharmos culturas semelhantes.
Atualmente, mais de 30 mil brasileiros vivem na Angola. O motivo pela migração de tantos brasileiros é, primeiramente, a qualificação de profissionais possibilitando assim salários mais altos e ainda mais por viver uma grande aventura de morar em outro continente, tendo grandes desafios profissionais. A presença dos brasileiros é tão forte que os africanos já estão começando a alterar o modo de falar e passam a incorporar gírias e expressões brasileiras. Na música, também existe uma grande influência brasileira, onde músicas brasileiras rapidamente invadem as rádios angolanas e fazem sucesso entre a população.
Alguns países africanos, inclusive Angola, foram completamente destruídos pela guerra e atualmente se encontram em total reconstrução com a ajuda de outros países, onde existe uma presença maior do Brasil. Uma das metas é tornar a Angola o país com a economia mais evoluída do continente africano.
Na área da comunicação não é diferente. Três canais da TV brasileira chegaram em Angola, que são elas: Globo, Record e Bandeirantes. Possuem sede própria, tendo grande parte de sua programação a mesma que é exibida e produzida aqui no Brasil.
A parceria é tão grande que já se tem um dia para celebrar os laços entre os dois países, realizado pela Globo Internacional.
Até que ponto tudo isso é bom? É clara a perda de valores de identidades nacionais e internacionais.
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