Educação de jovens e adultos: em defesa de uma educação de qualidade
Trabalho acadêmico: Educação de jovens e adultos: em defesa de uma educação de qualidade. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: ALCEBIADESARAUJO • 28/11/2014 • Trabalho acadêmico • 8.665 Palavras (35 Páginas) • 210 Visualizações
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: EM DEFESA DE UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE
O que nós fizemos ao longo das últimas décadas foi massificar o acesso ao sistema de ensino, reduzindo nossa capacidade de reflexão e, portanto, a nossa condição de fazer política pública de qualidade, em direção simultânea de fazer com que todos entrem na escola e garantir qualidade para todos. Nós geramos uma situação de quase duplo status, como se fosse possível criar uma condição de dupla cidadania. Uma cidadania de primeira ordem e uma cidadania de segunda ordem, onde alguns têm acesso a educação de qualidade e outros, que são a grande maioria, têm acesso a educação de menor e, às vezes, de muito baixa qualidade. (HENRIQUES, 2006, p. 6 apud MACHADO, 2009, p. 28)
Os resultados do Pisa 2006
Os resultados de programas que visam avaliar a educação nacional sempre suscitam debates, tanto sobre a sua validade como instrumento de medida da qualidade da educação brasileira, como sobre as fragilidades da educação oferecida no País. Infelizmente, os debates ocorrem durante um curto período de tempo, sem que eles sejam usados eficientemente como orientação para ações de melhorias na qualidade da educação e adequação às necessidades e interesses da população. Isso pode ser comprovado pelo simples fato de que as inúmeras avaliações realizadas, ano após ano, não têm contribuído, de forma eficiente, para a melhoria dos altos índices de evasão, repetência, baixo rendimento dos alunos, casos de distorção idade/série, entre outras consequências nefastas do descaso dos governantes com o ensino público e com a população em geral. As promessas e as propostas mais arrojadas surgem, geralmente, em anos eleitorais. Outras têm muito mais o objetivo de promover individualmente algum futuro candidato, do que realmente promover a melhoria da qualidade da educação.
O Pisa, sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Alunos, realizado pela OCDE- Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, tem como principal finalidade produzir indicadores sobre a efetividade dos sistemas educacionais de diversos países, avaliando o desempenho de alunos na faixa etária dos 15 anos. O seu último resultado colocou o Brasil em 52º lugar entre os 57 países participantes. O Brasil ficou à frente apenas da Colômbia, Tunísia, Azerbaijão, Qatar e Quirguistão. Além do Brasil, mais cinco s países da América Latina participam do Pisa: Argentina, Chile, Colômbia, Uruguai e México. Em 2006, o mais bem colocado foi o Chile, ocupando a 40ª posição, seguido do Uruguai na 43ª e do México na 49ª posição. Todos ficaram abaixo da média dos membros da OCDE, que congrega 30 países, em sua maioria, europeus e da América do Norte.
Foram avaliadas as áreas de Ciências, Matemática e Leitura, obtendo o Brasil as médias 390, 370 e 393, respectivamente. O Estado do Espírito Santo obteve, em todas as áreas, resultados acima da média nacional: 403, 385 e 403, respectivamente, não superando, apenas em leitura, a média da Região Sudeste, 404.
O Secretário-Geral da OCDE, Angel Gurría, comentou a importância dos resultados do exame Pisa, afirmando que "na atual economia competitiva global, educação de qualidade é um dos ativos mais valiosos que uma sociedade e um indivíduo podem ter". Nesse contexto, afirmou, "Pisa é muito mais que um ranking. É sobre o quanto que os sistemas educacionais estão equipando seus jovens para o mundo de amanhã. Acima de tudo, mostra aos países onde estão suas forças e fraquezas."
No Brasil, apesar de alguns avanços terem sido notados, do ano de 2000, quando iniciou a sua participação, até o ano de 2006, os resultados obtidos são sofríveis, em todas as áreas avaliadas: em Ciências, no ano de 2000, ocupou a 42ª posição entre 43 participantes; em 2003, a 40ª posição entre 41 participantes e, em 2006, a 52ª posição de 57. Em Leitura, no ano de 2000, o Brasil ocupou a 39ª posição, a 38ª em 2003 e a 49ª em 2006. Em Matemática, a 42ª no ano de 2000, a 41ª ( a última!) em 2003 e a 54ª em 2006.
Esses resultados parecem apontar para níveis insuficientes de aprendizagem dos alunos brasileiros, que continuam se manifestando ao persistirem os altos índices de evasão, as desigualdades de acesso ao ensino médio e superior, a falta de escolas adequadamente equipadas para o atendimento educacional, a falta de professores capacitados e com possibilidades de dedicar-se com mais afinco à sua profissão, e, principalmente, vontade política para alteração desse quadro, assim como maior mobilização da população em torno do cumprimento dos seus direitos constitucionalmente definidos.
O Inaf 2009
O Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa, criadores e implementadores do Indicador de Alfabetismo Funcional ( Inaf ), no relatório referente ao ano de 2009, colocam uma interrogação que consideramos importante:
A questão que se põe atualmente é se o acesso e a frequência à escola são suficientes para garantir a aquisição de habilidades necessárias à vida pessoal e profissional, bem como a seu desenvolvimento como cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.
Por focarem o seu trabalho em pessoas da faixa etária que vai de 15 aos 64 anos, estejam ou não estudando, tenham ou não frequentado os bancos escolares, colocam também uma outra questão:
Ao lado dessa, coloca-se a de como reparar a exclusão educacional de milhões de cidadãos que já ultrapassaram a idade da escolarização regular e que não concluíram a educação básica.
Discutindo os resultados obtidos no período 2001-2009, afirmam que é evidente o avanço ocorrido na escolarização da população, graças à universalização do ensino fundamental, que fez com que, hoje, mais de 97% das crianças e adolescentes com idade entre 7 e 14 anos estejam na escola, trazendo como consequência a ampliação do ensino médio e do ensino superior. No entanto, para eles, mais do que ampliar o acesso à escolarização é preciso investir na qualidade para que a escolarização garanta de fato as aprendizagens necessárias a uma inserção autônoma e responsável na sociedade contemporânea.
Em seus estudos, o Inaf define quatro níveis de alfabetismo, a saber:
Analfabetismo
Corresponde à condição dos que não conseguem realizar tarefas
simples que envolvem a leitura de palavras e frases ainda que uma
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