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Fundamentos Das Ciências Sociais

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Por:   •  11/4/2013  •  1.173 Palavras (5 Páginas)  •  735 Visualizações

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ENCONTRO COM PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA.

Resumo:

Este artigo é fruto da pesquisa financiada pelo CNPq que analisa a compreensão dos

professores sobre os processos de exclusão na sociedade e na educação básica. Este

artigo refere-se apenas a professores das séries finais do ensino fundamental. No

processo de análise utilizamos teóricos que enfatizam a exclusão e a desigualdade numa

perspectiva crítica, ou seja, defendem que elas são frutos das relações sociais

assimétricas e desiguais e não provocadas pelo próprio indivíduo. Além disso, esses

teóricos criticam a estratégia de utilizar a diversidade cultural para atribuir aos

indivíduos os infortúnios e responsabilizá-los pelas mazelas socialmente produzidas

pela lógica da sociedade capitalista. Concebemos a diferença como expressão legítima

da condição humana e não como déficit em relação à cultura hegemônica. Para

identificar a compreensão dos professores foram realizadas entrevistas com oito

docentes das séries finais do ensino fundamental, das diferentes áreas de conhecimento.

A análise mostrou que a exclusão/desigualdade quando percebida, não se refere apenas

à questão econômica, mas à questão racial, crença, geração, gênero e outros. Entretanto,

poucos professores afirmam existir processos de exclusão na escola, mas todos admitem

existir processos de exclusão na sociedade. Essa forma de ver os processos de exclusão

está relacionada aos processos de formação docente. A formação docente incluiu a

discussão da desigualdade apenas na década de 1980 e bem recentemente a questão da

diversidade cultural e exclusão. Neste sentido, esta pesquisa contribui para que

possamos entender criticamente as respostas dos entrevistados e, principalmente, nos

oferece pistas para qualificar o processo de formação docente.

Palavras-chave: Exclusão, diversidade cultural, educação básica.

A perspectiva de análise

Para escrever sobre diversidade cultural, desigualdade social e exclusão,

necessário se faz situar a perspectiva de análise, posto que no contexto atual esses

temas, seja quando tratados de forma isolada, seja estabelecendo relações entre eles,

como é o caso desde artigo, podem ser abordados no mínimo numa perspectiva

liberal/conservadora ou numa perspectiva crítica. De modo sintético podemos dizer que

na perspectiva liberal/conservadora a diversidade cultural é vista como fruto do déficit

cultural de alguns grupos, a desigualdade social como resultado da inaptidão do

indivíduo e a exclusão uma consequência inevitável de uma sociedade que não aguenta

mais pagar o ônus por existirem indivíduos incapazes (BAUMAN, 1999).

Embora essa perspectiva liberal/conservadora recorra geralmente à retórica do

mérito para sustentar que todos têm as mesmas condições e que a exclusão e a pobreza

devem-se ao fato de alguns não aproveitarem as “oportunidades” ou não terem

“competência”, não é isso que a realidade revela. A exclusão decorre da articulação de

XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012

Junqueira&Marin Editores

Livro 1 - p.001095

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processos econômicos com processos de inferiorização dos grupos culturais que não

fazem parte da cultura considerada hegemônica.

Além da retórica do mérito procurar mascarar a exploração, ela está produzindo

o desprezo pelos excluídos, pelos pobres, pelos culturalmente diferentes. Como escreve

Bauman (2003, p. 9), “[...] vivemos em tempos implacáveis, tempos de desprezo pelos

mais fracos, [...] as pessoas em volta escondem o jogo e poucos se interessam em

ajudar-nos, [...] em resposta a nossos pedidos de ajuda ouvimos advertências para que

fiquemos por nossa própria conta”.

Essa forma de entender a exclusão, a desigualdade social geralmente está

acompanhada por teorias que sustentam a ideia de que o indivíduo possui algum tipo de

déficit. Como salienta Bauman (2001, p. 84), ela está baseada num princípio simples:

“[...] o que está errado em suas vidas provém de seus próprios erros, foi sua própria

culpa e deve ser consertado com suas próprias ferramentas e por seus próprios esforços”

(BAUMAN, 2001, p. 84).

Discordando radicalmente da retórica liberal/conservadora, defendemos a

necessidade de uma análise crítica que veja nas relações sociais, que são sempre

relações sociais de poder assimétricas e desiguais, as razões da exclusão e da

desigualdade e que critique o uso da diversidade cultural como estratégia utilizada pelos

conservadores para atribuir aos indivíduos e responsabilizá-los pelas mazelas

socialmente produzidas pela lógica da sociedade

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