Industrialização e urbanização

Curso de Extensão Cidade e Sociologia, CECIERJ, 2º sem. 2015

Luana dos Santos Ferreira

        Muitas são as teorias desenvolvidas por estudiosos do campo das ciências sociais. Quanto se trata de sociologia urbana, ícones expressivos dedicaram uma vivida quebrando paradigmas a respeito da vida urbana e as relações do homem como um ser social. Neste trabalho, vamos tratar de alguns conceitos de autores contemporâneos como Henri Léfèbvre , Manuel Castells, Paul Singer e Lúcio Kowarick, sobre urbanização. 

Henri Lefebvre realizou muitas pesquisas com base na teoria marxista mas levantando reflexões sobre a cidade e os movimentos sociais urbanos, os meios de consumo coletivo, a estruturação social do território na sociedade capitalista e o papel do Estado na urbanização. Aspectos que ele trata em seu livro O direito à cidade como o processo de industrialização. Na sua visão a industrialização surge com o capitalismo contrário a burguesia. Já Castells enxerga o espaço urbano como a combinação dos espaços que compõe a sociedade e a estrutura social como consequência da prática do sistema. Ele afirma que o Estado é o detentor desse espaço defende a postura do Estado regulador. “a moradia é econômica, política e ideológica, embora sua contribuição essencial se dê no plano da reprodução da força de trabalho” (CASTELLS, 1983)

Para Castells, o crescimento acelerado e a concentração urbana são as causas da marginalidade. “A industrialização dependente teria baixa capacidade de absorção dos trabalhadores migrantes, produzindo um descompasso entre urbanização e proletarização.” (CASTELL, 1983). É uma nova teoria marxista que cria uma nova estratificação social "os marginais”. 

Paul Singer, ao contrário de Léfèbvre e Castells, acredita que a industrialização e urbanização são movimentos contraditórios. Suas ideias são fundamentadas pelo conceito de "marginalidade".

Ele diz que as considerações de Castells à respeito da urbanização da América Latina é uma consideração superficial e “seria um exagero admitir que a determinação das fronteiras políticas da América Latina resultou das várias situações de dependência capitalista-comercial” (SINGER, 1987).

A questão da marginalidade surge com uma discussão latino-americana nos anos 60, 70 em função das características do nosso processo de urbanização. Kowarick foi um autor de destaque no acalorado debate sobre marginalidade e dependência no decorrer da década de 1970. A perspectiva do “urbano”,contribui para o crescimento numa época em que o terreno teórico sobre urbanização, pobreza e exclusão social. Kowarick discute conceitos como reservatório de mão de obra, crítica ao contexto social em relação à liberdade política, que impede a organização dos trabalhadores de melhorar suas condições de trabalho que contribui para dilapidação da força de trabalho. Surgem bairros periféricos, cortiços e favelas onde se concentram a pobreza da cidade e habitantes e alojam a população trabalhadora, a espoliação urbana.

Exército industrial de reserva é um conceito desenvolvido por Karl Marx em sua crítica da economia política, tem na atualidade uma conotação crítica a massa marginal e a superpolução que fazem referência ao valor do terreno na periferia. A perspectiva de direito a cidade de Henri Lefebvre, o conceito de segregação espacial de Manuel Castells e as condições de habitação que englobam as demais políticas intersetoriais.

Segundo Paul Singer, o Brasil, no contexto latino americano, segue essa lógica de urbanização que está fortemente ligada ao processo de industrialização que, no caso brasileiro, tem como marco histórico a década de 1930 do século XX onde inicia-se uma nova fase de expansão do capital, criando e recriando centros urbanos que tem como característica o rápido aumento da população e o desenvolvimento de fenômenos que se caracterizam em processos sócio espaciais bastante desiguais.