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Ladislaw Dobor

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Por:   •  24/5/2014  •  533 Palavras (3 Páginas)  •  194 Visualizações

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A formação científica é apenas parcialmente um processo técnico. Conjugam-se e se articulam raízes

emocionais, história vivida, meio social e também instrumentos técnicos e visões teóricas. A ênfase do

presente artigo será portanto na “mistura” dos diversos níveis. Sugere-se ao leitor uma leitura crítica: nada

mais perigoso do que um economista falando de si mesmo, com a imensa propensão que temos, porque

uma nuvem de hipóteses sempre nos circula na cabeça, de pensar que o ocorrido já nos era previsto. Esta

capacidade de previsão a posteriori não ocorre, é preciso dizê-lo, somente entre economistas.

Inícios

Nasci na França, em 1941, de pais poloneses, numa casa jogos na fronteira espanhola. É provavelmente

difícil um brasileiro imaginar o que era nascer na Europa em 1941, no meio de um conflito que ceifou 80

milhões de pessoas. Nascia-se onde se podia. Como a Espanha era de moralidade elevada, as pessoas ricas

iam jogar e se divertir na França, e assim o regime franquista semeou os Pireneus de casinos. Os meus pais,

que tinham participado da I Guerra Mundial, e na Segunda já não se entusiasmavam com os hinos

patrióticos, fugiram dos alemães pelo sul da Polônia, e foram parar na França, e continuaram fugindo para

o sul à medida que os alemães avançavam. Assim fui nascer nos Pireneus, numa casa de jogos. Tudo tem as

suas razões.

Nascer no estrangeiro é importante, porque já se nasce fora do lugar. Ou seja, a criança já é obrigada a

tomar consciência de como é, pois as crianças, que reagem agudamente a qualquer diferença, de roupa,

sotaque ou cultura, têm com uma criança estrangeira um prato cheio. Assim, desde os primeiros anos, vão

se confrontando culturas: nada é realmente espontâneo, natural, óbvio, pois cada coisa é vista de uma forma

em casa, e de outra forma na rua. Em casa era pai e mãe, a Polônia, a religião, os valores. Na rua e na

escola, outra cultura, outros valores. Não havia um sistema “natural” de valores, e sim a possibilidade de

diversas valorizações para cada coisa. Desde pequeno, a necessidade da escolha.

A guerra é outro fator. Todo europeu é marcado por ela. Marcado em particular pela profunda convicção de

que qualquer homem, rico ou pobre, educado ou não, em determinadas circunstâncias vira herói, e em

outras vira bicho. De ver as aberrações de que o ser humano é capaz em certas circunstâncias, perde-se a

visão do “homem bom” e do “homem mau” como determinantes do comportamento. Segundo o ditado,

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