O QUE É UM SISTEMA ALIMENTAR SUSTENTÁVEL?

        O que é um sistema alimentar sustentável?

        Qual é a alternativa para a agricultura industrial? Apesar de se dedicar ao desenvolvimento de formas de agricultura sustentável, o campo da agroecologia não pode responder a essa pergunta tão diretamente quanto poderíamos desejar. A agroecologia consiste em princípios, conceitos e estratégias que devem formar a base de qualquer sistema de produção de alimentos que possa reivindicar legitimamente ser um sucessor mais sustentável da agricultura industrial. Esses princípios, conceitos e estratégias são mais orientados para oferecer uma estrutura de design para agro-ecossistemas sustentáveis ​​do que prescrições ou projetos para a construção ou gerenciamento de agro-ecossistemas reais, e não determinam as especificidades de um sistema alimentar mundial inteiro.

            No entanto, os princípios agroecológicos sugerem os elementos gerais de um sistema alimentar sustentável e a descrição desses elementos nos ajudará a visualizar alguns dos objetivos para os quais a abordagem agroecológica aponta.

   

Explorando o conceito de sustentabilidade

         Para entender melhor os elementos de um futuro sistema alimentar que opera de maneira mais sustentável do que o sistema alimentar industrial da agricultura de hoje, é útil explorar o que se entende pelo termo sustentabilidade.

          Como cientistas, analistas, ativistas e outros apontam com crescente frequência a insustentabilidade dos sistemas e práticas atuais da sociedade humana - desde o uso de combustíveis fósseis e agricultura industrial até um sistema econômico dependente de crescimento constante - tornou-se cada vez mais comum adotar o rótulo 'sustentável'. Todo mundo quer que seu produto, setor, método alternativo ou proposta sejam considerados "sustentáveis". Como resultado, o termo sustentabilidade tornou-se cada vez mais vago, ambíguo e confuso.

           Além disso, como estrutura para a análise crítica da agricultura industrial e para o desenvolvimento de alternativas, o conceito de sustentabilidade possui uma fraqueza fundamental, pois depende inteiramente de um futuro inferido ou hipotético. Condenar uma prática ou sistema como insustentável é essencialmente afirmar que é ruim porque não vai durar. Isso evita a possibilidade de que esteja causando sérias conseqüências negativas agora, no presente. Por outro lado, argumentar a favor da conveniência de um sistema ou prática, porque é sustentável, é realmente dizer que seu maior benefício seria sua durabilidade ao longo do tempo - que poderíamos esperar que ele ainda existisse em algum momento no futuro. Isso, por si só, não garante que o sistema ou a prática atenue ou reverta danos a pessoas ou sistemas naturais ou forneça um benefício. Subjacente a essas desvantagens, há um problema prático muito real com o conceito de sustentabilidade: como a sustentabilidade em si nunca pode ser demonstrada no presente, sua prova sempre permanece no futuro, fora de alcance. Portanto, é quase impossível saber com certeza se uma prática específica é de fato sustentável ou se um conjunto específico de práticas constitui sustentabilidade.

         Apesar das desvantagens do termo sustentabilidade, a agroecologia não a abandona em favor de outro termo. Em parte, isso ocorre porque não há termo alternativo adequado. Além disso, usada precisamente e de acordo com seu significado original, a sustentabilidade realmente transmite a essência do que esperamos criar como alternativa à agricultura industrial - um sistema de produção, distribuição e consumo de alimentos que perdurará indefinidamente porque não semeia a sementes de sua própria morte. Mas há muito mais na sustentabilidade do que mera resistência. Como usada na agroecologia, a sustentabilidade também se refere às muitas características de uma prática ou sistema ostensivamente sustentável, responsável por dotar essa prática ou sistema com a auto-suficiência, resiliência e equilíbrio que lhe permitem resistir ao longo do tempo.