O Tropeirismo E O Inicio Das Cercas

O tropeirismo e o início da cerca

Lúdio Araújo Corrêa

André Bordin

Introdução

Neste ensaio, abordam-se um pouco da história do tropeirismo e inicio da cerca no Brasil, dando ênfase ao avanço dessa atividade e suas mudanças ao longo do tempo, destacando os pontos positivos e negativos deste ciclo que contribuiu no povoamento do país.

1. Tropeirismo

O termo tropeirismo provém do termo tropas que é associado ao trabalho animal (cavalo), foi por muito tempo usado como transporte de alimentos e pessoas no desbravamento do Brasil. Assim, define o tropeirismo aos sujeitos que desenvolvia ou desenvolve atividade com tropas, essa atividade é muito utilizada na condução de gado de uma localidade para outra.

O tropeirismo surgiu com a crise nas mineradoras ouríferas em meados do século XVII, dando início na atividade em que eram usados cavalos no transporte de animais, mercadorias e utensílios em gerais. Esses transportes eram chamados de comitiva pelos sujeitos que os faziam e de “cargueiros” era denominada a forma em que as mercadorias eram transportadas. Essa atividade passou a ser relevante para o desenvolvimento do comércio, alavancando a economia do país. Assim, o tropeirismo manteve sempre cumprimentando outras atividades econômicas, como: ciclo do café e da cana-de-açúcar e nos dias atuais ainda acompanha a produção de grãos.

Até a década de sessenta o manejo bovino era livre com pastagens nativas, com pouca interferência do homem no desenvolvimento dos animais, dos meios em que vivem, estes eram extremamente rústicos com seleção natural sem limite de ambiente por cercas, onde os animais forrageavam livremente.

Os tropeiros consolidaram algumas rotas de passagens conhecendo e obedecendo as características geográficas interligando as regiões do país principalmente Sul e Centro Oeste. Nisso, eram demarcados pontos de pouso, de descanso e esses pontos geralmente eram nas margens de rios, próximos de nascentes, etc. nesses pontos foram criados povoados e com passar do tempo foi tornando necessária a demarcação de área, por cercas para proteger as hortas e as roças. Para o manejo dos animais cercava a área e os mantinham presos. No inicio, as cercas eram feitas de pedras ou madeiras empilhadas. Com o avanço da agropecuária, o arame foi crucial na transformação do processo produtivo, demarcando maior área e as estradas. Com delimitação de áreas as pastagens nativas passaram a ser insuficientes para manter o rebanho, com isso impulsionou o desmatamento de áreas nativas para cultivo de novas pastagens, dando suporte a pecuária até os dias atuais.

A pecuária é responsável pelos desmatamentos e ocupação nas áreas geograficamente de difícil acesso como serras e planícies alagadas por ser áreas excelentes para criação de gado. Para garantir a qualidade e quantidade na produção bovina e atender as exigências do mercado se fez necessário o melhoramento genético dos animais e pastagens, deformando as vegetações nativas, levando ao assoreamento dos rios e nascentes, priorizando os novos métodos de cultivo.

Com a revolução verde na década de sessenta houve novo modelo no setor econômico do país, reestruturando as atividades agrícolas e pecuárias dando prioridades a desmatamento e mecanização da terra intensificando a