O funcionalismo de Radcliffe-Brown
Artigo: O funcionalismo de Radcliffe-Brown. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: andressa_dessa • 13/5/2014 • Artigo • 883 Palavras (4 Páginas) • 323 Visualizações
O funcionalismo de Radcliffe-Brown: Resumo da aula de 05.05.09
Autor: Robson Cunha
Alfred Reginald Radcliffe-Brown nasceu em Birmingham, Inglaterra, em 1881. De origem operária, iniciou seus estudos universitários em Oxford na área de ciências naturais, mas, influenciado por seus professores, especialmente Rivers, mudou-se para Cambridge para estudar Antropologia. Após a colação de grau, realizou trabalho de campo nas ilhas Andaman, no golfo de Bengala, a leste da Índia, e redigiu tese marcada pelo estilo difusionista, na época muito bem recebida nos meios acadêmicos. Contudo, logo após, afastou-se da orientação de seus mestres, notadamente Rivers.
Radcliffe-Brown veio a ser severo crítico daquilo que denominou de "a história conjetural" dos evolucionistas cujo método era o da abordagem dos costumes dos povos baseado simplesmente em conjeturas sobre o passado e não em observações diretas no presente. Dizia que esse caráter historicista do método evolucionista não podia dar resultados significativos para a compreensão da vida e da cultura humana, já que os arranjos contemporâneos existiam porque eram funcionais no presente e não como "sobreviventes" de épocas passadas. Para esse antropólogo, como para Malinowski, interessava o estudo do presente, do tempo sincrônico, e não havia espaço para especulações sobre ‘sociedades primitivas’ vistas sob o prisma do tempo diacrônico.
Radcliffe-Brown fundou uma abordagem teórica antropológica conhecida como estrutural-funcionalismo. Cada sociedade estudada era considerada como uma ‘totalidade’, como um organismo cujas partes eram integradas e funcionavam de um modo mecânico para manter a estabilidade social. Como estrutural-funcionalista, as preocupações de Radcliffe-Brown estavam ligadas à descoberta de princípios comuns entre as diversas estruturas sociais, o significado dos rituais e mitos e suas funções exercidas na manutenção da sociedade. A abordagem foi fortemente influenciada por Durkheim.
Radcliffe-Brown tomou conhecimento da obra de Durkheim através da leitura do livro Formas Elementares da Vida Religiosa, que o sensibilizou de tal forma que, na versão final de sua tese, o livro The Andaman Islanders, publicado em 1922, a sociologia durkheimiana estava definitivamente incorporada na sua maneira de pensar a Antropologia. Dois conceitos básicos, então, são utilizados em sua obra: significado e função social. Para compreender um determinado ritual é necessário, inicialmente, encontrar seu significado, isto é, os sentimentos que ele expressa e as razões que os nativos apontam, para em seguida identificar sua função social naquilo que é importante para assegurar a coesão social necessária para a existência do grupo.
A hipótese apresentada no trabalho, no geral, é análoga à hipotese sobre o papel das ‘representações coletivas’ de Durkheim. Para Radcliffe-Brown, os sistemas de sentimentos regulam a atuação dos indivíduos de acordo com as necessidades da sociedade; tais sentimentos, que não são intatos, são desenvolvidos e expressos no indivíduo pela ação da sociedade sobre eles. A sociedade mantêm-se coesa por força de uma estrutura de normas morais e regras civis regulatórias do comportamento que são independentes dos indivíduos que as reproduzem. Estas normas e regras atuam então como uma espécie de ‘consciência coletiva’. Desse modo, o indivíduo submete-se aos desígnios da sociedade e é o seu produto.
Assim, para Radcliffe-Brown os indivíduos são apenas a expressão da estrutura social. Aí reside a grande diferença que o separa de Malinowski, apesar de comungarem princípios funcionalistas (ou pelo menos compartilhar a rúbrica de ‘funcionalista’).
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