Pensamento Sociologico De Weber
Ensaios: Pensamento Sociologico De Weber. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: daniloprolex • 21/4/2013 • 6.598 Palavras (27 Páginas) • 830 Visualizações
O PENSAMENTO SOCIOLÓGICO DE MAX WEBER
Thales de Andrade
O positivismo do século XIX pretendeu seguir um modelo naturalista de ciência, utilizando métodos e perspectivas analíticas da Física, Biologia e Astronomia, em busca de uma ordem social inabalável e de leis que pudessem prever e controlar as relações entre os homens. A objetividade do conhecimento, a neutralidade do cientista e a confiabilidade dos resultados eram exigências fundamentais do modelo positivo de Sociologia. Augusto Comte e posteriormente Emile Durkheim elaboraram de diferentes maneiras os pressupostos dessa nova Ciência, que prometia adquirir a mesma validade usufruída pelas áreas de exatas e biológicas.
A Sociologia alemã na passagem para o século XX questionou essa confiança do modelo positivo em se formular leis sociais. A repetição dos eventos sociais e a capacidade de se controlar e manipular os dados referentes à sociedade deixa de ser algo certo e passa a constituir um desafio para os cientistas.
Max Weber (1864-1920) é o principal representante da Sociologia alemã. Nascido em Efurt, na Alemanha, aos 18 anos iniciou seus estudos universitários, defendendo em 1889 sua tese de doutorado sobre a história das empresas comerciais medievais. Posteriormente trabalhou como professor universitário em Berlim, Freiburg e Heidelberg, tendo grande atuação na sociologia alemã. Publicou diversas obras e auxiliou na formação de importantes atividades acadêmicas na área de sociologia. Participou ativamente das discussões políticas de seu tempo, com destaque para a questão da participação da Alemanha na Primeira Guerra Mundial. De saúde frágil e fortes tendências depressivas, faleceu em Munique no ano de 1920.
Weber nega a viabilidade dessa ciência em produzir leis deterministas acerca dos fenômenos sociais. Para ele, descobrir leis e constâncias na sociedade é impossível, uma vez que o fluxo de relações entre os homens e as instituições é caótico e desordenado. Aquilo que ocorreu na Roma antiga não se repete da mesma forma na sociedade contemporânea, por isso é inviável se buscar uma linha de continuidade que permita a formulação de leis.
A análise sociológica deve se orientar para a especificidade dos diferentes períodos históricos. Weber foi inicialmente um historiador, acostumado a lidar com documentos, arquivos e dados historiográficos. A partir de suas análises ele percebeu que entender os outros momentos históricos é fundamental para o homem do presente, mas que isso não proporcionava a formulação de leis e generalizações, mas sim comparações e avaliações críticas. Por exemplo, tem-se a economia brasileira. No século XVIII a nossa economia era assentada no trabalho escravo e produção agrícola, enquanto que atualmente imperam relações de assalariamento, prestação de serviços e alta tecnologia. Ou seja, duas configurações históricas distintas, sendo impossível chegar a leis e generalizações totalizadoras. A transformação das relações de trabalho e o desenvolvimento tecnológico são resultado de processos históricos imprevisíveis, que nenhuma lei social pode antecipar ou controlar.
Cada momento histórico é singular e resultado de uma série de fatores econômicos, políticos, religiosos, culturais etc. de seu próprio tempo. Essa é uma contribuição essencial da sociologia de Max Weber, que estabelece a impossibilidade de descobrirmos uma sequência única nos eventos sociais.
Por exemplo, tomemos o fenômeno religioso. As religiões orientais e o protestantismo podem ser estudadas por um sociólogo. Mas elas não são iguais, cada uma representa um conjunto de práticas e rituais específicos que irão produzir diferentes resultados dentro de cada sociedade. O surgimento de uma nova religião não representa um sinal de evolução religiosa, mas a presença de manifestações diferentes de se lidar com o sagrado.
Weber formulou sua compreensão da sociedade negando tanto a perspectiva positivista como a materialista. Esta também via o conhecimento sociológico como histórico e baseado na observação da multiplicidade de fenômenos sociais, como as classes e o mercado. Mas diferentemente da perspectiva materialista de Karl Marx, Weber enfatiza que as transformações sociais não podem ser explicadas somente pelas relações econômicas. Ou seja, a economia e as formas de produção são importantes mas não explicam as condições históricas em sua totalidade. Para Weber, é possível entender as relações humanas sem buscar a formulação de leis e sem estabelecer as condições materiais como causa determinante das transformações sociais.
Caráter compreensivo da Sociologia
As teorias sociológicas desenvolvidas ao longo do século XIX privilegiaram claramente o estudos das instâncias sociais coletivas. A sociologia de Durkheim colocava de forma explícita que o importante em uma sociedade eram as manifestações coletivas e não o comportamento individual. Segundo ele, os indivíduos somente manifestam aquilo que se estabelece no coletivo, eles não acrescentam nada para a compreensão da sociedade (o todo é maior que a soma das partes).
O pensamento marxista também enfoca preferencialmente o coletivo, mas de outra maneira. Marx defendia que a sociedade era formada por classes sociais diferentes e antagônicas, e que o Estado era responsável pela manutenção de relações injustas de exploração do trabalho. Além das classes e do Estado, tem-se o partido, o sindicato, o mercado e a Igreja como agrupamentos sociais que são a base para a compreensão do capitalismo. Nesse contexto teórico, as manifestações concretas dos indivíduos não são de forma alguma relevantes.
Por outro lado, Max Weber procurou estudar as sociedades dando grande importância às condutas individuais. Essa era uma tendência de seu tempo, de restituir o indivíduo como fonte de conhecimento. Por exemplo, a psicanálise de Freud e os estudos sobre o inconsciente ocorrem exatamente nesse mesmo período, procurando nos comportamentos individuais a chave para se compreender as relações sociais.
Mas para colocar o homem como o centro das preocupações sociológicas, Weber teve que reformular o método científico de forma a alcançar seus objetivos. Ao invés de explicar os fenômenos sociais em termos de causalidade, ou seja, buscar as causas e os efeitos dos fenômenos sociais, a tarefa do sociólogo deve ser diferente: consiste em captar o sentido das condutas humanas. Em outras palavras, mais importante do que explicar porquê algo aconteceu (causa) é compreender o que levou certo indivíduo, ou conjunto de indivíduos, a se comportar de
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