Perfeito Eu? Jamais!
Dissertações: Perfeito Eu? Jamais!. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 3/5/2014 • 1.659 Palavras (7 Páginas) • 227 Visualizações
Introdução
Nesse trabalho, os textos apresentados, mostram o que a sociedade pensa das diferenças físicas e psíquicas nas outras pessoas e os sacrifícios que elas fazem para ficarem “perfeitas”. Muitas vezes as pessoas não enxergam a diferença nelas mesmas e acabam julgando outras pessoas, fazendo com que elas se sintam inferiores e se excluindo do ciclo social, por não se encaixarem nos padrões estabelecidos.
Abordando temas como, perfeição e preconceito, além de mostrar vários pontos de vista sobre o tema principal com algumas referências.
O que é ser perfeito?
Um mistério a ser esclarecido, milhões de palavras a serem desvendadas e enroladas ao refletir sobre esse assunto. E para tentar descrever a idéia de perfeição, sem entrar em questões religiosas e de crenças, teremos como base o método de estudo de Renê Descartes, um filosofo que questionava toda a verdade que lhes era apresentada.
Para Descartes a única coisa que pode ser considerada verdadeira é o pensamento, já que é a única maneira de provar sua existência. Sua famosa frase, “Penso, logo existo” conserva um grande valor à essa teoria. E se tomarmos essa linha de raciocínio, podemos examinar a idéia de perfeição, através da razão. Podemos perceber então que a idéia de perfeição não se origina dos sentidos. Quando dizemos que algo é perfeito, é porque temos a noção do que é um ser perfeito. E quando dizemos que ele é imperfeito, quer dizer que há ausência de algo que o torne perfeito. Nada mais lógico.
Ao questionar sobre Deus, Descartes percebe que essa idéia não surgiu do nada, muito menos a idéia de um ser perfeito, pois para ele a idéia do nada é um absurdo, afinal do nada, nada se cria.Sendo assim, a idéia de perfeição surge em nossa mente, da idéia de um ser perfeito, que criou e colocou em razão esses pensamentos. Então, a idéia de perfeição não vem de um ser limitado como eu, mas de um ser, que chamamos de Deus.
E através desse pensamento, é confirmada a existência de Deus, não pela idéia de Deus, mas pela idéia de perfeição.
“Dado que, no nosso conceito de Deus, está contida a existência, é corretamente que se conclui que Deus existe. Considerando, portanto, entre as diversas idéias que uma é a do ente sumamente inteligente, sumamente potente e sumamente perfeito, a qual é, de longe, a principal de todas, reconhecemos nela a existência, não apenas como possível e contingente, como acontece nas idéias de todas as outras coisas que percepcionamos distintamente, mas como totalmente necessária e eterna. E, da mesma forma que, por exemplo, percebemos que na idéia de triângulo está necessariamente contido que os seus três ângulos iguais são iguais a dois ângulos retos, assim, pela simples percepção de que a existência necessária e eterna está contida na idéia do ser sumamente perfeito, devemos concluir sem ambiguidade que o ente sumamente perfeito existe.” (DESCARTES, p. 61-62).
Baseada nessa teoria de Descartes é correto afirmar que não existe um ser perfeito além de Deus. E essa teoria explica justamente que a perfeição usada pelas pessoas, se relaciona exatamente no que a mídia impõe à sociedade. Assunto que será desenrolado mais á frente.
O que é ser diferente?
Pare um cidadão na rua e faça esta mesma pergunta. Logo idéias de afro descentes, homossexuais, bullying, idosos, gordos, magros, pessoas com necessidades especiais e tantas outras voltadas ao racismo e o preconceito, serão lembradas.
Ser rotulado como diferente sempre foi visto como sinônimo de inferioridade, uma pessoa separada do grupo. Basta a pessoa ser considerada diferente para os tidos padrões da sociedade, que desde o inicio as pessoas foram ‘ensinadas’ a seguir, para que todos passem a desprezá-la, considerando-a até como um ser de outro mundo. A existência de preconceito em um tema como este, é clara.
Historicamente os diferentes sempre foram vitimas de perseguições injustificadas. Cita-se como exemplo a perseguição aos judeus durante a 2ª guerra mundial, onde o ódio ao semelhante levou a atrocidades sem precedentes, fato que ficou mundialmente como holocausto.
A discriminação, preconceito e racismo são temas tratados de forma séria, ao falar de diferença. Cada pessoa distingue individualmente, por sexo, política, língua, religião, cultura, gosto e diversas outras coisas. De fato, é natural do ser humano ter dificuldades em lidar com as diferenças dos outros e o mais importante, aceita-las.
E um país tão rico em diversidade cultural como o Brasil, não deveria existir tanto preconceito, por uma pessoa ser diferente. Pessoas com necessidades especiais sofrem muito preconceito, já que eles são considerados diferentes, e por serem, são vistos com olhares diferentes. E acabam sendo excluídos, muitas vezes ridicularizados sendo motivos de piadas de mau gosto e brincadeiras ofensivas, o famoso bullying, assunto muito comentado pela mídia.
Pessoas com necessidades especiais são as que mais necessitam de uma estrutura melhor para viver, com acessos fáceis, por exemplo, e a diferença começa daí, quando essas pessoas que nasceram com alguma deficiência e são imperfeitas como nós, mas não por não terem um braço, perna ou possuir síndrome de down, mas simplesmente por serem humanos, sofrem sendo discriminadas.
Um ponto de vista sem fundamento, que dá sentido a palavra “preconceito” é ser ligado ao sentido de “ser diferente”, em uma sociedade em que a beleza e imagem são importantes para uma vida normal, e a mídia é responsável desde seu primórdio, á exploração da imagem, tomando a moda, por exemplo, como um padrão a ser seguido. Mesmo que tenha muito, usando famosos em comerciais e novelas falando sobre assuntos importantes para diminuir o preconceito por diferenças.
O que a sociedade entende por perfeito?
Usando como ponto principal a imagem passada pela mídia, podemos falar sobre a formação da opinião publica. Após a Revolução Industrial, a sociedade começou a enxergar o ser humano de forma midiática, seguindo padrões. De forma padronizada, a mídia estabelece uma imagem de corpo perfeito, homens sarados e mulheres magras. Atrizes e atores em filmes, novelas e principalmente em comerciais fazendo propaganda para a venda de produtos, leva o ser humano, criar uma ideia de perfeição.
Essa realidade influencia nas relações sociais, já que a ideia de perfeição não nasce do individuo em si, mas da mídia e da sociedade como um todo que constrói a “imagem perfeita”. Isso tudo remete a cultura do consumismo.
“Nossa aparência física é, em grande parte, culturalmente programada. A aparência que hoje ostentamos é de algum modo aprendida. Conformamos e adaptamos o corpo segundo padrões sociais estabelecidos, aprendemos a nos movimentar e a nos posicionar, de acordo com circunstâncias socialmente determinadas.”(CARDOSO, p. 3,1997).
O receptor deve reconhecer até que ponto ele é influenciado, mesmo que faça parte de uma sociedade que remete a idéia de valores. A mídia tem o grande poder de influenciar o narcisismo ao corpo, a venda do corpo como produto do consumismo. Tais imagens fazem parte de uma forte indústria cultural ditada pela sociedade, transformando o imaginário, no real.
Por tanto para a sociedade a perfeição humana não está no ato de sermos imperfeitos por cometermos erros e sim por não possuirmos o “corpo dos sonhos”, o carro mais caro, a roupa da grife mais cara, já que, infelizmente, o valor humano está em seus bens. Isso é o indicio para a exclusão e justamente por isso que o ser humano busca sempre enquadrar nessa sociedade, fazendo o possível e o impossível, como veremos a seguir.
O que nós fazemos para nos enquadrar nessa sociedade?
O objetivo principal dos meios de comunicação, principalmente da publicidade, em relação a esse tema, é alienar. Fazer com que o telespectador siga um modelo ditado pela sociedade. A televisão não estimula a reflexão, ela apenas dita um modelo, um padrão a ser seguido e vai fazendo com que as pessoas acreditem fielmente naquilo.
Sendo assim as pessoas vivem em função de uma imagem ideal se sentem vazias, tal sentimento faz com que elas busquem suprir seus desejos na procura de se enquadrar na sociedade.
Um exemplo que pode ser observado facilmente é o caso das pessoas obesas que sempre foram motivo de deboche em meio à imagem ideal. Isso fez com que o numero de jovens com bulimia e anorexia aumentasse cada dia mais. Tudo isso com a intenção de serem perfeitas aos olhos da sociedade e principalmente da mídia, é um assunto muito comentado quando lembramos o caso de “ser perfeito para a sociedade.”
Podemos observar a manipulação da mídia em propagandas de cerveja. Observe que sempre há uma atriz quase pelada incentivando homens a beberem, aquela idéia de quem bebe tem uma mulher bonita e amigos á todo momento. No sentido de perfeição, vemos ai tantas pessoas sofrendo bullying, pessoas essas que não aderem ao que é imposto pela sociedade e pela mídia.
O corpo sarado e bem esculpido nas academias passou a ser elemento principal a ser considerado como melhor parte do ser humano. A procura por um corpo perfeito para assim atender aos padrões da sociedade, faz com que as pessoas ultrapassem os limites. Mortes com anabolizantes são exemplos claros nos dias atuais. As pessoas deixam de dar valor a saúde, um dos bens mais preciosos que possuem para dar valor à imagem. Isso tudo apenas para atender os padrões da sociedade, já que assim serão aceitos e taxados de perfeitos.
“Durante séculos o corpo foi considerado o espelho da alma. Agora ele é chamado a ocupar o seu lugar”. (Sant’Anna, p. 108, 2001).
Ainda há aqueles que para impressionar outras pessoas compram coisas que não precisam e acabam se enrolando em dividas que muitas vezes se tornam “bolas de neves” intermináveis. Comprando roupas de grife, ou celulares do momento, para se sentirem aceitas em um determinado grupo.
Conclusão
Enfim, mudamos tudo, fazemos coisas absurdas, para sermos o que a sociedade e a mídia querem e não o que realmente nós queremos ser, por medo de rejeição. Viramos marionetes e deixamos de ter vida própria, estilo próprio e orgulho de sermos como somos. Perdemos a autenticidade e o brilho próprio para nos ofuscar no brilho massificado.
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