RRPP E O Teste Em Animais
Casos: RRPP E O Teste Em Animais. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: giuliavargas • 8/9/2014 • 1.727 Palavras (7 Páginas) • 265 Visualizações
INTRODUÇÃO
A indústria da beleza é, talvez, uma das mais polêmicas em relação aos testes em animais. Muitos não aceitam que esses seres sejam manuseados, torturados, dissecados e, depois, descartados em prol de um cabelo mais brilhoso, cílios mais volumosos e uma pele mais hidratada. Outros defendem esse tipo de procedimento, alegando que é a forma mais eficaz e precisa de se assegurar a integridade de um produto, sem colocar em risco a saúde do ser humano.
Atualmente, são muitas as empresas que testam os seus produtos em animais. Na genética, na indústria farmacêutica, nas pesquisas e estudos realizados nas universidades e até na indústria alimentícia, utilizam-se animais como cobaias para simular os possíveis efeitos que esses produtos podem ter no organismo humano. Contudo, esse tipo de prática na área da estética gera controvérsias maiores, talvez porque o objetivo desses produtos - tornar o homem mais belo - seja supérfluo e não vale todo esse sofrimento causado. Já outro ponto de vista mostra que as tecnologias da conjuntura contemporânea permitem o usufruto de uma gama de produtos variados e sofisticados e que o homem, ao dominar os recursos naturais e cognitivos acerca destes, tem a liberdade de buscar a melhor forma de satisfazer as suas necessidades (sejam elas primárias ou não), prezando, em primeiro plano, pelo seu bem-estar.
A capacidade do homem de supervalorizar a sua existência prevalece nesse contexto. Mas isso é uma atitude justificável ou condenável? Nesse breve relatório, buscamos expor os dois lados desse debate, deixando a aplicação de juízo de valor a cargo do leitor.
Levando em consideração os argumentos contra e a favor dos testes em animais no desenvolvimento de produtos cosméticos, lançamos uma tentativa de relacionar a atuação de um profissional na área de relações públicas com a defesa ou a abolição desse tipo de prática. Nesse âmbito, acreditamos que o trabalho desempenhado pelo departamento de relações públicas de uma empresa de beleza influi na concepção do público sobre o produto a ser consumido, a partir da assessoria, formação de imagem e conceitos.
DESENVOLVIMENTO
É inegável que, se comparado com os outros tipos de indústria, a indústria da beleza é a que está mais a frente em levantar questões sobre a substituição de testes em animais. No entanto, muitas empresas ainda optam por essa prática, considerada por muitos estudiosos e ativistas como cruéis e ultrapassadas, pois acredita-se que ela fornece resultados mais compatíveis com a realidade.
Entre os tipos mais comuns de testes estão: o teste de irritação para os olhos, o teste Draize de irritação da derme e o teste LD-50. Esses nomes científicos mascaram a violência e os maus tratos empregados nesses procedimentos. Para observar as reações de cosméticos nos olhos, o teste em animais consiste em aplicação direta do produto nos olhos dessas cobaias, podendo-se, caso considerado necessário, manter os olhos permanentemente abertos com o uso de clipes de metal que seguram as pálpebras. O resultado disso: dor extrema e mutilação, geralmente conduzida á cegueira, pois os danos causados aos olhos são irreparáveis, deixando-os ulcerados. No final, os que sobrevivem são sacrificados para a averiguação das consequências internas causadas pelo experimento. Para prevenir que os bichos arranhem os olhos, são imobilizados em suportes, de onde somente as suas cabeças se projetam. Já o teste Draize, investiga danos à pele administrando o produto diretamente em regiões de pele raspadas e/ou feridas. Para isso, fitas adesivas são pressionadas e arrancadas da pele do animal até que se obtenha o estágio de carne viva. O LD-50 (do inglês “Lethal Dose 50 Percent”) é o teste para detectar qual a quantidade de substância que matará a metade do grupo de animais, num tempo pré-determinado, se ingerida ou inalada forçadamente ou, exposta de alguma maneira. Durante o período de teste, os animais normalmente sofrem de dores angustiantes, convulsões, diarreia, supuração e sangramento nos olhos e boca. Ao fim do teste, os animais que sobrevivem são descartados.
Com base nos exemplos anteriormente citados, gera-se o debate sobre os direitos dos animais e o trabalho do profissional de relações públicas. A maioria das empresas que pratica esse tipo de teste afirma que garante as condições de bem-estar necessárias aos animais e que todo o processo é realizado visando o mínimo de dor, sofrimento e crueldade, podendo-se até fazer uso de anestesias. Cabe ao departamento de relações públicas de empresas praticantes de testes em animais transmitir ao público essa imagem de que os testes são necessários para garantir a integridade do produto do consumidor e que são conduzidos da maneira mais científica e humana possível.
Muitas alternativas para substituir esses testes já foram criadas, mas, no curto prazo, elas demandam mais recursos financeiros e profissionais com qualificação diferenciada. Entre elas estão o uso de pele sintética criada em laboratórios, modelos mecânicos e simulações computadorizadas.
No entanto, muitos cientistas afirmam que essas alternativas não substituem os testes em animais, pois estes têm uma grande margem de acerto em predizer os efeitos de novas substâncias em organismos humanos, mesmo tendo organismos diferentes. Eles alegam que as consequências de vender cosméticos com substâncias que não passaram por tais procedimentos seriam terríveis, e acreditam que os testes são imprescindíveis para se conhecer os efeitos fisiológicos de uma nova substância no organismo como um todo. L’Oréal, Botox, Cover Girl e Johnson & Johnson são algumas das marcas que ainda testam em animais.
Para as empresas que aboliram ou que desde o princípio abdicaram desse tipo de prática, a atuação do profissional de relações públicas ajuda a criar o conceito de uma marca ecologicamente correta, que respeita a ética e a integridade física e moral dos animais. A consideração de que a saúde e o direito a uma vida digna de um animal é de igual importância a de um humano é, sem dúvidas, levado em conta na hora da escolha do produto. Mostrar esse tipo de engajamento e criar um conceito e uma imagem que agreguem fatores positivos ao produto e à marca, vinculando-os com o compromisso social e ecológico, são formas eficientes e inteligentes de atrair consumidores. Nos dias de hoje, não consumimos apenas um produto, consumimos ideologias, conceitos e imagens que nos representam como pessoas.
Os que condenam os testes em animais afirmam que atualmente não há mais a necessidade de praticar tal ato, pois os resultados obtidos em testagens passadas são suficientes
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