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Recensão Investigação- Ação

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Por:   •  7/7/2013  •  1.939 Palavras (8 Páginas)  •  380 Visualizações

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Recensão Crítica

Visão Panorâmica da Investigação-Acção

Esteves, Lídia (2008). Visão Panorâmica da Investigação-Acção. Porto: Porto Editora.

“ A complexidade da configuração social, tal como a complexidade da configuração da organização que é a escola, requer outros modos de ensinar, pois o ensino se faz, no aqui e no agora cultural, social e histórico, não numa sala asséptica que a escola desinfetasse dos problemas sociais e exteriores.”

Oliveira Formosinho, 2007, In Esteves, 2008, pp.7

Doutoranda: Antónia Carreira

Introdução.

É neste contexto de ação, dentro de uma realidade concreta, no âmbito de uma investigação qualitativa, que Esteves antevê a necessidade premente do investigador se localizar dentro da ação para nela poder atuar de uma forma mais incisiva e sistémica, com o intuito de resolver ou minorar problemas existentes. Surgem então dilemas éticos que questionam a posição do investigador, relativamente ao paradigma positivista, detentor de objetividade e de um paradigma qualitativo clássico, que afasta o investigador do seu local de estudo. São então esboçados caminhos explicativos ao longo dos capítulos analisados, sete e oito respetivamente, que nos auxiliam a compreender a validade da investigação-ação, a posição do investigador e os dilemas éticos nela inseridos. Nesta obra iremos analisar o capítulo sete que aborda a Ética na Investigação (p.106-107) e o capítulo oito que aborda a Construção, a Fundamentação e Legitimidade Científica (p.108- 118), a fim de dar resposta às questões orientadoras propostas.

Síntese.

No capítulo 7, Esteves interroga-se sobre o limite do investigador numa investigação-ação, bem como do uso público que deverá fazer após a investigação. O investigador questiona-se, relativamente à posição de distanciamento de que não possui e à necessidade de objetividade que qualquer investigação necessita. Esteves refere que num trabalho colaborativo, donde advém a construção do conhecimento, é fundamental o estabelecimento de laços de confiança. Esta proximidade e envolvimento na ação e investigação, em vez de se considerar um entrave ao conhecimento, assume a dupla função, de facultar e evidenciar um conhecimento mais profundo dos processos sociais. Esteves prevê, a fim de suprimir os dilemas éticos, a importância fundamental de esclarecer todas as questões através de um contrato de confiança e de responsabilidade. Esteves refere sumariamente algumas atitudes éticas a respeitar (p.107), pretendendo assegurar entre outros aspetos a garantia de que nada será publicado sem consentimento dos participantes, bem como a confidencialidade de dados para que os laços de confiança entre o investigador e os participantes sejam defendidos.

No Capítulo 8, “Construir e Fundamentar a legitimidade científica”. Esteves propõe-se justificar a validação e generalização da investigação-ação. O autor faz referência a fragilidades apontadas nos estudos qualitativos, impeditivas da construção da validade dos estudos: falta de preparação metodológica dos professores (a). Falta de condições logísticas (b). São ainda referidas fragilidades éticas (c). Outra questão levantada concentra-se na duplicidade de papéis (d). O professor é simultaneamente investigador e professor. Para alguns autores traduz-se na falta de objetividade e de distanciamento entre o investigador. Para outros esta duplicidade pode permitir a constituição de pontes entre a teoria e a prática.

Coloca-se então a questão da validade do conhecimento das ciências humanas, nomeadamente no campo da investigação-ação. A validade é considerada por Esteves e partilhada por diversos autores como um conceito polissémico. O autor aponta-nos alguns fundamentos que contribuem para a validade da IA: A reflexividade, e a escolha coerente do processo e das opções da investigação. Relativamente à validade e generalização, refere que existe uma deslocação da generalização para a contextualização, ou seja, determinado conhecimento será considerado válido para o contexto onde lhe é atribuído significado.

Crítica.

Esteves, ao longo dos capítulos analisados, aborda todas as questões orientadoras propostas para análise nesta recensão. Existe no entanto uma transversalidade e interdependência em todas elas, com especial relevância para os dilemas éticos. Iremos explorar de forma crítica os mesmos, tendo em conta estas considerações.

a) Posição do investigador.

O Investigador assume-se dentro do plano de ação, inversamente a uma visão positivista, que aborda uma verdade única, objetividade e medições. Afasta-se igualmente de uma visão qualitativa clássica, que afasta o investigador da ação para melhor fiabilidade. A investigação-ação é uma investigação particular, porque se baseia em problemas contextuais específicos de uma realidade. A inclusão do investigador dentro do contexto investigativo, faculta e evidencia conhecimentos mais profundos da realidade social que se explora, que seriam difíceis de obter através de um investigador externo, opinião partilhada por nós com McMillan e Schumacher (1993). A propósito das fragilidades éticas referenciadas no resumo, considerou-se como d), a referente à duplicidade de papéis. Nesta, existe uma crítica e contraposições de pareceres que Esteves (2008) realiza entre Huberman (1996) e Burnaford (2001). O primeiro entende que a distanciação de um estudo é fundamental e afeta a objetividade, o segundo refere que uma “objetividade desapaixonada não tem lugar numa sala de aula”. Partilhamos o nosso parecer com esta última opinião, porque entendemos que é necessário envolvimento do professor/ investigador, para que a informação e a produção de conhecimento se processe de forma natural. Consideramos igualmente e bastante atualizada a opinião Schon (1993), que refere que a duplicidade de papéis e permite a construção de pontes entre a teoria e a prática. Nas nossas escolas verificamos algum desfasamento entre pessoas que se encontram com a coordenação de departamentos e com turma, demasiado teóricos, ao nível estatístico e pouco práticos em termos pedagógicos, o know-how tecnológico e legislativo não pode substituir o pedagógico, deve na nossa opinião existir um consenso em termos de aplicabilidade, caso contrário a qualidade das escolas é bastante questionável. Se este depoimento

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