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Reflexões de Frankfurt e revolução amor

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Por:   •  25/2/2015  •  Resenha  •  2.202 Palavras (9 Páginas)  •  315 Visualizações

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Razão e afeto, justiça e

direitos humanos: dois

paralelos cruzados para

a mudança paradigmática.

Reflexões frankfurtianas

e a revolução pelo

afeto

Recebimento do artigo: 12/02/2008

Aprovado em: 18/02/2008

Eduardo C. B. Bittar

São Paulo, SP, Brasil

edubittar@uol.com.br

Livre-Docente e Doutor. Professor

Associado do Departamento de Filosofia e

Teoria Geral do Direito da Faculdade de

Direito da Universidade de São Paulo.

Professor do Instituto de Relações

Internacionais da USP. Membro Titular da

Cátedra Unesco-USP de Direitos Humanos.

Pesquisador-sênior do Núcleo de Estudos

da Violência da USP. Presidente da

Associação Nacional de Direitos Humanos

(ANDHEP/ NEV-USP). Professor e

pesquisador do Mestrado em Direitos

Humanos do UNIFIEO.

Sumário

1 Modernidade e racionalismo: para uma

crítica da razão instrumental. 2 Racionalidade

e cientificismo: para uma crítica da razão

acadêmica. 3 O lugar do afeto como lugar

da razão: Éros, razão e biofilia. 4 Razão,

afeto, direito e justiça. 5 Cultura e educação

em direitos humanos e para os direitos

humanos: a ética do cuidado e a dignidade

da pessoa humana. 6 Conclusões. 7

Referências.

Resumo

Trata-se de estudar a forma moderna de razão,

para, através de uma crítica a este modelo,

pensar o tema da emancipação pelo afeto, o

que implica numa reflexão sobre a relação entre

razão e sensibilidade.

Palavras-chave

Razão. Afeto. Sensibilidade. Direito. Justiça.

Abstract

This article studies the modern form of reason for,

through a critical to this model, thinking the issue of

emancipation by affection, which means a reflection

on the relationship between reason and sensibility.

Key words

Reason. Affection. Sensibility. Law. Justice.

Revista Mestrado em Direito Osasco, Ano 8, n.1, 2008, p. 99-128

Eduardo C. B. Bittar

100 1 Modernidade e racionalismo: para uma crítica da razão instrumental

A racionalidade que emerge da modernidade não esgota a noção de razão e não

realiza plenamente a idéia de razão. A racionalidade que emerge da modernidade é

um minus com relação à própria idéia, em potencial, da razão. Por isso, entre outras

coisas, o que se constata é que a idéia de razão que emerge da modernidade forma

uma relação de exclusão com a idéia da emoção. O conflito entre razão e éros é um

claro produto da modernidade, seguindo uma tradição que já está instalada na

dimensão da tradição ocidental, que dicotomiza alma e corpo, que diferencia o

“alto” do “baixo”, o céu do inferno, dentro da tradição platônico-agostiniana, e do

monoteísmo logocêntrico judaico-cristão1, permitindo que cisões e fraturas

vertiginosas e inconciliáveis existam também entre pensamento e sentimento, entre

mente e coração e entre verdade e paixão.2

E isto porque a razão que emerge da modernidade é a razão instrumental

(Instrumentellen Vernunft)3, uma forma de razão que dilacera a existência humana

em sua plenitude, reduzindo-a a um de seus aspectos. Esta forma assumida pela

razão moderna, como razão técnica, de cujo aproveitamento a esteira de produção

retira seus benefícios produtivos, revela potência, dominação, desmistificação, e

age ao modo de algo que rompe o véu da ignorância, que desvirgina o mundo, o

mistério, a natureza e, exatamente por isso, se converte em razão instrumental. O

império do moderno produz o eu-máquina, aquele que opera, que está se

chafurdando na dimensão de uma práxis de fazeres, que distancia o ego da percepção

de si e da percepção do outro. Onde há utilidade, há verdade, e onde há trabalho

produtivo, há compensação econômica. “A racionalidade técnica hoje é a

racionalidade da própria dominação. Ela é o caráter compulsivo da sociedade

alienada de si mesma”, afirmam Horkheimer e Adorno.4 Esta forma de razão produz

a instrumentalização da natureza, do outro, do corpo, do espírito, da coexistência,

1 A respeito, conferir verbete lógos, em: PETERS, F. E. Termos filosóficos gregos: um léxico histórico.

2. ed. Tradução de Beatriz Rodriguez Barbosa.

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