Resenha do filme Histórias de cozinha

O filme “Histórias de cozinha”, de Bent Hamer, se passa na Noruega pós-Segunda Guerra. No longa, uma empresa sueca busca desenvolver um design ideal para cozinhas, e assim coloca pesquisadores para observarem o comportamento de homens solteiros, noruegueses, em tal cômodo. O pesquisador ficaria na casa do solteiro, devendo posicionar-se sentado em uma cadeira elevada, de modo que tivesse uma ampla visão da cozinha, observando todos os seus hábitos. Apesar de passarem o dia juntos, era proibido que eles tivessem qualquer interação.

O filme foca em Folke, um pesquisador, e Isak, um fazendeiro solteiro e anti-social, o anfitrião. De início, Isak relutou em contribuir para a pesquisa, deixando de usar a cozinha, para evitar ser observado. Folke chegou a pedir para seu supervisor que lhe fosse designada outra pessoa, pois sua pesquisa não estava evoluindo com Isak.  

Aos poucos, pesquisador e pesquisado passaram a interagir, quebrando a proposta de que não se comunicassem. É da natureza humana se conectar, assim, Folke e Isak acabaram cedendo a isso, formando uma amizade. Por consequência, era esperado que a pesquisa fosse comprometida. Porém, a relação entre eles na verdade contribuiu para o entendimento de Folke a respeito da cozinha de Isak.

O filme traz, de maneira sutil, uma clara crítica à ideia corrente de que, em experimentos científicos, o pesquisador deve se portar de maneira totalmente objetiva. De fato, certa imparcialidade da parte do pesquisador é necessária, porém, esperar que um indivíduo seja integralmente neutro em um estudo social é algo que chega a ser inalcançável e, talvez, não tão benéfico.

 

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