Resenha livro Sociologia das Relações Internacionais
Por: natnatnathie • 17/5/2015 • Resenha • 3.570 Palavras (15 Páginas) • 1.033 Visualizações
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
NATHÁLIA CAMILLE DA SILVA FERREIRA
SOCIOLOGIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Rio de Janeiro
2014
O livro Sociologia das Relações Internacionais, foi escrito por Marcel Merle em 1974, época em que a sociologia e seu estudo a cerca da interpretação dos fatos internacionais eram pouco desenvolvidas e sofriam um pouco de resistência na França.
Na introdução, o texto se inicia retratando que, diferente da sociologia e da ciência política, a expressão "relações internacionais" teve mais dificuldade de se impor como disciplina, pelo fato de não passar a ideia de se tratar de uma ciência e de dar a impressão de se referir a fatos imprecisos.
Merle afirma que grande parte dos problemas das Relações Internacionais se dá pela falta de compreensão da palavra "internacional", uma vez que a má compreensão de tal termo prejudica o estudo e a resolução dos problemas que o envolvem.
Outro ponto explorado por Merle foi o que as Relações Internacionais podem não ser ignoradas, porém não são retradas como disciplinas maiores, mas sempre como um ramo de várias disciplinas separadas, como a história, economia ou direito, como ele mesmo exemplifica.
O autor cita Inglaterra e Estados Unidos como os países em que se originou o estudo científico das Relações Internacionais, tratando a disciplina com um tom mais autônomo e com lugar garantido nos programas dos departamentos de ciência social ou política na maioria dos estabelecimentos de ensino superior, diferentemente de como era retratada na França, que costumava estabelecer uma ideia de que o estudo das relações internacionais não são suficientes e precisam necessariamente serem anexados ao estudo de qualquer outro aspecto, como econômico ou histórico.
Dessa forma, a abordagem dos problemas das relações internacionais deveriam ser globais e sistemáticas, ou seja, gerar um olhar panorâmico a cerca da realidade internacional e buscar assemelhar a disciplina por meio de métodos para adquirir conhecimentos.
Em seguida, o autor aborda a identidade de objeto das relações internacionais, que, em suma, se trata de relações entre Estados, logo, pode-se deduzir que estão inclusas na ciência política, pois há relações de poder. A critica se dá pelo fato de não haver um poder organizado no Sistema Internacional, uma vez que todos os Estados são detentores de soberania, ou seja, não reconhecem nenhuma entidade igual ou superior a eles.
Também é abordada a questão da identidade de método, que afirma que assim como grande parte das ciências sociais, um método específico. A heterogeneidade de métodos se torna um dos fatores que ratificam, na França, essa falta de percepção e reconhecimento de ciência autônoma.
O autor ressalta também a diferença dos campos de observação entre a ciência política e as relações internacionais. Ele afirma que a ciência política é o estudo dos problemas políticos internos e externos, ressaltando que deve-se distinguir a política interna da política externa. Enquanto o primeiro estuda os problemas nacionais, o último se dedica ao estudo dos problemas internacionais. Já a disciplina das relações internacionais se caracteriza por ser o "ramo da ciência política dedicado ao estudo dos problemas internacionais".
Merle dedica parte de sua introdução refutando a cerca da expressão "sociologia das relações internacionais", declarando que tal expressão é usada por ser mais neutra, a fim de não confundir os leitores, especialmente os que não estão familiarizados com os debates a cerca da ciência política.
É importante ressaltar que o autor afirma que todo tipo de informação que está a disposição da sociedade são minuciosamente selecionadas. Aliás, há a intervenção da mídia que, por sua vez, decide quais informações serão escolhidas de acordo com o que julga ser mais interessante ao público, fazendo com que só favoreça uma parte dos espectadores. Dessa forma, se faz necessária a busca de diversas fontes sobre uma mesma informação, por isso Marcel Merle aborda três tipos diferentes de percepções das Relações Internacionais, com o intuito de oferecer uma visão global de cada um dos princípios de maneira que provoque o desenvolvimento de opiniões divergentes sobre o tema.
Capítulo 2 - O Conceito Marxista
O capítulo em questão trata do conceito marxista e é baseado nas teorias socialistas desenvolvidas no século XIX por Karl Marx. Trata-se de uma concepção que rompe com o tradicional. Entretanto, serão retratadas a seguir, as contradições e modificações sofridas pelas práticas marxistas, devido as adaptações do conceito feitas por diferentes autores do sistema, que relativamente, acabou se tornando bem diferente do que era inicialmente pregado por Marx. Essencialmente, o marxismo influenciou no bem-estar social e buscava confrontar a realidade do sistema capitalista vigente.
Segundo Merle, a teoria de Marx adquiriu relevância por duas razões. A primeira resulta do número considerável de pessoas aderiram e desenvolveram o pensamento marxista. O autor usa como exemplo a URSS, Cuba e China, que são países cujos governantes se denominam discípulos do marxismo.
A outra razão decorre da proposta de total ruptura teórica com o que se era dito anteriormente, discordando-se da visão realista/capitalista.
É de suma importância esclarecer que Marx não escreveu uma teoria das Relações Internacionais, uma vez que ele não era um internacionalista, mesmo que suas ideias sejam voltadas para o campo internacional. Porém, seus estudos serviram de base para os herdeiros de seu pensamento, que construíram uma teoria a partir do século XX.
Marx afirma que o mundo é comandado pelas lutas de classe, decorrentes das relações de produção, que são a maneira com a qual os seres humanos usam para organizar suas relações de trabalho, tanto quanto a produção e distribuição dos bens materiais.
O conceito de materialismo histórico baseia-se no conflito entre a parte da sociedade que quer manter a situação de desigualdade e a outra que quer mudá-la, tendo assim, a burguesia, que visa apenas o aumento de seu capital, não se importando em abusar do seu poder para oprimir e o proletariado, a classe oprimida.
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