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SERVIÇO SOCIAL E CULTURA: CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS CONCEPÇÕES DE CULTURA NA TRAJETÓRIA DA PROFISSÃO NO BRASIL DESDE A SUA GÊNESE ATÉ OS ANOS 1990

Por:   •  26/4/2018  •  Resenha  •  930 Palavras (4 Páginas)  •  340 Visualizações

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SERVIÇO SOCIAL E CULTURA: CONSIDERAÇÕES ACERCA DAS CONCEPÇÕES DE CULTURA NA TRAJETÓRIA DA PROFISSÃO NO BRASIL DESDE A SUA GÊNESE ATÉ OS ANOS 1990 MOLJO, Carina. CUNHA, Ariane Monteiro. Serviço Social e Cultura: Considerações a cerca das concepções de cultura na trajetória da profissão no Brasil desde a sua gênese até os anos 1990. Libertas, Juiz de Fora, v.4 n.1, p. 78 - 104, jul./dez. 2009.

Neste artigo, as autoras realizam uma reconstrução histórico-crítica, e analisam como o Serviço Social, no seu percurso histórico de 1930 a 1990, se aproximou e se apropriou das diferentes concepções de cultura. Para os estudos sobre os momentos históricos da profissão, foram colocadas as demandas para o Serviço Social e as respostas que a categoria tem sido capaz de formular, apresentando também as concepções de cultura presente em cada período histórico. Estudar a cultura em suas diferentes acepções permite compreender as relações entre as diversas práticas sociais e como são vividas e experimentadas, em sua totalidade, pelos indivíduos em um determinado período histórico da sociedade. Para as autoras, cabe ao Serviço Social, como profissão interventiva que é, buscar compreender o homem enquanto ser humano, considerando os seus aspectos culturais, uma vez que estes compõem a sua vida particular e social. Assim, na medida em que o homem constrói a sua vida, sua história, e traça a história da humanidade, ele se transforma e nessa mesma medida, também transforma a sociedade. No Brasil, o Serviço Social surgiu em meados da década de 30, quando o Estado Novo se instituiu e precisou adotar política de massa frente à duas demandas que surgiram: controlar os setores urbanos e buscar, nesses mesmos setores, sua legitimação. Desse modo, objetivando respostas à essas demandas concretas, 1 impostas pelo Estado e pela classe trabalhadora, foi que nasceu o Serviço Social, diretamente relacionado aos processos políticos e sociais constituídos no capitalismo monopolista, que teve que assumir uma faceta humanitária, que escondia os reais interesses hegemônicos em repreender e controlar o movimento operário com o intuito de barrar o desenvolvimento e a organização política do proletariado. Moljo e Cunha afirmam que a prática do assistencialismo social, à época, fundamentava-se na ‘reeducação’ das classes subalternas, que aprendiam regras de bom senso e moralidade e tinham suas personalidades remodeladas. A categoria cultura destacou-se nos debates, referentes à profissão do Serviço Social, devido principalmente à aplicação do Serviço Social de Comunidade, projeto este que objetivava unir os esforços do povo e governo como modo estratégico para alcançar o desenvolvimento e modernização estrutural e cultural. À época, a mudança cultural era tida como fundamental para o desenvolvimento da nação, logo os assistentes sociais passaram a se definir como profissional técnico aos quais cabiam o enfrentamento dos problemas sociais que derivavam, em suma, da pobreza, com o propósito de trabalhar as "deficiências culturais" arraigadas, sobretudo, nas comunidades. Cabia ao Serviço Social a tarefa de implantar programas que favorecessem a mudança cultural do povo. No período de 61 a 64, teve inicio o desenvolvimento de uma perspectiva crítica ao Serviço Social tradicional, que gerou agitação politica e ganhou força. Nos anos que antecediam a ditadura militar, os proletários urbanos e rurais, em conjunto com outras classes subalternas ganharam força na reinvidicação por direitos e mudanças. A Igreja católica também foi atingida pelos efeitos transformadores sociais e, consequentemente, o Serviço Social, historicamente ligado a igreja, foi influenciado por seus novos direcionamentos. Surgiu um movimento cultural forte que buscava inspiração em posicionamentos democráticos e progressistas, e que através de discussões, encontros etc. manifestava interpretações sobre a realidade brasileira e possíveis soluções para o 2 desenvolvimento da nação. Porém, houve o golpe e na ditadura militar, a autocracia burguesa procurou controlar a vida cultural no país, tendo como principal função eliminar a resistência cultural às inovações e reprimir as vertentes mais críticas do mundo da cultura. Passou também, a investir num assistente social que fosse técnico, eficiente e, sobretudo ‘asséptico’. A ditadura passou rapidamente de um regime reacionário para um regime fascista que levava as pessoas a ter medo de fazer qualquer intervenção no espaço público. Frente à essa nova realidade, o Serviço Social, com sua formação antiga, já não conseguia responder às demandas. Desse modo, abriu-se espaço para a Renovação do Serviço Social no Brasil, constituídas em três vertentes: a Modernização Conservadora, baseada nas vertentes modernas, que davam à cultura um elemento dinâmico a favor do desenvolvimento econômico; A Reatualização do Conservadorismo, que assumia uma perspectiva baseada na fenomenologia; e a Intenção de Ruptura que entendia a cultura como a cultura do povo e a necessidade da mobilização social a favor das mudanças sociais. No período posterior a ditadura, o Serviço Social foi marcado por sua ampla participação na sociedade, na sua reorganização interna e na esfera pública. Seu protagonismo também foi marcante em outras políticas como às voltadas para crianças e adolescentes e sua participação na Constituinte de 1988, todos esses fatores contribuíram para o amadurecimento intelectual do Serviço Social, assim como, para a hegemonia do projeto ético-político do Serviço Social. Entretanto, não se pode esquecer que esse contexto também foi marcado por profundas mudanças estruturais que agravaram as questões sociais. A instauração do neoliberalismo nascia concomitantemente a Constituinte de 1988, num contexto adverso à concretização efetiva dos direitos sociais. Portanto, de acordo com Moljo e Cunha, os anos 90 representaram um momento de inflexão no Serviço Social, já que todo o avanço teórico-metodológico e político que vinha se erguendo enfrentava a hegemonia das políticas neoliberais que se chocavam diretamente com o projeto ético-político, uma 3 vez que as políticas do neoliberalismo são absolutamente contrárias àquelas defendidas pelo Serviço Social.

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