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SOCIEDADE E TECNOLOGIA

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Por:   •  4/3/2014  •  2.700 Palavras (11 Páginas)  •  351 Visualizações

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1. Introdução

A Ciência desenvolveu-se, em parte, pela necessidade de um método de conhecimento e compreensão mais seguro e digno de confiança, do mundo que nos rodeia (Kerlinger, 1984). Desta forma, tornou-se necessário inventar uma abordagem do conhecimento, apta a permitir uma informação válida e fidedigna sobre fenómenos complexos, incluindo o complexo fenómeno do próprio Homem e dos seus comportamentos.

Como tal, este estudo de revisão tem como objectivos: (i) definir o âmbito de estudo das Ciências Sociais; (ii) delimitar os paradigmas da investigação em Ed. Física e Desporto; (iii) conhecer o contexto português no que se refere à Investigação & Desenvolvimento (incluindo o seu financiamento); e, (iv) salientar algumas questões e princípios éticos na investigação em Ciências Sociais.

2. A investigação em ciências sociais

2.1. O âmbito de estudo das ciências sociais

O conceito de Ciências Sociais ou como refere Nunes (1987), Ciências do Homem, só existe numa concepção fragmentária, englobando um conjunto de ciências dispares e desconexas. Neste contexto abrangente, Silva e Pinto (1986) apresentam como algumas destas ciências, a Sociologia, a Economia, a Psicologia Social e a Antropologia, às quais, Nunes (1987) adiciona a Geografia Humana, a Demografia, a Ciência Política, a Linguística e a Etnologia Social.

Tornando-se difícil definir qual o objecto de estudo comum a estas disciplinas, Piaget designou-as de nomotéticas, dado que visam enunciar leis cientificas e recorrem a métodos de verificação que sujeitam os esquemas teóricos, ao controlo dos factos da experiência. Mas uma pergunta inerente, fica por resolver. O que são realmente as Ciências Sociais e o qual o seu objecto de estudo?

Silva e Pinto (1986) afirmam que o objectivo comum às ciências sociais, é a procura do conhecimento da realidade. Não aprofundando as questões filosóficas inerentes a esta delimitação, estes mesmos autores, definem essa procura, pela construção de quadros categoriais, operadores lógicos de classificação e ordenação, mediante processos complexos influenciados ainda pelas nossas necessidades, vivências e interesses, construindo desta forma, instrumentos que nos proporcionem informação sobre essa realidade e formas de a tornar inteligível, sem nunca se confundirem com ela. Gurvitch (1963; cit. por Nunes, 1987) realça o facto de que a realidade estudada por estas ciências, é uma só, sendo esta a condição humana considerada sobre uma certa perspectiva e tornada objecto de um método de investigação específico.

Desta forma, as Ciências Sociais exprimem uma unidade (objectivo comum de estudo), resultante da diversidade do estudo de diferentes fenómenos ou realidades, presentes nas disciplinas nomotéticas. Contudo, é necessário mencionar que as diferentes disciplinas anteriormente referidas e apesar de terem em comum o mesmo objectivo de estudo, distinguem-se nas metodologias utilizadas, em 4 níveis (Nunes, 1987):

os fins ou objectivos que orientam a investigação, ou seja, o que interessa aos investigadores analisar, explicar e compreender;

a natureza, condicionada por esses fins, dos problemas de investigação que os investigadores definem como sendo aqueles sobre os quais a sua pesquisa deve incidir;

os critérios utilizados pelos investigadores, a fim de se seleccionarem as variáveis relevantes para o estudo desses problemas; e,

os métodos e técnicas de pesquisa empírica e de interpretação teórica que os investigadores considerem adequados para trabalhar com as variáveis escolhidas, resolver os problemas de investigação com que se defrontem e atingir os fins ou objectivos visados.

De acordo com Silva e Pinto (1986), as Ciências Sociais são uma criação recente de uma civilização, pelo que o seu desenvolvimento tem sido influenciado por diversos factores: (i) a sua própria evolução teórica; (ii) o dinamismo de outras ciências e formas de saber; e, (iii) as características desiguais de diferentes contextos institucionais e, em geral, sociais.

Numa perspectiva social, as acções humanas desdobram-se em práticas materiais e simbólicas, relações com a natureza e relações com outros homens, no âmbito de grupos com várias dimensões, dos grupos elementares como as famílias até às organizações vastas a que chamamos sociedades. Para Nunes (1987: 29), “a constituição das Ciências Sociais esteve directamente relacionada com a possibilidade histórica de afirmação da autonomia do social; isto é, com os desenvolvimentos sócio-económicos, políticos e teóricos, que nos séculos XVII, XVIII e XIX, impuseram a ideia da existência de uma ordem social laica e colectiva, não directamente determinada pela vontade divina, irredutível à acção social e submetida a leis”.

Numa delimitação histórica, não é possível definir datas e períodos que sustentem a formação das Ciências Sociais, dado que cada uma das disciplinas que constituem este universo que designamos de Ciências Sociais, possui a sua própria história, no decurso da qual acumulou um património especifico de paradigmas, teorias, técnicas e métodos, obras de referência e manuais de ensino, circuitos de difusão de resultados, esquemas de formação, competências, costumes, bem como, inércias profissionais (Silva & Pinto, 1986).

Em suma, torna-se necessário referir que a estrutura e funcionamento dos conhecimentos produzidos pelas Ciências Sociais, foram condicionados por outras instituições e dinâmicas sociais, sobretudo nas nações industriais avançadas, em que a investigação e tecnologia desempenham um papel crucial e por isso, estiveram sujeitos a intensas procuras e pressões de diversas proveniências, entre as quais, políticas, militares, económicas, entre outras (Silva & Pinto, 1986).

2.2. Os paradigmas da investigação em Ed. Física e Desporto

Tendo em conta, que o Desporto é um microcosmos da sociedade e que o seu estudo faz parte do domínio das Ciências Sociais, iremos delimitar e concretizar este sub-capítulo, remetendo-nos aos paradigmas existentes na investigação em Educação Física e Desporto.

Para Silva e Pinto (1986), entende-se por paradigmas, o conjunto de princípios, teorias, estratégias metódicas

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