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Sociologia, O Nome Da Rosa

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Por:   •  27/3/2014  •  1.043 Palavras (5 Páginas)  •  526 Visualizações

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Jean Jacques Annaud

Roteiro original de Umberto Eco

Tendo chegado ao final de minha vida de pecador, meus cabelos agora brancos, preparo-me para deixar aqui meu testemunho dos maravilhosos e dos terríveis eventos que testemunhei na juventude, no final do ano de 1327. Que Deus me conceda sabedoria e graça, para ser um cronista fiel dos acontecimentos ocorridos num remoto mosteiro no obscuro norte da Itália. Um mosteiro cujo nome parece mesmo agora clemente e prudente omitir. (Locução inicial do filme O Nome da Rosa).

Não é a primeira vez que assisto a O nome da Rosa, mas admito que diferente de outras obras que, depois de anos, reli ou revi, essa não perdeu nada de seu encanto. Na época, meu enfoque era a Filosofia, a rosa como o conhecimento cativo dentro da biblioteca secreta. Hoje posso dizer que o direito me chama mais a atenção.

Apesar de ser um assunto bem recentemente assimilado por mim, não me passa mais irrelevante obras que suscitam a relação entre ius civilis, ius commune, ius canonicus, transição de modelos políticos entre as idades Média e Moderna, redução das fontes do direito, retomada do poder pelo Príncipe, positivismo jurídico (que, na interpretação de Santo Agostinho, muito observado na época, dizia ser o direito positivado nas Sagradas Escrituras).

Faz-se através da obra uma ácida crítica à Igreja, percebível desde as primeiras cenas do filme no momento em que mestre Guilherme, chegando aos arredores do mosteiro, observa que, no alto da construção, abre-se periodicamente um portão de ferro, por onde os monges jogam fora os restos de alimentos da abadia. No pé da montanha, várias pessoas ficam esperando os restos de comida cair do céu, ou melhor, do alto do mosteiro. Noutros termos, diz à plateia mestre Guilherme em sua fala: “outra generosa doação da Igreja aos pobres!” (18º minuto de projeção).

O nome da Rosa sugere um ambiente no qual as contradições, oposições, querelas e inquisições, no início do século XIV, justificam ações humanas, as virtudes e os crimes dos personagens, monges copistas de uma abadia cuja maior riqueza é o conhecimento de sua biblioteca. Para os personagens, a discussão entre o essencial e o particular, o espiritual e a realidade material, o poder secular e a insurreição, os conceitos e as palavras que entranham pelo mundo numa teia de inter-relações das mais conflituosas. A representação, a palavra e o texto escrito passam a ter uma importância vital na organização da abadia, gestando o microcosmo do narrador.

Frei Guilherme de Baskerville é um franciscano que chega acompanhado de um jovem noviço da ordem de São Bento, Adso de Melk a uma abadia beneditina dos Alpes Italianos. A época é 1327.

Como serão conhecidas no final, as mortes no mosteiro têm alguma (mas não total) motivação sexual, mas o que estaria matando mesmo os religiosos era o veneno que algumas páginas de certos livros “proibidos” tinham em suas extremidades. Era costume dos monges, ao lerem os textos, molharem os dedos com a língua para que melhor pudessem folhear as escrituras. Nesse ato, sem querer, envenenavam-se e morriam. As páginas estavam envenenadas para que certos livros valiosos não fossem jamais lidos.

Dentre os livros que se queria esconder, estaria uma provável edição do Livro II da Poética de Aristóteles. Essa situação faz menção ao fato de que a Igreja, naquele momento histórico, tentando manter apenas sob o conhecimento de alguns as obras de grande sabedoria. Limitava-se o acesso a tais obras e, mesmo restrito o acesso, os que as liam eram lentamente mortos pela ação do veneno nas bordas das páginas.

Era fácil para a Igreja manter esse poder ideológico ficando na mente das pessoas, uma vez que ela não deixava espaço para tais pensarem a respeito. Isso significaria que

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