A Comunicação e Realidade
Por: Mauro Sansão • 11/9/2018 • Resenha • 3.016 Palavras (13 Páginas) • 273 Visualizações
▶FOLHA DE RESPOSTAS Prova de Comunicação e Realidade Brasileira Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Comunicação – Ciclo Básico Profª: R. Marie Santini Período: 2015.1 Turma EC1 | [pic 1] |
NOME DO ALUNO: LETÍCIA COSTA SANSÃO DRE: 115065951 |
QUESTÃO 1 (A resposta deve ser digitada fora desta caixa de texto, em letra Times New Roman, tamanho 12, espaçamento 1,5, conforme o exemplo a seguir). |
No livro Raízes do Brasil, o autor Sérgio Buarque de Holanda disserta sobre a influência da cultura europeia no Brasil, uma dessas influências é a independência dos homens europeus, para eles a questão da autonomia é de grande valor e tendem a ter uma visão particular do mundo e da figura humana. Essa influência culminou para o surgimento do personalismo, este pode ser entendido pelo autor como uma forma de representação onde a figura humana tem mais importância por algum benefício herdado, ou até uma relação pessoal mais importante, e cria assim um sentimento de superioridade umas sobre as outras. Tendo isso em vista, ele atribui o personalismo como um aspecto dos brasileiros, pois no Brasil as pessoas tendem a misturar questões burocráticas com particularidades, como se elas precisassem do reconhecimento de seus méritos sempre que as leis viessem as atingir particularmente, logo as pessoas tendem a valorizar alguma forma de relação pessoal para burlar o sistema e conseguir algum benefício para si mesmo, pelo fato de sua posição na sociedade atual. Um exemplo de personalismo é claramente visto no Brasil atual, onde constantemente podemos ver pessoas que conseguem facilmente benefícios por seus méritos pessoais, como aconteceu com um juiz federal ao ser parado em uma blitz da Lei Seca, por estar bêbado, porém no momento em que seria multado alegou ser juiz enquanto a pessoa que o multava era “apenas” uma agente de trânsito, então ele quis mostrar que ela estava errada de multar uma pessoa de “extrema importância” para a sociedade, vemos uma hierarquização onde o juiz quer burlar as regras por conta de sua posição social. Cabe dizer que o personalismo brasileiro tem grande relação com as práticas “comuns” de corrupção no país.
QUESTÃO 2 (A resposta deve ser digitada fora desta caixa de texto, em letra Times New Roman, tamanho 12, espaçamento 1,5, conforme o exemplo da questão nº 1). |
No livro Raízes do Brasil, o autor afirma que o Brasil contemporâneo tem suas características por conta do seu passado, da formação da sociedade, da colonização portuguesa aqui, tudo estaria ligado às suas raízes. Para Sérgio Buarque de Holanda, os portugueses eram os aventureiros, estavam dispostos a descobrir novas terras, conhecer o mundo sem restrições, mas não de criar cidades bem pensadas ali, não pensavam nas formas de perpetuação de uma cultura naquele meio, para estes aventureiros, era mais cômodo conviver com o que já havia ali, viver como índios viviam, conseguir os lucros imediatamente, ao invés de fazer algo mais elaborado e lucrar. Dentre essas heranças a forma do brasileiro lidar com o trabalho ainda é bastante parecida com a dos chamados aventureiros, que buscavam o lucro imediato, porque hoje em dia percebe-se o grande desejo de ser grande, e a pouca vontade de crescer aos poucos; as pessoas querem ser ricas, mas não querem se esforçar para tal, querem a facilidade e para isso buscam soluções muitas vezes ilegais, como ao pedir cargos em empresas onde há um vínculo familiar, essas relações impessoais vieram também da parte dos colonizadores, e é uma cultura ainda exercida aqui no Brasil. Ao contrário desse espírito aventureiro, temos o que Holanda chama de trabalhador, esses buscavam planejar tudo, para aos poucos terem seu devido sucesso mesmo que em um longo prazo, como visto no trecho de “Na volta da esquina”, seria um esforço para depois conseguir o desejado, diferente do trecho de “Macunaíma”, onde é mostrado o comodismo que pode-se relacionar com o aventureiro. Logo, compreende-se que os aventureiros eram os portugueses e espanhóis, que exploravam o trabalhador que era o índio, em busca de um lucro rápido, como os de plantações que mandavam diretamente para o comércio europeu.
QUESTÃO 3 (A resposta deve ser digitada fora desta caixa de texto, em letra Times New Roman, tamanho 12, espaçamento 1,5, conforme o exemplo da questão nº 1). |
“O Estado não é uma ampliação do círculo familiar” - Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil, o fato é que o patriarcado busca de toda forma e a todo tempo apropriar-se das funções públicas e consegue, no livro o autor ressalta o quanto é importante para os brasileiros juntar relações pessoais e impessoais, desta forma é refletido nos dias atuais como fato de políticos verem um cargo público como um domínio seu e de sua família, visando um lucro e interesse maior. Roberto DaMatta fala dessa relação em seu livro também, ao relatar que vínculos afetivos estão acima de entidades públicas. O Estado significa a impessoalidade, a igualdade e a liberdade, ou seja a perda do controle sobre o clã, não seria mais mantida desta assim a obediência ao patriarca. Desta forma observamos que o deslocamento do centro de poder se dá, primeiramente enviando para metrópole e capitais na busca do bacharelado de parte do clã, notadamente o primogênito. Vendo que o mando não está mais na zona rural e sim nas cidades, o patriarcado deixa a parte mais dependente (mais pobre) no campo e segue para onde irradia o poder. A apropriação do Estado se mantém quase que uma reprodução clã rural onde o barnabé é o trabalhador rural, os chefes de seção são os colonos, o diretor de departamento é seu compadre e mantem-se desta forma o status controlando os destinos e as decisões, por outro lado a manutenção do poder econômico já não está mais ligada à terra, mas à indústria, ao comércio e principalmente ao setor financeiro, vemos assim o deslocamento cada vez mais acelerado de aportes financeiros nas cidades, enraizando definitivamente uma concentração cada vez mais acentuadas das desigualdades que já eram anteriormente sentidas. Por conta disso, criou-se a imagem do círculo familiar como mais importante que as relações profissionais, porque a herança rural e essa imagem de família patriarcal ainda reina dentro de muitos brasileiros.
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