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A situação de comunicação e o gênero textual

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Por:   •  30/9/2013  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.412 Palavras (6 Páginas)  •  465 Visualizações

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FACCAT — FACULDADES DE TAQUARA

DISCIPLINA: LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS I

PROFESSORA: Juliana Alles de Camargo de Souza

AULA 1

1- A situação de comunicação e o gênero textual

Tomando como base o que nos fala Charaudeau (2008, p. 41): “Quando definimos as Circunstâncias de discurso, vimos que o ato de linguagem, como evento de produção ou de interpretação, depende ‘dos saberes supostos que circulam entre os protagonistas de linguagem’. Esses saberes são correlativos à dupla dimensão Explícito/ Implícito do fenômeno linguageiro. Tal fato confirma a assimetria observada (...) entre o processo de produção e o processo de interpretação do ato de linguagem.”

Universo de discurso do EU

Universo de discurso do TU’

(CHARAUDEAU, 2008, p. 45)

O esquema acima dá conta desse jogo ou da situação do ato de linguagem como um ato inter-enunciativo entre... quatro sujeitos!

Além disso, ao comunicar algo, o sujeito de comunicação está inserido numa situação de comunicação, numa espécie de jogo ou encenação, conforme esse autor denomina.

Pode-se assim representar a situação de comunicação:

SITUAÇÃO DE COMUNICAÇÃO

(Finalidade)

(Projeto de fala)

Dizer

Espaço interno

(CHARAUDEAU,

2008, p. 52)

Espaço externo

Assim, o gênero nasce nesse circuito e é uma resposta à necessidade de alguém, em um dado momento, de comunicar algo a outro(s) alguém. A finalidade e o projeto de fala são, portanto, elementos fundamentais nesse quadro em que se configuram os pontos sobre os quais se desenha a situação de comunicação. Quem fala ou escreve elabora um conjunto de estratégias, pois é por meio delas que alcança a finalidade a que se destina essa fala ou essa escrita. Isso será vivenciado nos exercícios práticos que se farão a seguir.

2- Algumas considerações sobre a noção gênero textual

A noção gênero textual tem atraído o interesse de muitos professores e pesquisadores, principalmente a partir de sua incorporação em documentos como os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), que apontam os gêneros como objeto de ensino e os textos como unidade de ensino. De acordo com os PCNs, ensinar língua supõe ensinar diferentes gêneros. Mas, afinal, o que são gêneros textuais? Quais as diferenças entre gêneros textuais e tipos textuais? Por que a noção gênero textual aparece como um instrumento mais profícuo que o conceito tipo de texto para o ensino das práticas de leitura e produção de textos? São esses alguns dos tópicos aqui discutidos.

A noção gênero textual relaciona-se a uma concepção de língua viva, de língua como uma atividade social e histórica, de língua como produtora da história dos homens. Tal concepção privilegia a natureza funcional e interativa, em detrimento de aspectos formais e estruturais da língua. Segundo essa visão, é impossível comunicar-se verbalmente a não ser por algum gênero, assim como é impossível comunicar-se verbalmente a não ser por um texto (Marcuschi, 2002).

Enquanto a noção tipo textual designa uma espécie de construção teórica definida pela natureza lingüística de sua composição (léxico, sintaxe, tempos verbais, etc.) e, em geral, abrange algumas poucas classificações (narração, argumentação, exposição, descrição, injunção), a noção gênero textual refere-se aos textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica (Marcuschi, 2002). Ao contrário dos tipos de texto, os gêneros são inúmeros: carta comercial, carta pessoal, sermão, lista de compras, e-mail, artigo de opinião, artigo de divulgação científica, notícia de jornal, horóscopo, receita culinária, outdoor, resenha, charge, cartum, edital de concurso, piada, conto de fadas, conversação espontânea e assim por diante. É importante ressaltar que, com o passar dos tempos, novos gêneros vão surgindo. Tomem-se como exemplo disso os gêneros surgidos com os avanços da informática: bate-papo por computador, e-mail, etc.

A fim de exemplificar um pouco melhor essa distinção, tomem-se como exemplo os gêneros conto de fadas e narrativa de aventura. Dentro de uma classificação que leva em conta tipos textuais, seria possível classificá-los como “textos narrativos”, uma vez que, grosso modo, reconhece-se neles a “superestrutura” do texto narrativo (situação inicial, complicação, fase de ações, fase de resolução e situação final). Entretanto, esses gêneros possuem grandes diferenças entre si. Um conto de fadas, por exemplo, apresenta elementos (bosque, floresta, príncipes, princesas, etc.) muito diferentes dos de uma narrativa de aventuras (piratas, jovens aventureiros, embarcações, etc.). Assim, cada gênero apresenta conteúdos específicos de ensino a ele relacionados. Nesse caso, enquanto a noção tipo de texto permite trabalhar apenas com a narrativa em geral, a noção gênero de texto permite que se englobem as diferenças específicas desses gêneros. Além disso, esta noção permite trabalhar com elementos do social e do histórico, com a situação de produção (quem escreve/fala, para quem, em que situação, em que veículo, com que finalidade), com o conteúdo temático (o que pode ser dizível no gênero), com a construção composicional (sua forma de dizer, sua organização

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