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Friends e a Indústria Cultural

Por:   •  23/2/2016  •  Ensaio  •  1.197 Palavras (5 Páginas)  •  515 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ALUNO: PEDRO HENRIQUE FERREIRA SOUSA CARVALHO                

TURMA: EC1

FRIENDS E A INDÚSTRIA CULTURAL

Ensaio sobre a forma como Friends usou estratégias da Industria Cultural, discutidas por Theodor Adorno e Max Horkheimer no ensaio: A Indústria Cultural – O Iluminismo Como Mistificação Das Massas, para se tornar uma das séries de maior sucesso da história.

Friends é série televisiva de gênero sitcom que estreou em 1994 e que teve fim em 2004, tendo 10 temporadas que ainda são reprisadas na televisão fechada. A série gira em torno da vida de 6 amigos que moram em Nova Iorque: Rachel Green (Jennifer Aniston), Chandler Bing (Matthew Perry), Joey Tribbiani (Matt LeBlanc), Phoebe Buffay (Lisa Kudrow) e dos irmãos Ross e Mônica Geller (David Schuwimmer e Courteney Cox, respectivamente). É inegável o impacto que Friends causou, tendo influenciado em cortes de cabelo, alimentação e vestimenta de norte-americanos dos anos 90 até o início dos anos 2000. Qual será o motivo de tanto impacto? Como Friends se tornou o fenômeno cultural que foi e ainda é?

Identificação é um fator importante. A maioria das pessoas, em algum momento da vida, já se viram na situação de Ross durante a primeira temporada, a famosa Friendzone, termo que, inclusive, foi popularizado pela série, sendo dito por Joey no episódio The One With The Blackout (“Aquele Com o Apagão”). Os personagens da série ficam tristes após o término de relacionamentos, passam por “apertos” financeiros, sentem dúvidas sobre quem é o parceiro ideal e brigam com seus irmãos. Mas não apenas nos momentos infelizes nós nos identificamos: as mulheres da série discutem com as amigas sobre o encontro que deu certo e os homens assistem televisão e jogam videogame com os amigos. Eles são “gente como a gente”. Essa identificação não é inocente. Ela foi colocada ali com muito cuidado e tem um propósito. Segundo Adorno e Horkheimer,

A velha experiência do espectador cinematográfico para quem a rua lá de fora parece a continuação do espetáculo acabado de ver - pois que este quer precisamente reproduzir de modo exato o mundo perceptivo de todo dia - tornou-se o critério da produção. Quanto mais densa e integral a duplicação dos objetos empíricos por parte de suas técnicas, tanto mais fácil fazer crer que o mundo de fora é o simples prolongamento daquele que se acaba de ver no cinema. (...) A vida, tendencialmente, não deve mais poder se distinguir do filme.

Assim como queremos estar inseridos em um ambiente de convívio social ao qual nós nos identificamos, seja nos comportando como aqueles que pertencem a aquele grupo ou possuindo bens que eles possuem, nós também queremos fazer parte do grupo de amigos da série. Para isso, imitamos o seu modo de falar e de se vestir. Exemplo disso é que o corte de cabelo de Rachel foi um dos mais copiados nos anos 90. Expressões foram popularizadas. E, é claro, compramos produtos que os personagens usam e gostam. Aí entra o product placement. Ele pode ter sido sutil como o da Toblerone, barra de chocolate favorita de Joey, ou mais explícito, assim como os da loja de móveis Pottery Barn, que teve um episódio praticamente dedicado à propaganda da marca, o The One With The Apothecary Table (“Aquele Com a Mesa do Boticário”) e do biscoito Oreo, que aparece vários episódios da série. Isso reforça o que Adorno escreveu, referindo-se à Indústria Cultural: “A publicidade é seu elixir da vida”.

Friends é uma série fácil de ser consumida. Nós podemos nunca ter assistido e, ainda assim, se ao zapear por canais da televisão pararmos em um episódio aleatório, vamos soltar algumas gargalhadas. Essa característica não é exclusiva da série e se mostra muito comum entre outras sitcoms, muito por causa de seu conteúdo. Sitcom é uma abreviação para Situation Comedy (comédia de situação, em tradução livre). Seus personagens são, normalmente, “pessoas normais” que são postas, como o nome sugere, em situações engraçadas que ocorrem em ambientes comuns. Elas seguem um padrão específico, com episódios normalmente curtos, cenas rápidas e as famosas laughter tracks (as risadas ao fundo) quando acontece algo engraçado. Friends segue essa estética à risca em seus episódios. Eles duram, em média, 23 minutos, com cenas de aproximadamente 2 minutos cada. Ao comparar episódios com estruturas distintas, como o The One With The Football (“Aquele Com o Futebol Americano”), que, diferentemente da maioria, se passa majoritariamente em um ambiente externo, nota-se que, mesmo com uma pequena diferença na duração das cenas, ainda se mantém uma média de “momentos engraçados”, demarcados pelas laughter tracks, sendo essas duas em cada 20 segundos. Adorno e Horkheimer, em suas observações sobre a Industria Cultural, já atentavam sobre essa tendência de padronização do conteúdo:

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