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A Górgias - Platão

Por:   •  16/11/2018  •  Resenha  •  2.126 Palavras (9 Páginas)  •  215 Visualizações

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[pic 1]                                 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO.

                                                                        ESCOLA DE COMUNICAÇÃO.

RESENHA DO TEXTO

“GÓRGIAS” - PLATÃO

Aluna: Adriane Barbosa (EC2)

Professor: Marcio Tavares

Rio de Janeiro

Agosto 2018

RESUMO

O texto “Górgias” encontra-se no livro “Diálogos”, de Platão, tendo como personagens: Górgias, Sócrates, Polo e Cálicles. O diálogo inicia-se com a chegada de Sócrates e Querefonte a casa de Cálicles, que pretendem interrogá-lo a respeito daquilo que ele é, já que desejam ser esclarecidos sobre a arte que Górgias exerce e, consequentemente, a respeito do nome que lhe devem atribuir. Durante o diálogo, Górgias, Polo e Cálicles vão elaborando definições da arte que praticam.

Porém, antes do protagonista do texto, Górgias, começar a ser interrogado, Polo entra em debate com Sócrates, tentando responder às complexas perguntas que o mesmo faz sobre a arte da retórica. Polo começa se referindo às experiências, afirmando que estas orientam a vida do homem, enquanto em contrapartida, a inexperiência o fará caminhar ao acaso; ele responde que a retórica encontra-se entre as mais nobres e belas artes. Para Cálicles, a retórica são os “recursos oratórios”, onde o orador a considera um jogo de argumentos cuja finalidade é a persuasão do público. Por fim, Polo, Cálicles e Górgias concluem o que é para eles a retórica: que ela se refere às “coisas belas”; que “a arte que cultivam é a mais bela de todas”; que é escolhida pelos melhores, por ser a melhor dentre todas as artes. Sócrates então, não satisfeito com esta definição, dá início a um debate com Górgias, o qual se gaba, de forma arrogante, que domina a arte da retórica com clareza e sabedoria como ninguém mais. Górgias sublinha o fato de a retórica não se interessar pela verdade, limitando-se apenas à aparência e à ilusão (persuasão), ou seja, pelos discursos. Sócrates o indaga sobre as demais artes em que também encontram-se presentes os discursos, sendo rebatido pelo mesmo ao dizer que, diferentemente das outras, a retórica não diz respeito aos trabalhos ou práticas manuais.

Ainda não satisfeito com as respostas obtidas, Sócrates tenta desmembrar, junto à Górgias, todas as propriedades da retórica. O interrogado, então, responde à uma série de questionamentos feitos de forma mais direta onde afirma, em primeiro caso, que a retórica trata, de forma única e exclusiva, dos negócios humanos. Por isso, ela constitui “o maior de todos os bens”, que dá para o orador liberdade e poder de domínio sobre os outros, que significa persuadir por meio do discurso os juízes no Tribunal, os senadores no Conselho e o povo na Assembleia. Górgias mostra que o objeto da retórica, é o “justo e o injusto”, que influencia na aplicação da justiça. Assim, Sócrates irá desenvolver um raciocínio lógico, onde obriga Górgias a aceitar as suas conclusões e a reconhecer a contradição presente em seu discurso.

Em seguida, inicia-se o debate sobre a relação entre retórica, crença e conhecimento. Sócrates elabora então a sua definição de retórica, dizendo que esta não se trata de uma arte pois não implica o saber, logo, pertence ao plano da crença; afirma que a mesma visa apenas o prazer do corpo e da alma. Ele impõe também que crença e conhecimento são coisas distintas ao dizer que existem crenças falsas e verdadeiras, porém o mesmo não acontece com o acontecimento, sendo esse absoluto.  Através de comparações, Sócrates constata que a retórica é uma "cozinha da alma", pois ela é para a alma o que a cozinha é para o corpo, não procurando, dessa forma, a saúde e nem a beleza verdadeira, mas apenas aparente, superficial e artificial, interessando-se pelo prazer imediato e podendo vir a ser a ruína da saúde. Pode-se dizer assim, que a retórica é “um disfarce” que não pode ser senão algo feio. Sócrates sugere a existência de duas espécies de persuasão: a persuasão que é fonte da crença sem conhecimento, e a persuasão que se trata apenas do conhecimento, sem a crença. Górgias, então, responde que a retórica se vale da crença, e não do conhecimento, já que a mesma desperta a crença no justo e no injusto nos tribunais e assembleias, afirmando que, entre os ignorantes, a retórica torna-se mais eficaz do que ao redor dos detentores de conhecimento. Por isso, relaciona-se diretamente com a crença. Ele indica que a mesma não deve ser utilizada em busca de fama, mas pelo contrário, apenas de forma justa, como qualquer outro gênero de combate.

Górgias é contradito por Sócrates após afirmar que a retórica é sempre justa, porém que seu mau uso é possível e, logo depois, afirmar que os oradores da arte da retórica são incapazes de cometer qualquer injustiça. Para que o diálogo possa seguir e não se torne inconclusivo, Górgias admite, por fim, a contradição existente em seu pensamento. Polo, então, se revolta com o acanhamento do mesmo em discordar de Sócrates, acusando-o de rusticidade e manipulação, ao fazer com que a conversa chegasse a tal ponto.

Surge, então, um diálogo entre Sócrates e Polo, onde Sócrates pede que Polo não seja prolixo e não se estenda mais que o necessário em suas respostas, perguntando, a seguir, se o mesmo se compromete a responder quaisquer perguntas que o forem dirigidas. Polo, porém, concorda em ser o condutor das perguntas, e não o interrogado, como até então havia acontecido. Sócrates, ao ser questionado sobre o que entendia por retórica, respondeu que a mesma é fruto de uma rotina, para gerar prazer e satisfação, e que está longe de ser arte, pois, se trata apenas de uma atividade que necessita de sagacidade, ferocidade e disposição para lidar com os homens. Polo argumenta que os oradores são detentores de enorme poder, pois obtêm conhecimento e habilidade de persuasão, sendo assim poderosos, fato outra vez rebatido por Sócrates, que afirma que não são poderosos se não podem ser injustos, já que estão inaptos de fazer o que bem entendem, precisando, obrigatoriamente, serem pessoas justas e do bem. Entretanto, em casos de injustiça, os oradores devem preferir ser punidos e pagar por suas injustiças a saírem impunes, pois só assim seriam felizes, já que cometer injustiça e não ser punido pela mesma seria o maior mal existente. Sócrates diz também que, o maior dos males se torna, então, o ato de cometer uma injustiça, e não sofrer a mesma.

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