Contraponto: Filosofia de Aristoteles
Por: Bruno Patrocínio • 29/7/2015 • Trabalho acadêmico • 1.300 Palavras (6 Páginas) • 514 Visualizações
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia
Docente: Gracione Batista
Discentes: Bruno Patrocínio e Lucas Rodrigues Turma: 8821
Contraponto
- Ponto: Opinião de Aristóteles acerca das mulheres.
Algumas teorias e opiniões de Aristóteles são, muitas vezes, contrárias aquelas defendidas por seu mestre Platão. A visão que Platão tinha das mulheres é que elas tinham a mesma razão que os homens, ou seja, tinham a mesma capacidade de raciocinar que os homens e para isso era necessário que estas recebessem a mesma formação que qualquer outro indivíduo. Platão ainda afirmava que um Estado que não educa e forma mulheres é como um homem que apenas exercita o seu braço direito.
A visão de Aristóteles era um pouco diferente. Para o filósofo, as mulheres eram como homens imperfeitos. Na reprodução, a mulher é passiva e receptora, enquanto o homem é ativo e produtivo. Por esta razão é que – segundo Aristóteles – o filho do casal herdava apenas as características do pai. Aristóteles acreditava que as características da criança já estavam presentes no sêmen do pai. Para ele, a mulher era apenas o solo que acolhia e fazia germinar a semente que vinha do semeador, ou seja, do homem. Para colocarmos as coisas em termos verdadeiramente aristotélicos: o homem dá a forma; a mulher, a substância.
Nas palavras de Aristóteles a fêmea é, por assim dizer, um macho mutilado. A relação do macho com a fêmea – segundo Aristóteles - é naturalmente a relação do superior com inferior, diz Hilton Japiassu, professor de epistemologia no Departamento de Filosofia da PUC e UFRJ.
Aristóteles afirmava ainda que a mulher é fraca, sem energia própria, e que só o homem a ativava. A mulher não passa de um vaso, um recipiente – era o que dizia o filósofo. Na discussão sobre a anatomia, Aristóteles afirmava que o corpo feminino está dotado de um cérebro menor.
Durante a Idade Média, São Tomás de Aquino tomou como base a filosofia de Aristóteles como força ideológica para explicar a vida com base nos regimentos da Igreja Católica. Tomás, assim como, Aristóteles afirmava que a mulher era inferior ao homem, mas declarava que somente enquanto ser natural, pois no céu existe a plena igualdade de direitos entre os sexos.
- Contraponto: Críticas a opinião de Aristóteles.
Como já afirmado anteriormente, na Idade Média, a filosofia de Aristóteles foi “cristianizada” por São Tomás de Aquino. Desta forma, o papel da mulher que vigorou durante esse período –indo até a modernidade e ainda com alguns respingos na sociedade atual– foi a de que a mesma deveria estar subordinada a ordem patriarcal e/ou do seu marido. A mulher não podia participar da vida política, e muitas vezes, da vida de acadêmica, pois por natureza estava designada ao trabalho doméstico e a cuidar dos filhos e do marido.
Ainda no século XIX, muitos cientistas acreditavam - assim como Aristóteles – que o material genético dos filhos estavam presentes apenas no sêmen do pai. Alguns cientistas até mesmo chegaram a afirmar que no sêmen existiam homúnculos (uma espécie de miniatura de humanos dentro do espermatozoide) e que o corpo da mulher servia apenas como terreno para abrigar esse homúnculos. A situação só começou a mudar de fato com a descoberta do óvulo da mulher em 1827.
Com passar dos séculos, com a sociedade se tornando menos machista é que começaram a surgir as primeiras críticas em relação ao pensamento de Aristóteles para com as mulheres. Muitos estudiosos, filósofos, sociólogos e autores começaram, a condenar pensamentos machistas e a defender o espaço da mulher na sociedade.
Orlando Bastos de Menezes, professor assistente do departamento de ciências biológicas da UEFS, afirmou o seguinte: “Apesar de um excepcional filósofo, Aristóteles se equivocou muito enquanto sua teoria sobre a relação entre o macho e a fêmea.” E ainda completou: “talvez o que tenha levado ele [Aristóteles] a pensar desta forma foi porque na sua época, a mulher, o escravo e os filhos eram considerados partes do homem”. As explanações de Orlando sobre Aristóteles estão presentes no artigo denominado “Aristóteles, machista” (1986) – publicado na revista Sitientibus. “Destacando um trecho especifico do Historia Animalium, é possível observar que Aristóteles enfatiza que o masculino é aquele no qual reside o princípio do movimento e da geração. É possível concluir desta forma que o grande filósofo da Grécia clássica e criador da zoologia era também machista”, afirma Orlando numa parte do artigo.
Hilton Japiassu em seu livro “A ciência também é machista” (1983) abordou sobre a teoria hilemórfica (algo relacionado com teoria de que o macho dá a forma; a fêmea, a substância) de Aristóteles, transcrevendo as seguintes opiniões sobre o ex-aluno de Platão: “[...] sua filosofia está fundamentada num caráter nitidamente patriarcal, masculina e machista estruturada num princípio de racionalidade”.
O autor Jostein Gaarder em seu livro “O Mundo de Sofia” faz uma crítica bastante sútil ao pensamento do estagirita em relação as mulheres. No romance, o autor declara: “É surpreendente e mesmo lamentável que um homem como Aristóteles, tão inteligente para tantos assuntos, pudesse se enganar desse jeito no que se refere à relação entre os sexos.”
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