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Cultura E Sociedade

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Por:   •  24/3/2014  •  3.534 Palavras (15 Páginas)  •  704 Visualizações

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CULTURA E SOCIEDADE -

TEXTOS ADAPTADOS

PROFESSORES (AS) COLABORADORES (AS):

Altamir Fernandes de Sousa

Carlos Roberto da Silva

Carolina da Cunha Reedijk

Guilherme Caixeta Borges

Henrique Carivaldo de Miranda Neto

Maria da Penha Vieira Marçal

Maria de Fátima Silva Porto

Moacir Manoel Felisbino

Paulo Sérgio Moreira da Silva

Roberto Carlos dos Santos

PATOS DE MINAS

2014

MENSAGEM

Caro (a) estudante,

Saudações!

Esta apostila é composta por dez (10) temas selecionados por uma equipe de nove (9) professores (as) colaboradores (as), os quais ministram a referida disciplina em todos os cursos do Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM.

A seleção dos temas teve como diretriz as orientações do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE, que integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES, com o objetivo de verificar o rendimento dos (as) alunos (as) dos cursos de graduação em relação aos conteúdos programáticos, suas competências e suas habilidades e, também, oferecer uma formação básica e geral sobre a realidade e/ou sociedade onde atuará profissionalmente.

Os temas foram adaptados e padronizados para todos os cursos, o que não impede que cada professor (a), ao ministrar a disciplina em um curso específico, possa acrescentar a seu modo, a seu critério e a seu ponto de vista, outros textos complementares em cada tema por meio de atividades diversas que serão aplicadas durante o semestre letivo.

Seja muito bem-vindo (a) e desejamos que você tenha um excelente aproveitamento!

Atenciosamente,

Professores (as) colaboradores (as).

PLANO DE ENSINO DE CULTURA E SOCIEDADE

UNIPAM – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS

CURSO

ANO LETIVO PERÍODO CARGA HORÁRIA SEMANAL

2014

1º período 40 h/a

Identificação da Disciplina: CULTURA E SOCIEDADE

Professor(a): Mestre Carolina da Cunha Reedijk

Ementa

Estudo de temas clássicos e contemporâneos essenciais para o entendimento da configuração do mundo atual nas perspectivas histórica, antropológica, sociológica e filosófica. Conhecimento dos aspectos caracterizadores da formação étnico-racial e cultural da sociedade brasileira.

Objetivos gerais

Desenvolver a capacidade de reflexão crítica por meio da discussão e da análise dos principais temas relacionados às áreas do saber histórico, filosófico, antropológico e sociológico.

Objetivos específicos

- Compreender o processo de constituição da cultura ocidental a partir das matrizes da antiguidade clássica greco-romana.

- Analisar a geopolítica contemporânea, a partir das relações do Brasil com o mercado internacional.

- Reconhecer aspectos relevantes da cultura contemporânea para a formação profissional.

- Estimular a leitura, a interpretação e a produção de textos relacionados às áreas do conhecimento humanístico.

- Estabelecer relações, comparações e contrastes em diferentes situações.

- Compreender os aspectos caracterizadores da formação étnico-racial e cultural brasileira.

Conteúdos de plano de ensino

1 Trabalho, mercado e responsabilidade social

1.1 Educação e Sociedade do Conhecimento

1.2 Relações de trabalho e o perfil do profissional no século XXI

1.3 Empreendedorismo e inovação

1.4 Responsabilidade social: setor público, privado e terceiro setor

2 O conhecimento em seus diversos aspectos

2.1 Tipos de conhecimento (religioso, vulgar, filosófico e científico)

2.2 Senso comum X conhecimento científico

2.3 Ciências exatas/ ciências humanas

2.4 Método científico

3 O homem e a cultura

3.1 O homem: ser biológico e cultural

3.2 A cultura: definições, cultura popular e cultura erudita

3.3 Multiculturalismo, relações étnico-raciais, história e cultura afro-brasileira e indígena

3.4 Indústria Cultural

4 Meios de comunicação de massa, tecnologia e novas mídias

4.1 Os meios de comunicação de massa e suas características

4.2 As velhas e novas mídias

4.3 Comunicação e tecnologia de informação

4.4 Mídia e sociedade de consumo

5 Ética e Ideologia

5.1 Moral e ética

5.2 Ética geral e profissional

5.3 Democracia, ética e cidadania

5.4 Ideologia

6 Relações sociais de gênero

6.1 Configurações de gênero na sociedade atual

6.2 Machismo e sexismo

6.3 Feminismo

6.4 Desigualdade e discriminação da mulher na cultura e na sociedade brasileira.

7 Reestruturação Produtiva e geopolítica

7.1 Reestruturação produtiva e toyotismo

7.2 Globalização e Neoliberalismo

7.3 A globalização e a crise financeira mundial

7.4 Reflexos político-institucionais, econômicos e sociais da globalização no Brasil

8 Geração Y

8.1 Novas tecnologias e a nova geração de trabalhadores do conhecimento (Y)

8.2 Contexto histórico do nascimento das gerações Baby Boomers, X, Y e Z

8.3 O que a Geração Y quer e precisa no trabalho

8.4 Estratégias e programas para gerenciar a geração Y

9 Ecologia e Biodiversidade

9.1 Natureza e sociedade como espaço de cidadania

9.2 O movimento ecológico e políticas públicas

9.3 Desenvolvimento, sustentabilidade social e ambiental

9.4 Catástrofes ambientais e sociedade

10 Violência urbana e rural

10.1 Origens da violência

10.2 Discurso midiático e a violência

10.3 Políticas públicas e violência

10.4 Movimentos Sociais

Atividades práticas supervisionadas

Os discentes farão leituras de ensaios científicos e artigos de revistas selecionados pelo professor e assistirão a filmes, cuja abordagem se refira à disciplina, com a finalidade de reconhecer, interpretar e analisar os apontamentos teóricos analisados nas aulas. Além disso, serão realizados trabalhos e exercícios.

Metodologia

Pretende-se, mediante fundamentação teórica e recortes da realidade, compreender e criticar as transformações engendradas pelo homem na sociedade. As aulas serão desenvolvidas sob a forma de exposições dialogadas, seminários, análises de textos e filmes.

Recursos didáticos

Quadro, giz, datashow, filmes e livros e textos das obras indicadas na referência bibliográfica.

Avaliação

Durante o semestre letivo, a nota do discente na disciplina será composta pelos seguintes indicadores avaliativos:

a) Quarenta pontos distribuídos pelo docente da disciplina, em exercícios, trabalhos e provas.

b)Vinte pontos distribuídos no Projeto Integrador.

c) Vinte pontos da Avaliação Colegiada.

d) Vinte pontos da Avaliação Integradora (AVIN)

Considerar-se-ão dois critérios, que não se excluem, para a aprovação na disciplina, a saber:

a) Mínimo de sessenta pontos de aproveitamento, conforme nota global da disciplina.

b) Mínimo de setenta e cinco por cento de frequência na disciplina.

Referência bibliográfica básica

ARON, R. As etapas do pensamento sociológico. 7. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Lei nº 11.465, de março de 2008. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, ... a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília: SEPPIR/SECAD/INEP, 2005. Disponível em: < http://www.iteral.al.gov.br/legislacao/http___www.iteral.al.gov.br_legsilacao_Lei-2011.465_-20de-202008.pdf/view>. Acesso em: 18 abr. 2011.

CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 14. ed. São Paulo: Ática, 2011.

LARAIA, R. de B. Cultura: um conceito antropológico. 24. ed. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 2009.

Referência bibliográfica complementar

ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. 5. ed. São Paulo: Boitempo, 2009.

ARANHA, M. L. de A. Filosofando: introdução à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2009.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília: SEPPIR/SECAD/INEP, 2005. Disponível em: <http://www.sinpro.org.br/arquivos/afro/diretrizes_relacoes_etnico-raciais.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2011.

BRASIL. Lei nº 10.639, de 09 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 09 jan. 2003. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm>. Acesso em: 03 fev. 2011.

CARVALHO, J. M. de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 14. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

COLEÇÃO. Os Pensadores. 5. ed. São Paulo: Nova Cultura, 1991.

MASI, D. D. A sociedade pós-industrial. São Paulo: Senac, 2003.

NILO, O. O que é violência. São Paulo: Brasiliense, 1983.

SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 7. ed. São Paulo: Record, 2001.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

VALLS, A. L. O que é ética. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

TEMA 1: Trabalho, mercado e responsabilidade social

1.1 Educação e Sociedade do Conhecimento

1.2 Relações de trabalho e o perfil do profissional no século XXI

1.3 Empreendedorismo e inovação

1.4 Responsabilidade social: setor público, privado e terceiro setor

Introdução

Trabalho: Atividade Humana

O que é o trabalho? Como podemos definir essa atividade? O trabalho, segundo o pensador Karl Marx, coloca frente a frente o homem e a natureza, ou seja, o trabalho é uma atividade que medeia à relação homem e natureza por ser uma prática que aproxima um do outro, provocando transformações materiais e espirituais.

O trabalho para além da transformação da natureza, esse algo é o planejamento, a pré-ideação, em outras palavras, o ser humano constrói seu objeto - tendo por base o mundo material - primeiro na sua mente, isto é, cria a ideia do objeto, planeja como construí-lo e depois materializa sua ideia, executa a atividade prática-transformadora da natureza com consciência.

Essa atividade laboral também transforma o próprio ser que trabalha, em outros termos, essa atividade transforma a natureza e, ao mesmo tempo, transforma o homem, ou melhor, quando o homem produz objetos ele se autoproduz.

História do Trabalho

A concepção de trabalho sempre esteve ligada a uma perspectiva negativa. A palavra “trabalho” deriva etimologicamente do vocabulário latino tripaliare do substantivo tripalium, aparelho de tortura formado por três paus, ao qual eram atados os condenados e que também servia para manter presos os animais difíceis de ferrar. Daí a associação do trabalho com tortura, sofrimento, pena, labuta.

Na Antiguidade grega, o trabalho manual é desvalorizado por ser feito por escravos, enquanto as pessoas da elite, desobrigadas de se ocuparem com a própria subsistência, dedicam-se ao “ócio digno”, que, para os gregos, significa a disponibilidade de gozar do tempo livre e cultivar o corpo e o espírito. Não por acaso, a palavra grega scholé, da qual deriva “escola”, significava inicialmente “ócio”. Para Platão, por exemplo, a finalidade das pessoas livres é justamente a “contemplação das ideias”, na medida em que a atividade teórica é considerada mais digna, por representar a essência fundamental de todo ser racional.

Também a Roma escravagista desvaloriza o trabalho manual. É significativo o fato de a palavra negotium indicar a negação do ócio: a ênfase posta no trabalho como “ausência de lazer” o distingue do ócio, prerrogativa das pessoas livres.

Na Idade Média, Santo Tomás de Aquino procura reabilitar o trabalho manual, dizendo que todos os trabalhos se equivalem, mas, na verdade, a própria construção teórica de seu pensamento calcada na tradição grega, tende a valorizar a atividade contemplativa. Muitos textos medievais consideram a ars mechanica (arte mecânica ou trabalho mecânico) uma ars inferior.

Na idade Moderna, a situação começa a se alterar: o crescente interesse pelo trabalho justifica-se pela ascensão dos burgueses, vindos de segmentos de antigos servos, acostumados ao trabalho manual, que compram sua liberdade e dedicam-se ao comércio.

A burguesia nascente procura novos mercados, estimulando as navegações. No século XV os grandes empreendimentos marítimos culminam com a descoberta de outro caminho para as Índias e das terras do Novo Mundo. O interesse prático em dominar o tempo e o espaço faz com que sejam aprimorados os relógios e a bússola. Com o aperfeiçoamento da tinta e do papel e a descoberta dos tipos móveis, Gutenberg inventa a imprensa. Todas essas mudanças indicam a expectativa com relação a novas formas do agir e do pensar humanos, às quais se acrescentam, no século seguinte, s revoluções do comércio e da ciência.

Como se vê, está ocorrendo uma mudança de enfoque na relação entre o pensar e o fazer. Enquanto na Idade Média uma hierarquia privilegia o saber contemplativo em detrimento da prática, no Renascimento e na Idade Moderna dá-se a valorização da técnica, da experimentação, do conhecimento alcançado por meio da prática.

Nascimento das fábricas

Na passagem do feudalismo para o capitalismo, ocorrem marcantes transformações na vida social e econômica, como o aperfeiçoamento das técnicas e a ampliação dos mercados. O capital acumulado torna possível a compra de matérias-primas e de máquinas, obrigando muitas famílias, que desenvolviam o trabalho doméstico nas antigas corporações e manufaturas, a disporem de seus instrumentos de trabalho e, para sobreviver, a venderem sua força de trabalho em troca de salário.

Com o aumento da produção, aparecem os primeiros barracões das futuras fábricas, onde os trabalhadores são submetidos a uma nova ordem, a da divisão do trabalho com ritmo e horários preestabelecidos. O fruto do trabalho deixa de pertencer aos trabalhadores e a sua produção passa a ser vendida pelo empresário, que retém os lucros. Está ocorrendo o nascimento de uma nova classe: o proletariado.

No século XVIII, a mecanização do setor da indústria têxtil sofre impulso extraordinário na Inglaterra, como aparecimento da máquina a vapor, que aumenta significativamente a produção de tecidos. Outros setores se desenvolvem, como o metalúrgico; também no campo se processa a revolução agrícola.

No século XIX, o resplendor do progresso não oculta a questão social, caracterizada pelo recrudescimento da exploração do proletariado e das condições subumanas de vida. A nova classe é submetida a extensas jornadas de trabalho, de dezesseis a dezoito horas, sem direito a férias, sem garantia para velhice, doença e invalidez. As condições de trabalho nas fábricas são insalubres, por serem elas escuras e sem higiene.

Embora todos sejam mal pagos, crianças e mulheres são arregimentadas como mão de obra mais barata ainda. Os trabalhadores moram em alojamentos inadequados e apertados, nos quais não se consegue evitar a promiscuidade.

Em decorrência desse estado de coisas, surgem no século XIX os movimentos socialistas e anarquistas, que denunciam a exploração e propõem formas para a modificação das relações de produção.

Taylorismo e Fordismo

Nos sistemas domésticos de manufatura, era comum o trabalhador conhecer todas as etapas da produção, desde o projeto até a execução. A partir da inauguração do sistema fabril, no entanto, isso deixa de ser possível, devido à crescente complexidade da divisão do trabalho. Chamamos dicotomia concepção-execução do trabalho ao processo pelo qual um pequeno grupo de pessoas concebe, cria, inventa o produto, inclusive a maneira como vai ser produzido, enquanto outro grupo é obrigado à simples execução do trabalho, sempre parcelado, pois a cada um cabe apenas parte do processo.

Frederick Taylor (1856-1915), no livro Princípios de administração científica, já estabelecera os parâmetros do método científico de racionalização da produção. O taylorismo visa o aumento de produtividade com economia de tempo, supressão de gestos desnecessários no interior do processo produtivo e utilização máxima da máquina.

A divisão do trabalho foi intensificada por Henry Ford (1863-1947), que introduziu a linha de montagem na indústria automobilística, procedimento que ficou conhecido como fordismo.

A flexibilização da produção

Com a implantação da tecnologia avançada da automação, da robótica, da microeletrônica, surgem novos padrões de produtividade, a partir das décadas de 1970 e 1980. A tendência nas fábricas é de quebrar a rigidez do fordismo, caracterizada pela linha de montagem e pela produção em série, centrada na produção em massa. Destaca-se a atuação da fábrica de automóveis Toyota, no Japão, ao criar novo método de gerenciamento que passou a ser conhecido como toyotismo.

Essa revolução administrativa adaptou-se melhor à economia global e ao sistema produtivo flexível, evitando a acumulação de estoques ao atender aos pedidos à medida da demanda, com planejamento a curto prazo. Privilegia-se agora o trabalho em equipe, a descentralização da iniciativa, com maior possibilidade de participação e decisão, além da necessidade da polivalência de mão de obra, já que o trabalhador passa a controlar diversas máquinas ao mesmo tempo.

Além disso, como a flexibilização depende da demanda flutuante, algumas tarefas são encomendadas a empresas “terceiras” subcontratadas. Essa terceirização atomiza os empregados, antes unidos nos sindicatos, o que provocou seu enfraquecimento no final da década de 1980, repercutindo negativamente na capacidade de reivindicação de novos direitos e manutenção das conquistas realizadas. Os temores mais frequentes dessa nova geração de trabalhadores da era da automação são o desemprego e o excesso de trabalho decorrente do “enxugamento” realizado pelas empresas em processo de “racionalização” de atribuição de tarefas.

A sociedade pós-industrial

A partir de meados do século XX, surge o que chamamos de sociedade pós-industrial, caracterizada pela ampliação dos serviços (setor terciário). Isso não significa que os outros setores tenham perdido importância, mas que as atividades agrícolas e industriais também dependem do desenvolvimento de técnicas de informação e comunicação.

A mudança de enfoque descentraliza a atenção, antes voltada para a produção (capitalista versus operário), e orientando-se agora para a informação e o consumo. A atividade da maioria dos trabalhadores se encontra nos escritórios, ampliada por uma comunicação ágil, instantânea, veiculada em âmbito mundial pela expansão da Internet.

Desde as décadas de 1980 e 1990, outra tentativa em direção à ética e à qualidade de vida está na efetiva ampliação das empresas do terceiro setor, assim chamadas por não serem gestadas nem pelo setor governamental (o Estado) nem pelo mercado econômico, que visa lucros. Trata-se das organizações não governamentais (ONGs) que representam uma forma de atuação privada, mas com funções públicas e sem fins lucrativos. Tais instituições ocupam-se de atendimento de causas coletivas e sobrevivem de doações, que são aplicadas nas atividades-fim e no pagamento dos especialistas contratados.

1.1 Educação e Sociedade do Conhecimento

Inovação no contexto da Sociedade do Conhecimento

Na sociedade do conhecimento, o elemento diferenciador na atividade produtiva é o próprio conhecimento, sendo que as matérias primas passam a ter uma conotação secundária. Nessa sociedade produziram-se também outras grandes mudanças nos âmbitos social, econômico e produtivo. Entre elas, a mudança no modo de comunicação, derivada do surgimento da internet e das tecnologias de digitalização de documentos. A comunicação passa a ser processada de “muitos para muitos", facilitando a disseminação de informações e a socialização do conhecimento.

Fortes investimentos em pesquisa e desenvolvimento feitos pelas organizações e promovidos geralmente pelos governos dos países desenvolvidos, e o intercâmbio de fluxos de informação entre países além de bens e capitais, entre outros, são fatores preponderantes nessa nova sociedade.

Todos esses fatores dão suporte e facilitam a criação de conhecimento, o bem mais apreciado nesta época. A inovação é vista como uma vantagem competitiva pelas organizações e, consequentemente, investimentos em pesquisa e desenvolvimento de produtos são realizados, para se criar conhecimento, o principal insumo do processo inovador.

A inovação é entendida no contexto da sociedade do conhecimento, identificando sua relação com o conhecimento, as novas tendências empresariais frente a ela, e os novos papéis que os governos têm para fomentar esse processo.

A Sociedade do Conhecimento

A sociedade do conhecimento é compreendida como aquela na qual o conhecimento é o principal fator estratégico de riqueza e poder, tanto para as organizações quanto para os países. Nessa nova sociedade, a inovação tecnológica ou novo conhecimento, passa a ser um fator importante para a produtividade e para o desenvolvimento econômico dos países.

A sociedade de conhecimento é então posterior à sociedade industrial moderna, na qual matérias primas e o capital eram considerados como o principal fator de produção. Essa nova sociedade é impulsionada também por contínuas mudanças, algumas tecnológicas como a Internet e a digitalização, e outras econômico-sociais como a globalização.

Características da sociedade do conhecimento

Quando se observa a sociedade pelo prisma histórico percebe-se, que do ponto de vista econômico, pode-se visualizar várias fases tais como: da sociedade agrícola, na qual a terra e a mão de obra foram os fatores preponderantes para determinar o nível de desenvolvimento; sociedade industrial, na qual o capital e o trabalho passam a ser forças motrizes do desenvolvimento econômico e na sociedade do conhecimento, na qual o conhecimento passa a ser o fator essencial do processo de produção, geração de riquezas e desenvolvimento dos países. O conhecimento se tornou a principal força produtiva, os produtos da atividade social não são mais produtos de trabalho cristalizado, mas de conhecimento cristalizado. O valor de troca das mercadorias não é determinado pela quantidade de trabalho social nelas contidas, mas pelo conteúdo de conhecimento, de informações e de inteligências gerais. Assim, o capital humano passa a fazer parte do capital da empresa, os trabalhadores pós-fordistas entram no processo de produção com toda a sua bagagem cultural.

Assim, entre as principais características da sociedade do conhecimento, encontram-se as seguintes:

A - Os produtos são valorados pelo conhecimento neles embutido. Assim, o poderio econômico das organizações e dos países está diretamente relacionado ao fator conhecimento.

B - A pesquisa científica tornou-se fundamental para o desenvolvimento dos países.

C - A criação de conhecimento organizacional tornou-se um fator estratégico chave para as organizações, sendo fonte de inovação e vantagem competitiva.

D - O conhecimento, a comunicação, os sistemas e usos da linguagem tornaram-se objetos de pesquisa cientifica e tecnológica, sendo o estado um agente estratégico para o desenvolvimento científico.

E - Os fluxos de informação e conhecimento entre países são acrescentados aos fluxos de capital e de bens já existentes, tornando-se uma economia transnacional.

F - Ocorreu uma mudança no paradigma de comunicação, a lógica comunicacional de “um para muitos" foi substituída pela de “muitos para muitos", impulsionado pelo surgimento da Internet como meio de disseminação de informações e pelas novas tecnologias motivadas pela digitalização de documentos.

A inovação na Sociedade do Conhecimento

Na sociedade do conhecimento, as organizações tentam inovar para se diferenciar e obter vantagens competitivas, tanto pela melhoria nos produtos / serviços oferecidos quanto pela eficiência operativa. A relação positiva entre inovação e vantagem competitiva existente no contexto atual, confirma-se na pesquisa feita por Damanpour e Gopalakrishnan em 101 bancos comerciais nos Estados Unidos. A pesquisa concluiu que os bancos melhor sucedidos adotam inovações nos produtos e processos com maior frequência e consistência que os bancos com menor sucesso. Enquanto ao tipo de inovação adotada, a pesquisa revela que as adoções de inovações no produto estão positivamente associadas às adoções de inovações nos processos, e que as primeiras ocorrem com maior frequência e velocidade.

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