Ensaio Sobre "Sombra E Luz Em Platão"

Platão observa que a visão é o único sentido que depende de um elemento de outro gênero: a Luz. Dessa forma, conclui-se que para se chegar ao conhecimento, é necessário o “Bem”, sem ele, a exposição não passará de um espelhamento de saberes desconexos, para o autor “A visão, como já sabemos, precisa de luz, sem a qual desaparece” (p. 403). Percebe-se então a uma relação de dependência entre sentidos e razão: “a visão não é um paradigma do saber. O único paradigma do saber é a luz.” (p. 405)

Descartes vê a sabedoria humana como foco de iluminação, se opondo a tradição na qual o espírito humano só apreende seu objeto quando iluminado por uma luz que não traga em si sua fonte, mas que venha de um foco luminoso transcendente (a ideia de bem, deus). (p.401)

Indo contra o senso comum, Platão afirma “Para sair da amathía, é preciso não apenas ‘virar a cabeça’ e ‘violentar-se’, mas deixar que o educador use de violência. Pois não há, aqui ‘razão natural’ à nossa disposição (...) De natural só há a desrazão (...) é preciso obrigar aqueles que são capazes (e estes não são muitos) a olhar alhures.” (p. 410)

Descartes acredita na condução do individuo, porém não opõe-se radicalmente ao senso comum. “O único defeito do vulgo é o de contentar-se com conhecimento sensíveis, que recebeu pela visão ou pela audição (os ensinamentos dos mestres). Mas o exercício do método porá fim a esse estado de ignorância (ágnoia) fazendo-o concentrar sua visão ‘nos princípios comuns e os axiomas’ que ele, até agora, ‘não se preocupou em considerar’” (p. 410)

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