Etica E Racismo
Exames: Etica E Racismo. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: llarissakkesia • 3/6/2014 • 1.088 Palavras (5 Páginas) • 365 Visualizações
Ética e racismo ambiental
Por Robert Bullard - Sociólogo e Diretor do Environmental Justice Resource Center
O conceito “racismo ambiental” se refere a qualquer política, prática ou diretiva que afete ou
prejudique, de formas diferentes, voluntária ou involuntariamente, a pessoas, grupos ou
comunidades por motivos de raça ou cor. Esta idéia se associa com políticas públicas e práticas
industriais encaminhadas a favorecer as empresas impondo altos custos às pessoas de cor. As
instituições governamentais, jurídicas, econômicas, políticas e militares reforçam o racismo
ambiental e influem na utilização local da terra, na aplicação de normas ambientais no
estabelecimento de instalações industriais e, de forma particular, os lugares onde moram, trabalham
e têm o seu lazer as pessoas de cor. O racismo ambiental está muito arraigado sendo muito difícil de
erradicar.
A tomada de decisões ambientais muitas vezes reflete os acordos de poder da sociedade
predominante e das suas instituições. Isto prejudica as pessoas de cor, enquanto oferece vantagens e
privilégios para as empresas e os indivíduos das camadas mais altas da sociedade. A questão de
quem paga e quem se beneficia das políticas ambientais e industriais é fundamental na análise do
racismo ambiental.
O racismo ambiental fortalece a estratificação das pessoas (por raça, etnia, status social e poder), o
lugar (nas cidades principais, bairros periféricos, áreas rurais, áreas não-incorporadas ou reservas
indígenas) e o trabalho (por exemplo, se oferece uma maior proteção aos trabalhadores dos
escritórios do que aos trabalhadores agrícolas).
Este conceito institucionaliza a aplicação desigual da legislação; explora a saúde humana para obter
benefícios; impõe a exigência da prova às “vítimas” em lugar de às empresas poluentes; legitima a
exposição humana a produtos químicos nocivos, agrotóxicos e substâncias perigosas; favorece o
desenvolvimento de tecnologias “perigosas”; explora a vulnerabilidade das comunidades que são
privadas de seus direitos econômicos e políticos; subvenciona a destruição ecológica; cria uma
indústria especializada na avaliação de riscos ambientais; atrasa as ações de eliminação de resíduos
e não desenvolve processos precautórios contra a poluição como estratégia principal e
predominante. A tomada de decisões ambientais e o planejamento do uso da terra em nível local
acontecem dentro de interesses científicos, econômicos, políticos e especiais, de tal forma que
expõem às comunidades de cor a uma situação perigosa. Isto é particularmente verdade no
Hemisfério Sul e, também, no Sul dos EUA, região que foi convertida numa “área de sacrifício”;
um buraco negro para os resíduos tóxicos. Fora disso, ela está impregnada pelo legado da
escravidão e pela resistência braça à justiça eqüitativa para todos.
O Hemisfério Sul (e também o Sul dos EUA) se caracteriza por políticas ambientais equivocadas e
pela concessão de significativas deduções fiscais. A aplicação simplificada das normas ambientais
deu lugar a que o ar, a água e a terra dessas regiões sejam mais contaminadas pelas indústrias,
principalmente das multinacionais estadunidenses.
No Corredor Industrial do Baixo Mississipi, na Luisiana, têm-se estabelecido empresas
petroquímicas que produzem agrotóxicos, gasolina, tintas e plásticos. Os ecologistas e os residentes
locais o apelidaram de “Beco do Câncer”, sendo que os benefícios fiscais que recebem essas
indústrias poluentes criaram poucos postos de trabalho para esses elevados custos. A revista Time
denunciou que na Luisiana foram eliminados U$ 3,1 bilhões em impostos sobre propriedades de
empresas poluentes. As cinco companhias mais poluentes receberam U$ 111 milhões em benefícios
no último decênio. Este exemplo se aplica a inúmeras empresas dos países do Hemisfério Sul.
Existe uma correlação direta entre a exploração da terra e a exploração das pessoas. De forma geral,
os indígenas são a parte da população que se defrontam com algumas das piores formas de
poluição, entre elas a do mercúrio usado nos garimpos e as populações marginais que vivem perto
dos lixões e aterros sanitários, incineradores e de outros tipos de operações perigosas praticadas
pelas empresas mineradoras. A poluição industrial se manifesta também no aleitamento materno das
mães das grandes
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