Filosofia Moderna
Monografias: Filosofia Moderna. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: marcomichel • 3/12/2014 • 2.604 Palavras (11 Páginas) • 427 Visualizações
Por: Sérgio Pedro Duarte-
Prof. De Filosofia do Unileste
A MODERNIDADE
A história da ética a partir do renascimento. Fortes correntes neo-estóicas
foram divulgadas durante os séculos XV, XVI e XVII, alcançando filósofos como
Descartes e Spinoza. Também apareceram concepções éticas fundadas no
princípio do egoísmo, ( Hobbes) , no realismo político ( Maquiavel), no sentimento
moral (Hutcheson e outros autores).
O que se deve destacar para nossa reflexão no período renascentista foi o
conceito de sabedoria. A preocupação de tal conceito pressupunha as verdades
da ciência. Heller comenta que a concepção de sabedoria como conhecimento e a
sabedoria como práxis distanciou-se no período renascentista. “De um modo
geral, os florentinos trataram a sabedoria como simples práxis, mas essa atitude
enraizou-se também noutros lados atingindo o seu ponto culminante nas idéias de
Charron (...) que separou o conhecimento científico da ética”1.
Charron compreendia, segundo Heller, que a sabedoria era a soma de
todas as virtudes. Isso significa dizer que a sabedoria não é uma virtude, mas sim
um nome para o agregado de virtudes, uma espécie de terreno coletivo. “Com o
resultado, portanto, da ruptura da unidade relativa entre a teoria e a prática, a
sabedoria deixa igualmente de ter qualquer significado em relação com a prática”2.
A autora explica que “os pensadores do Renascimento (...) se agarraram a
uma categoria de ‘sabedoria’ como virtude independente, mas sem de fato a
considerarem como uma virtude separada, absoluta, relativamente às outras.”3
Entretanto, no auge da modernidade o foco no equilíbrio e na sabedoria
reaparece com Descartes. Na sua maturidade, o pensador dá um grande
destaque para o assunto. Com ele a cultura ocidental foca suas bases na
1 Cf. HELLER, Agnes. O homem do Renascimento. Lisboa: Presença 1982, p. 236.
2 Op. cit. p. 239.
3 Heller comenta que a partir do Renascimento verificou-se a necessidade de uma ética divorciada
de qualquer sistema de valores fixos, na tentativa de alcançar o possível, resolvento na prática a
contradição entre a moralidade e a legalidade. Cf. Op. cit. p. 250.
subjetividade. Embora muito se fala do cartesianismo, pouco se fala de seu
conceito de sabedoria que influencia em grande parte a modernidade tanto na
ciências como na visão ética.
Em Descartes a busca da sabedoria se faz a partir de conhecimentos
verdadeiros. Assim nos ensina o pensador: “o homem que possui a vontade firme
e confiante de usar sempre a razão o melhor que lhe é possível, praticar nas suas
ações o que julga ser o melhor, é verdadeiramente sábio, tanto quanto a sua
natureza o permite que seja”4.
Na sua compreensão o homem que busca o conhecimento verdadeiro é um
virtuoso. Sua explicação é que as virtudes que nascem do conhecimento do bem
são puras e perfeitas, têm todas a mesma natureza e podem “ser compreendidas,
unicamente, sob o nome de sabedoria”5.
A visão cartesiana de pensar a sabedoria a partir de princípios de
conhecimento contrasta com a concepção de sabedoria no período que antecede
a Descartes. O filósofo explica que a ciência até a sua época teria chegado a
quatro graus de sabedoria, a saber: o primeiro, a sabedoria pode ser alcançada
sem meditação; o segundo, a sabedoria compreende tudo que a experiência dos
sentidos nos permite conhecer; terceiro, a sabedoria pode ser atingida através do
ensinamento de outras pessoas e, o quarto, a sabedoria pode ser alcançada
através da leitura de bons livros. O filósofo ressalva: “Não considero aqui a
revelação divina, visto que ela não nos conduz por graus, mas nos leva de súbito
a uma crença infalível”, conclui o pensador6 .
Descartes comenta que ao longo do pensamento ocidental houve
homens que procuraram um quinto grau de sabedoria, esses homens devem ser
chamados de filósofos. Esse último grau “consiste em procurar as primeiras
causas e os verdadeiros princípios donde se podem deduzir as razões e tudo o
4 Cf. DESCARTES, R. Os Princípios da Filosofia: Carta Prefácio. Trad. Alberto Ferreira. Lisboa;
Guimarães Editores, 1998, p. 19.
5 Cf. DESCARTES, R.Op. cit, p. 19. O pensador admite que existem virtudes que podem surgir da
imperfeição e do erro. Como exemplo: “Com freqüência , a simplicidade é causa da bondade, o
medo leva à devoção e o desespero à coragem. Ora as virtudes, assim acompanhadas de alguma
imperfeição, são diferentes entre si, e têm-se-lhes dado também diversos nomes”. Idem.
6 DESCARTES, R. Os Princípios da Filosofia. p. 29
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