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O Cristianismo, O Budismo, O Cristo E Nietzsche

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Por:   •  20/10/2014  •  1.899 Palavras (8 Páginas)  •  508 Visualizações

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O Cristianismo, o Budismo, o Cristo e Nietzsche

Em sua polêmica obra O Anticristo, Nietzsche trata da questão do cristianismo, a partir da qual conduz uma crítica feroz com que ataca os seguidores da religião cristã. Nietzsche inicia sua obra queixando-se de ser incompreendido entre seus contemporâneos e espera que seja compreendido no futuro. Para ele o homem moderno é um ser fraco, domesticado, que tudo compreende e a tudo perdoa. O autor logo no inicio da obra questiona o que é o bom? O que é o mau? O que é a felicidade? E parte daí para uma complexa rede de argumentação onde demonstra como a religião cristã se apoderou de fraquezas do espírito, tornando-as sua força, invertendo os valores pregados por Jesus. A compaixão é vista como a principal fraqueza do homem, pois é contrária aos impulsos vitais mais básicos e naturais. A maneira de agregar os excluídos é um vício do qual o Império Romano se contagiou, a ponto de declarar legal, e depois oficial, a religião dos plebeus.

Nietzsche ataca o teólogo, a figura que cria essa religião antinatural; ataca o psicologismo deturpado que perpetuou a religião cristã. Chega a afirmar que “o único cristão que existiu morreu na cruz”. Os valores éticos do cristianismo são os valores do plebeu, do excluído, movidos pelo ódio aos nobres e não por amor ao próximo. A noção de pecado, juízo final, alma, punição e outros, são todas armadilhas do espírito. O cristão fica preso nessa teia engendrada para dominar as vontades livres e “igualar” os seres humanos. Ele demonstra ao longo do livro seu conhecimento das Escrituras e seu argumento se torna mais forte. Deus é visto com várias faces, várias maneiras de agir. Refletem as ideias de cada tempo e cada necessidade das classes sacerdotais judaicas. O fato de a Europa ter se tornada cristã o irrita, pois demonstra uma fraqueza de espírito que ele não consegue suportar. Ao longo desta obra, sua crítica atinge a tudo que o cristianismo prega ou defende como válido e Nietzsche procura embasar seus argumentos para demonstrar sua teoria. Apesar de suas inúmeras interpretações, o objetivo central de Nietzsche ao escrever O Anticristo era a critica aos valores estabelecidos em dois mil anos de cristianismo e propor a inversão e criação de novos valores. O titulo desta obra, tão polêmico, se deve ao fato de Nietzsche combater o idealismo metafísico platônico que transformou este mundo em algo inferior e ilusório em nome da “verdade” de um mundo ideal. Platão era adepto à ideia de que tudo o que existe aqui no mundo real, não passa de uma projeção materializada do mundo das ideias que está bem além da nossa percepção sensitiva. Nietzsche chamava o cristianismo de um platonismo para o povo e isto por si explica o titulo. Ele luta contra a metafísica, contra o dualismo proporcionado entre corpo e alma, terra e céu e assim por diante. Cabe observar que há uma grande diferença para o filosofo entre Cristo e o cristianismo. Seu livro se posiciona contra o cristianismo e suas respectivas interpretações da vida de Cristo, que para ela não passou de um romântico que pretendia mudar o mundo com seu bom coração.

Para Nietzsche não existe o fato, para ele o que existem são interpretações forjadas pelas forças expressas em vontade de potência. Por isso ele proclama que o cristianismo não é a única interpretação do mundo, há outras. Para se entender alguma coisa há necessidade de não se fechar em apenas uma perspectiva, como a cristã, que vem dominando o Ocidente por milênios. O filósofo propõe o surgimento de um novo tipo humano, o “além-homem”, capaz de conviver com suas limitações e superações, diante de um mundo sem necessidade de Deus para criá-lo, guiá-lo ou destruí-lo.

O que o autor mais nega no cristianismo é o seu favorecimento da vida além-túmulo, em detrimento desta própria. Nietzsche prega que a vida deve ser entendida a partir da própria vida, sem o sentimento de culpa da moral cristã. O pecado não existe e se não há pecado não existe a necessidade de salvação. O ser humano sentiu a necessidade da criação de um Deus para preencher o seu próprio vazio existencial e o criou negando sua própria vida terrena. Nietzsche não opta nem pela metafísica religiosa nem pela ciência como religião. Nem fé, nem razão: sem dualismos. Tudo é apenas um fluxo de forças e a razão é apenas um acaso, como acaso são todas as outras coisas. Isso soa como absurdo para o cristão, para eles o mundo não é somente esse absurdo monstro de forças que nos leva ao acaso. Precisa haver um Deus, há de ter um Bem, um julgamento e uma vida eterna sem sofrimentos. Para Nietzsche não há nem céu nem inferno, há somente a existência.

O Anticristo prega que já é hora de a vida na Terra ser valorizada, uma vez que as matrizes socráticas e as fundamentações platônicas tornaram o mundo concreto um fardo muito pesado. O mundo foi substituído por uma fábula e a vida tornou-se algo que cansa os homens. Entretanto, a crítica maior do livro não é feita a Sócrates, Platão ou Santo Agostinho que cristianizou o segundo, mas ao apóstolo Paulo que já trazia ideias platônicas em sua formulação do cristianismo. O cristianismo ordenou, direta ou indiretamente, todas as mentes no Ocidente, então somente um anticristo para descristianizar o mesmo Ocidente. É assim que Nietzsche se vê. Ele não se contenta somente com a inversão dos valores, ele parte também para a criação de novos valores. Em sua argumentação Nietzsche afirma não querer prejudicar outra religião, que segundo ele é muito superior ao cristianismo: o budismo. Mais realista que o cristianismo, o budismo é a única religião positiva, pois não diz: Luta contra o pecado, mas sim lute contra o sofrimento. O budismo necessita de um clima agradável para se desenvolver e tem com foco principal as classes mais altas e mais cultas. Busca a serenidade, o silêncio e a ausência de desejos. O budismo não aspira somente à perfeição, a perfeição é um caso normal. No cristianismo, os instintos dos servos e dos oprimidos colocam-se em primeiro lugar. Os cristãos desprezam o corpo e até a higiene é rejeitada como sendo sensualidade. Ser cristão é ter ódio contra os sentimentos, contra a alegria, contra tudo em geral. O cristianismo assim que se lançou sobre os povos bárbaros encontrou um homem vigoroso, mas atrofiado. Para conquistar os bárbaros o cristianismo adotou conceitos e valores bárbaros, torturando-os corporal e espiritualmente. O budismo é uma religião para homens evoluídos e o cristianismo é uma religião que pretende dominar homens ferozes e o meio que ela utiliza é tornando-os doentes. O enfraquecimento é a receita para a domesticação. Por outro lado, na visão de Nietzsche o budismo é sincero e

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