O Problema Dos Universais: Seu Desenvolvimento Na História, Do Surgimento às Soluções Propostas.
Artigos Científicos: O Problema Dos Universais: Seu Desenvolvimento Na História, Do Surgimento às Soluções Propostas.. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: hesperides • 13/8/2014 • 2.589 Palavras (11 Páginas) • 1.053 Visualizações
O Problema dos Universais: seu desenvolvimento na história, do surgimento às soluções propostas.
Resumo
O termo Universal indica aquilo que unifica uma pluralidade, o que eles têm em comum. Na tradição Platônica os universais são as idéias, a essência transcendental que dão forma a realidade concreta, já para Aristóteles, o universal é o conceito que se obtém por meio de abstração da mente. O problema consiste em estabelecer se os universais são idéias transcendentais, pensamentos de Deus ou se são apenas conceitos mentais ou simplesmente termos sem significação objetiva.
Introdução
A discussão sobre os Universais é a questão mais celebre do período medieval, essa disputa começa com a tradução de Boécio (século XI - XII) as Categorias de Aristóteles e da Isagoge feita por Porfírio (século III) e vai até as soluções dadas por Ockham (século XIV).
O trabalho foi desenvolvido no intuito de fazer um apanhado histórico dos Universais, desde seu surgimento até as soluções propostas dentro do período medieval, que vai do século XII ao XV. Situando o problema dos universais dentro de um contexto histórico para facilitar ao leitor um aprofundamento do tema através de outros textos específicos ou até a leitura dos filósofos e obras citados nesse trabalho.
O Problema dos Universais foi tratado de forma sintética, mas de maneira completa, desde o momento de seu surgimento, como se desenvolveu e as possibilidades de soluções dadas pelos principais filósofos do período. Não era pretendido no presente trabalho desenvolver tese ou tecer soluções para tais problemas.
Multiplicidade e Unidade (Parmênides x Heráclito)
A noção de Ser era interpretada na antiguidade grega de várias maneiras, mas duas concepções foram as mais discutidas: a concepção de Parmênides e a de Heráclito. A concepção interpretada por Parmênides e seus discípulos está exposto em seu poema “Sobre o Ser”, para eles o Ser é Unidade, é completo, pois não necessita de nada, é eterno e imutável, o Ser é. A multiplicidade não era aceita, pois esta pressupõe a existência do não-Ser e este não existe e não pode, sequer, ser pensado. Já Heráclito afirmava a multiplicidade, o mundo é uma permanente mudança, as coisas são e não são, é a eterna luta dos opostos, a unidade encontra-se na multiplicidade.
A Solução Platônica para o Problema da Unidade e da Multiplicidade.
O Realismo Platônico surge como alternativa frente ao problema da Unidade e Multiplicidade. O mundo sensível por estar sujeito ao devir (ser e não ser ao mesmo tempo) não pode conter em si aquilo pelo qual as coisas são o que são. A idéia é a única coisa pela qual se pode conhecer por não estar sujeita ao devir, é ela quem fundamenta e dá forma ao mundo sensível, é a unidade na multiplicidade. Conhecendo a idéia, conhecemos a verdade sobre o mundo. Assim, “a necessidade de remontar à unidade da idéia para pensar a diversidade do sensível, decorre, para Platão, da dificuldade encontrada de dizer o ser das coisas” (Rogue: 2005; 78).
Platão estabelece uma divisão, reconhecendo a dois mundos diferentes: o primeiro é o mundo sensível, mutável, fenomênico do qual só se pode ter opinião. O outro é o mundo invisível, imutável, essencial, inteligível, captado apenas pela razão. Essas duas realidades contrárias se complementam, pois a realidade sensível é moldada pela inteligível, sendo esta superior por ser imutável e verdadeira.
Com a Criação das duas realidades, Platão consegue, de certa maneira, resolver o problema da unidade e multiplicidade. Com o mundo das Idéias, Platão está de acordo com Parmênides, para quem a verdade é imutável, eterna; com o mundo sensível, Platão está de acordo com Heráclito, para quem a realidade é e não é ao mesmo tempo, pois é regida pela mudança. Justamente por ser e não ser ao mesmo tempo que, segundo Platão, o mundo não pode gerar conhecimento real, e sim apenas opinião.
Para Platão os objetos particulares e concretos são como cópias imperfeitas e transitórias de modelos incorpóreos e eternos, as idéias. Esses universais conceituais subsistem independentes da realidade sensível, são o conhecimento mínimo dos seres, aquilo que a alma trás consigo ao nascer, que determina o modo de ser das coisas sensíveis. O conceito é a unidade na multiplicidade.
A Solução Aristotélica para o Problema da Unidade e da Multiplicidade.
Aristóteles discorda da teoria platônica das idéias, considerando esta apenas uma duplicação inútil da realidade. Para ele a realidade sensível é a única existente e é a partir do conhecimento empírico desta realidade que se estabelece definições essenciais e se pode atingir o universal. O conhecimento empírico nos fornece apenas o individual, o singular e através dele chegamos à ciência, que é necessária e universal.
Diferente de Platão, Aristóteles não acreditava que o Universal fosse algo que subsiste por si mesmo em um mundo invisível, mas seria resultado da atividade da razão sob a forma de conceito e está fundamentado no objeto que o indivíduo conhece através dos sentidos. Assim, os conceitos não seriam reproduções de formas ou idéias de um mundo imutável, mas algo que se encontra no próprio objeto, algo comum a objetos da mesma espécie, que nos faz chegar ao Universal através dos particulares.
A metafísica (o estudo do ser enquanto ser) é o que garante que os conceitos não são convencionais e que a utilização racional desses conceitos se fundamenta na realidade sobre a qual a lógica pode operar. A realidade, ou mundo físico, regido pela mudança e pelo múltiplo deve ser explicado através de uma nova concepção do Ser, aquilo que é eterno e imutável, classificado em categorias, ou seja, as várias formas do Ser se apresentar no mundo sensível.
Dessa maneira, qualquer termo que diz que algo é o que é, designa uma substância (o Ser, o que não muda) ou um acidente (o modo de ser do Ser, que pode mudar – qualidade, número, lugar...). Dessa maneira, Aristóteles explica a Unidade na multiplicidade, fundamentado na metafísica.
Os Universais
De maneira genérica a palavra Universal expressa o caráter de algo comum a uma totalidade, é algo que sendo único pode ser predicado de vários, como a palavra homem. O Universal pode ter significado objetivo ou subjetivo: objetivo quando indica uma determinação qualquer
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