Origem da filosofia
Tese: Origem da filosofia. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Reinaldoflor • 27/10/2014 • Tese • 1.550 Palavras (7 Páginas) • 218 Visualizações
1. Filosofias
O uso normal e correto da Língua Portuguesa admite um sentido muito amplo para a palavra
"filosofia". Fala-se, por exemplo, que fulano tem uma excelente "filosofia" de trabalho; a vovó tem
uma "filosofia" de vida formidável; e até mesmo que determinado técnico de futebol vai imprimir uma
nova "filosofia" ao time. Em todos esses casos, parece que "filosofia" tem a ver com uma concepção, e,
pois com um "saber da direção" envolvido nessas filosofias. Mas fala-se também de filosofia hindu, de
filosofia chinesa... E aqui parece que filosofia já tem um sentido mais técnico, de sistematização de
pensamentos especulativos ou de reflexões morais produzidos pelo povo hindu ou pelo chinês. Como
se não bastasse, as livrarias oferecem, sob a rubrica "filosofia", uma variedade bastante exótica, onde
aparecem, entre outras produções, tratados de ioga, e disciplinas espirituais e ascéticas de monges
tibetanos.
Em todos esses casos, e é o que deve unificar tantos usos diferentes da palavra, filosofia tem a
ver com uma forma de saber - e que não é um saber qualquer: não é, por exemplo, um "saber fazer
vestidos" por mais úteis e até mesmo indispensáveis que sejam todos esses tipos de saber. "Filosofia"
tem o mesmo no seu sentido lato, uma ligação com um saber que se percebe como sendo mais
revelante, relativo a coisas mais fundamentais, embora menos diretamente úteis, que um simples saber
empírico, ou que um saber ligado a produções de coisas indispensáveis para a sobrevivência. Não é,
pois, meramente arbitrário o uso da palavra "filosofia" em todos os casos citados acima.
Mas é preciso estar ciente de que a disciplina acadêmica que se intitula "filosofia" usa essa
palavra num sentido estrito, que exclui de seu âmbito não só a concepção de vida da vovó e as
disciplinas ascéticas dos monges tibetanos, mas também - e esta afirmação talvez seja um tanto
polêmica - textos às vezes altamente especulativos das milenares civilizações chinesa e hindu. Mas não
há nenhum julgamento depreciativo por parte de quem nega ao pensamento hindu ou chinês o nome de
filosofia. Quer-se simplesmente dizer que eles são diferentes, têm outros pressupostos, metas outras
que a filosofia propriamente dita.
2. Filosofia
Filosofia é uma palavra de origem grega (philos = amigo; Sophia = sabedoria) e em seu sentido
estrito designa um tipo de especulação que se originou e atingiu o apogeu entre os antigos gregos, e que
teve continuidade com os povos culturalmente dominados por eles: grosso modo, os povos ocidentais.
É claro que, atualmente, nada impede que em a qualquer parte do mundo se possa fazer especulação "à
moda grega", isto é, filosofia.
Mas, se afirmamos que esse tipo de especulação é diferente, que tem características próprias,
quais são estas, afinal? Que é afinal, filosofia?
Bem... Se perguntarmos a dez físicos "o que é filosofia", eles responderão, provavelmente, de
maneira parecida. O mesmo se passará, provavelmente, se perguntássemos a dez químicos "o que é
química". Mas se perguntarmos a dez filósofos "o que é filosofia", ouso dizer que três ficarão em
silêncio, três darão respostas pela tangente, e as respostas dos outros quatro vão ser tão desencontradas
1 In: REZENDE, Antonio. Curso de Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar Editor, 1986, p.11-17.
que só mesmo outro filósofo para entender que o silêncio de uns e as respostas dos outros são todas
abordagens possíveis à questão proposta.
Para quem ainda está fora da filosofia, a coisa pode estar parecendo confusa. Mas a razão da
dificuldade é fácil de se explicar: talvez seja possível dizer e entender o que é a física, de fora da física;
e dizer o que é a química, de fora da química. Mas, para dizer e entender o que é a filosofia, é preciso
estar dentro dela. "O que é a física" não é uma questão física, "o que é a química" não é uma questão
química, mas "o que é filosofia" já é uma questão filosófica - e talvez uma das características da
questão filosóficas que seja o fato de suas respostas, ou tentativas de resposta, jamais esgotarem a
questão, que permanece assim com sua força de questão, a convidar outras pessoas e outras abordagens
possíveis.
E já que os filósofos não vão mesmo entrar num acordo, deixemos de lado o problema da
definição. Entremos de uma vez na filosofia, mais propriamente na metafísica de Aristóteles, onde este
está justamente em busca de uma “sophia” (sabedoria) que seja a maior, a mais importante, a primeira
sabedoria.
É pois evidente que a sabedoria (sophia) é uma ciência sobre certos princípios e causas. E, já que
procuramos essa ciência, o que deveríamos indagar é de que causas e princípios é ciência a sabedoria.
Se
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