Origem e significado da filosofia

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA - UNEB

ILCA GUIMARÃES DA SILVA

Visibilidade e  Resistência : a mulher negra em Landê Onawale

Projeto de Pesquisa apresentado como requisito obrigatório para a seleção no Programa de Pós-Graduação em  Linguagens, cuja área de concentraçãoe Ssac pertence à linha investigativa XXX

Salvador/BA

2015

Toda história é sempre

sua invenção

Qualquer memória é sempre

uma invasão do vazio

 Leda Martins

1.0 JUSTIFICATIVA

        Ensinar é uma tarefa que impõe aos sujeitos envolvidos na missão de educar inúmeros desafios. Ao educador, cuja sala de aula é um espaço constituído pela diversidade, cabe a constante reflexão sobre sua prática docente e inserção de modos capazes de despertar criticamente seu alunado para observância da sociedade em que vive.

Lançar um olhar multifacetado e diversificado é uma conquista a ser alcançada no exercício da docência, visto que trabalhamos com culturas diferentes, personalidades diferentes, necessidade diferentes, e hábitos diferentes que conferem grandes doses de responsabilidade ao professor. Tal afirmação ganha relevância entre o alunado quando aproximamos o conteúdo escolar e exemplos da realidade vivida por muitos para o contexto de sala de sala de aula, por meio da análise de textos literários e debates. Neste ínterim, o texto literário é um dos caminhos para dialogar com esta juventude que não tem acesso a educação, cultura e lazer e tem a sua história contada por terceiros.

Desse modo, nasceu em mim o desejo de aprofundar meus conhecimentos acerca da Literatura Negra e a Literatura Marginal, sobre os quais me debrucei nas monografias apresentadas na UEFS e na UNEB, nas especializações que cursei, a saber, Especialização em Estudos Literários e Especialização em Educação à Distância, respctivamente. Neste momento, entre diversos autores, a prosa de Lande Onawale desperta minha atenção. A escolha pelos contos deve-se à sutileza com a qual revela a mulher negra em diversas situações e contextos sociais, ao passo que, o autor resgata questões pontuais relevantes para o universo negro numa linguagem leve e poética: os valores, a estética negra, os fundamentos religiosos, entre outros, são costurados à história das personagens.

Este estudo visa contribuir para a fortuna crítica do autor, o fortalecimento da Literatura Negra, reforçando a urgência de abordar de forma crítica questões pertinente ao mundo negro, em suas diversas nuances, na literatura e cultura afro-brasileira como um todo.

2.0 OBJETIVOS

2.1 GERAIS (Exploratória, Descritivaou Explicativa)

Explorar a narrativa de Landê Onawale, em especial, os contos reunidos no livro Sete: diásporas íntimas; investigando a articulação entre Etnicidade e Memória na construção narrativa deste livro, que  insere esta proposta na linha investigativa xxxxxx

Contribuir para o fortalecimento da Literatura Negra e, consequentemente, para a fortuna crítica de Lande Onawale, por meio desta pesquisa, a fim de minorar o distanciamento entre leitor e autor.

 

2.2 ESPECÍFICOS

Analisar a importância da Literatura Negra na contemporaneidade.

Examinar conceitos de etnicidade e memória negra.

Perscrutar a construção da etnicidade e da memória em personagens de contos do autor Lande Onawale.

3.0 QUESTÃO DE PESQUISA E SEUS FUNDAMENTOS

A arte é uma das mais belas formas que o homem encontrou para dar vazão aos seus sentimentos e anseios em diversas formas de expressão por meio da escultura, pintura, poesias ou contos. A literatura resgata histórias, desperta reflexões e fruição interligando os elementos da comunicação artística, a saber, autor, obra e público “à medida que remontamos na história temos a impressão duma presença cada vez maior do coletivo nas obras; e é certo, como já sabemos, forças sociais condicionantes guiam o artista em grau maior ou menor.” (CANDIDO, p. 35, 2006).  A literatura, enquanto fonte inesgotável de conhecimentos, propicia este salto e forma um homem melhor, uma nova visão de mundo, desempenhando a função social de despertar e ampliar a  percepção de mundo do leitor, fazendo-o perceber a sua  pluralidade e diversidade.

Nesse ínterim, cabe ressaltar, a Literatura Negra enquanto peça extremamente relevante para uma produção literária preocupada com sua função social, cujos temas trabalhados pelos escritores negros, dizem respeito às mazelas sofridas pelo povo negro, ou seja, as condições vivenciadas por aqueles excluídos por razões de natureza étnicas e sociais. Estes autores “buscaram dar visibilidade à produção e ampliaram a reflexão sobre a condição de trabalho dos escritores negros, sobre a circulação de seus textos, a marginalidade dessa produção e a linguagem com que expressam.” (FONSECA, p. 17, 2006).

Reinaldo Santana Sampaio, autor baiano, soteropolitano, adota o nome afro-brasileiro Lande Onawale Munzanzu. Além de Sete: diásporas íntimas (2011), lançou dois livros de poesia O vento (2003) e Kalunga: poemas de um mar sem fim / poems of an infinte sea (2011). Possui publicações em importantes veículos de difusão da Literatura Negra, a exemplo, dos Cadernos Negros e da antologia Quilombo de palavras. Publicou ainda, poemas no Jornal Nacional do Movimento Negro Unificado e um samba – “Um sonho, uma idéia” – na revista Canto Negro, do Bloco Afro Ilê Ayê.

Lande Onawale, em Sete: diásporas íntimas, reúne temas como racismo velado, invisibilidade, estética negra, legitimidade da religião, hierarquização da raça entre outros que são amarrados à trama com grande beleza e poesia motivando a valorização da raça.

Aprendemos desde cedo que o povo brasileiro é oriundo da soma harmoniosa entre brancos, índios e negros. Da herança da reunião desses povos dá-se a etinicidade brasileira refletida numa nação multirracial e multicolorida. Ao pensar no conjunto nacional, esta “soma harmoniosa” é convertida em diversas desigualdades quando deveria apresentar igual equilíbrio, no sentido de garantir a todos (indígenas, negros e brancos) a equidade ao acesso dos sujeitos em busca de sua realização, segundo Paraguassu Rocha: