TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

PENSAMENTO SOCIAL E SEU VALOR PARA ÉTICA E DIREITOS SOCIAIS

Projeto de pesquisa: PENSAMENTO SOCIAL E SEU VALOR PARA ÉTICA E DIREITOS SOCIAIS. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  20/9/2014  •  Projeto de pesquisa  •  1.573 Palavras (7 Páginas)  •  473 Visualizações

Página 1 de 7

O PENSAMENTO SOCRÁTICO E SUA IMPORTÂNCIA PARA ÉTICA SOCIAL E DO DIREITO.

1. SÓCRATES: O HOMEM E O MITO.

Pouco se sabe a respeito das particularidades de Sócrates. Os dados que se possuem, pouquíssimos deles de cunho ontologicamente histórico, derivam-se de relatos de Platão, Xenofonte e Aristófanes . Os dois primeiros, de forma óbvia, exaltam a pessoa e o pensamento socrático. Quanto a Aristófanes, este posiciona-se de forma oposta a Platão, demonstrando em sua comédia intitulada “As Nuvens”, que Sócrates nada mais foi que um sofista, cujo comportamento era nefasto para a sociedade grega.

Como pretendemos demonstrar o pensamento socrático de forma positiva, objetivando-o como um dos possíveis remédios “éticos” para nossos dias, escolheremos o posicionamento de Platão (em especial, por ser um dos mais salutares discípulos de Sócrates) e Xenofonte.

Sócrates nasceu em Atenas, de forma concomitante a realização da 77º Olimpíada, entre os anos de 470 e 460 a. C. Filho de pai escultor e mãe parteira, este singular ateniense era extremamente pobre, obtendo uma educação regular, comum a todos os atenienses da época. Casou-se Xantipa , com quem teve três filhos.

Em princípio, Sócrates poderia ser tomado como um simples ateniense: homem simples, dedicado a seus afazeres e seus deveres (como, por exemplo, ter cumprido de forma veemente seu serviço militar). Por esses e outros motivos, em diversas obras platônicas (tais quais “República”, “Menon” e “Fédon”) Sócrates será conhecido e tido de forma concreta como um homem corajoso, paciente, modesto e dotado de um peculiar autocontrole. Entretanto, um evento atípico deu uma nova roupagem a tal percepção.

Por mais que a origem de seu pensamento seja, à primeira vista, ontologicamente simples, seu desdobramento demonstra uma sutil complexidade, sendo necessária uma melhor observação de suas idéias, por vezes vinculadas com teses platônicas. Sendo assim, podemos seguramente passar à análise, propriamente dita, do pensamento socrático.

2. O IDEAL DE SÓCRATES: “NOSCE TE IPSUM” .

Antes de tudo, é preciso compreender que a ascensão do pensamento socrático coaduna com a própria evolução do pensamento filosófico grego e com a firmação de Atenas como cidade-Estado de salutar destaque nos campos político, econômico e cultural da Antiga Grécia.

Durante o chamado período pré-socrático, o “feixe de luz” do pensamento grego estava voltado para as questões da physis, ou seja, para questões inerentes a transformação e evolução da natureza ao redor do homem.

Grande parte dos pensadores de destaque desta época, como Parmênides, Heráclito e Anaxágoras, confeccionaram poemas homônimos, intitulados “Da Natureza” ou “Sobre a Natureza”.

Após destacar-se nas batalhas contra os persas, nas chamadas Guerras Médicas, Atenas surge como expoente na expansão comercial e política. A cidade de Péricles passa a orientar-se sob o seio democrático da politéia, onde os cidadãos passam a ter efetiva presença na esfera pública da polis.

Essa ascensão cultural ateniense, entretanto, faz surgir uma necessidade: uma mudança na formação pedagógica de homem. Embora seja Esparta a referência da instrução militar de seu povo desde os primeiros anos de vida, Atenas (assim como as grandes cidades-Estado de sua época) também atentavam para a formação militar de seus homens.

Deste modo, a educação rude que os jovens atenienses recebiam - ao menos aqueles que não pertenciam a nobreza, que até então destacava-se em tal cidade-Estado – mostrava-se insuficiente para nova atividade na Ágora, onde a esfera pública necessitava de seus préstimos.

Em suma, a filosofia socrática se resume a este questionamento. Sócrates era o mais sábio, pois tinha ciência de sua ignorância, ou melhor, sabia que nada sabia.

A grande crítica de Sócrates contra os “sábios” de seu tempo, resume-se ao fato de que estes apenas ostentavam um saber que, na realidade, não possuíam. A Arete, termo que, na antiga Grécia, conceituava de modo latu senso a virtude, desde muito tempo havia deixado de ser residente obrigatório apenas dos nobres, passando também a integrar o “quadro moral” de qualquer cidadão ateniense. Deste modo, o saber não era segregado apenas à um grupo social, mas sim difuso de modo geral.

O homem, segundo o pensamento de Sócrates, agirá de modo correto de acordo com a virtude de sua alma, de acordo com sua sabedoria. Ele sabe o que é certo, por isso, agirá desta forma.

O exercício da filosofia, a paixão pelo saber, fará com que o homem alimente sua alma, faça com que esta lembre-se do conhecimento inteligível e atue, em sociedade, de forma correlata à ética.

Desta forma, Sócrates propões a si mesmo a tarefa de percorrer Atenas interrogando pessoas, a fim de comprovar seu pensamento. O interrogatório, o método socrático dividi-se, basicamente, em três partes concorrentes.

A primeira trata-se da ironia. Sócrates era extremamente rijo em seu interrogatório: fingia acreditar piamente na opinião de seu interlocutor para depois fazê-la desmoronar de forma brusca, sem deixar chances de resposta para a outra “parte” componente do diálogo. Afinal, Sócrates, de início, interrogava supostos “sábios” e líderes de Estado: não é irônico que tais sábios, inquestionáveis em seus conhecimentos, se mostrassem, diante de todos, ignorantes?

De modo correlato, advém a parcela mais importante do pensamento socrático: a maiêutica. A partir do momento que Sócrates desfaz a antiga e incorreta opinião de seu interlocutor, e o conduz a percepção de uma nova idéia, desta vez verdadeira. A maiêutica nada mais é do que a tentativa de dar a luz a uma nova idéia, real, concreta e verossímil.

Sócrates não pretendia ensinar, pois nada sabia, como ele mesmo afirmava. Sendo assim, ele buscava aprender, juntamente com seu interlocutor no interrogatório, no diálogo, um modo de encontrar a verdade, de fazer surgir uma idéia concreta. Deste modo, faz-se mister as afirmativas de Corbisier, nesse sentido:

“O mestre não é depositário

...

Baixar como (para membros premium)  txt (10.2 Kb)  
Continuar por mais 6 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com