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IDEOLOGIA E EDUCAÇÃO

O conceito de ideologia foi criado pelo francês Antoine Louis Claude Destutt de Tracy (1754-1836). Ele utilizou este tremo pela primeira vez em seu livro “Elementos de Ideologia”, de 1801, para designar o estudo científico das ideais.

Utilizou métodos e teorias das ciências naturais para compreender a origem e a formação das ideias a partir da observação do indivíduo na vivência com o meio ambiente.

Vários intelectuais conceituaram Ideologia.

Para Auguste Comte, criador da doutrina positivista, a ideologia é uma atividade filosófico-científica que estuda a formação das ideias a partir da observação do homem no seu meio ambiente, ou seja, ele compartilha da mesma ideia de Tracy.

Segundo Augusto Comte, a ideologia manipula as ações do homem devido a essa submissão do poder ideológico, de maneira que ao desrespeitar o que é imposto através da ideologia, o homem estaria indo contra o que é dito pela sociedade. E de acordo com o pensamento positivista, estaria atrapalhando o progresso social.

Porém Émile Durkheim, os fatos sociais são considerados objetos únicos de estudo da Sociologia. Ideias e valores individuais são irrelevantes porque os fatos sociais são manifestações externas.

Karl Marx, fundador do marxismo, em seu texto “A Ideologia Alemã”, dirige inúmeras críticas a vários filósofos e ideólogos alemãs, para demonstrar que o pensamento, as ideias e as doutrinas produzidas por eles não são neutras.

Para Marx, a produção das ideias não pode ser analisada separadamente das condições sociais e históricas na quais elas surgem.

E é baseada nas teorias de Marx, no que se refere ao materialismo histórico, que é percebida como é determinada a ideologia, ou seja, da classe burguesa ou da classe trabalhadora. A verdade é que essas classes acreditam em diferentes ideologias, onde o que predomina entre as ideias e as representações sociais numa sociedade capitalista é resultado da dominação de uma classe social sobre a outra, no caso a classe da burguesia sobre a classe social dos trabalhadores, que é a dominada.

Ainda na visão de marxiana, a ideologia surge a partir do momento que a divisão social do trabalho separa o trabalho manual do intelectual. E é a partir dessa submissão de uma classe para a outra, que as ideias das classes dominantes passam a serem ideias de todas as classes sociais tornando-se então, ideias dominantes.

Segundo Ivanilde Apoluceno em sua obra, Filosofia da educação, essa concepção de mundo que unifica o todo social através do consenso é a Ideologia, cuja organização sistematização e divulgação é de responsabilidade dos intelectuais.

Historicamente, portanto, encontramos vários conceitos de Ideologia, o que nos coloca diante da necessidade de explicitarmos a concepção de Ideologia que estamos trabalhando ao analisarmos o discurso ideológico presente no processo educacional. Além disso, é preciso compreender, também, que o conceito faz parte de uma concepção filosófica de ser humano e de mundo, não podendo ser refletido isolado do todo.

Ainda em seu livro, a autora aborda que a partir do século XIX, em função do desenvolvimento da ciência moderna, a teoria da educação passa a significar “teoria científica da educação”, sendo a objetividade e a neutralidade as características principais do processo educacional.

A educação, tanto tradicional como moderna, apresenta a transmissão de conteúdos culturais, sendo estes vistos como dado social. A positividade é característica fundamental destas concepções de educação.

Marx, e posteriormente, pensadores de inspiração marxista como Gramsci e Althusser destacam-se em apresentar a educação relacionada a questões estruturais político-ideológicas da sociedade.

Gramsci, assim, como Althusser, chama atenção para educação como instrumento de disseminação e reprodução da ideologia do grupo dominante.

Para Gramsci, a educação tem significado estratégico na luta contra a ideologia dominante na medida em que pode formar os intelectuais das classes populares capazes de sistematizar organicamente a concepção de mundo dessas classes.

A educação, assim compreendida, conduz-nos a uma reflexão crítica sobre o sistema/processo educacional, na busca de explicitação do seu discurso ideológico ou contra ideológico.

A escola, como agente educativo, transmite o discurso dos dominantes e a forma social vigente da sociedade.

Para Paulo Freire, a educação passa a ser sinônimo de conscientização, que implica a ultrapassagem da esfera espontânea da apreensão da realidade para chegarmos a uma esfera crítica na qual a realidade se dá como objeto cognoscível e na qual o homem e a mulher assumem uma posição epistemológica.

PRÁXIS

Entende-se por práxis, segundo o marxismo, um grupo de atividades e ações que são dependentes da existência da sociedade, ligado sempre ao fazer material. E na tentativa de satisfazer as aspirações práticas do homem, desenvolveu-se, a partir do poder, formas que esvaziassem a consciência política do homem comum, para o mesmo não chegar a ocupar cargos