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Reconstrutivismo

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Por:   •  10/2/2015  •  Artigo  •  435 Palavras (2 Páginas)  •  225 Visualizações

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Saído da rigidez de um seminário de franciscanos, o sociólogo catarinense Pedro Demo chegou à Alemanha para estudar na Universidade de Saarbruchen. Deixou no caminho um violino e a vocação religiosa – e caiu no ambiente acadêmico libertário da década de 60, no qual nem as aulas eram obrigatórias. Para sua surpresa, tamanha liberdade não atrapalhou o doutorado. Ao contrário. Provou-lhe, do ponto de vista do aluno, que o conhecimento se foma de dentro para fora. Retornou ao Brasil e , durante algum tempo, escandalizou os bispos da CNBB ao revelar dados sociais do país – era pago para isso, embora alguns religiosos conservadores pudessem imaginá-lo como o próprio “demo” nessa função. Migrou para o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e se tornou professor titular da Universidade de Brasília. Nos mais recentes de seus 48 livros, ele vem pregando a reforma radical de nossas escolas, que considera demasiado instrucionistas. Com seu jeito provocador, garante que “errar é mais que humano, é pedagógico”.

NE- Por que o senhor usa o termo reconstrutivismo, em vez do construtivismo proposto por Jean Piaget?

PD- Porque as pessoas sempre recriam algum conhecimento. Ele é criado sobre algo que já existe. Nós não podemos colocar o conhecimento dentro da cabeça do aluno, pois o processo informativo se dá de dentro para fora. O professor deveria ter, na verdade, uma função de motivação, de estímulo, de avaliação e de orientação. E, se estamos falando em reconstrutivismo, é preciso fazer uma crítica à aula que é meramente expositiva, que nada mais é que um café velho passado para a frente.

NE- Esse “café velho” ainda é servido na maioria das escolas, não?

PD- Infelizmente, sim. A aulaprecisa ser colocada em seu devido lugar. É um instrumento de organização, introdução e arrumação das coisas. Deveria ser um elemento didático supletivo, não o centro da aprendizagem. O aluno só aprende se ler, pesquisar e elaborar. Com isso, vem à tona também o jeito como ele vê o mundo e, conseqüentemente, forma sua autonomia, à medida que mexe com o conhecimento. E nós sabemos hoje que conhecimento é vantagem comparativa. Eu costumo brincar que enquanto o Primeiro Mundo pesquisa, o Terceiro Mundo dá aulas.

NE- Como fugir desse esquema?

PD- Nós precisamos criar um ambiente de classe, onde o aluno possa reconstruir experimentos ou até mesmo conceitos. Imaginemos, por exemplo, o professor que está dando uma aula sobre a Guerra do Paraguai. Ele pode oferecer aos alunos vários livros didáticos ou históricos sobre a guerra, inclusive um publicado no Paraguai, para ter um ponto de vista completamente diferente. Se aui nós temos a Guerra do Paraguai patrioteira, certamente eles têm versões

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