Resenha Sobre Filmes Políticos

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

JOSÉ ANTONIO DA CONCEIÇÃO BARBOSA FILHO

RESENHA DE FILMES

CAMAÇARI

2019

Olhos que condenam (Série americana)

A série “Olhos que condenam” é um relato de um episódio real que aconteceu nos EUA. Mostra como cinco garotos foram presos, condenados e sentenciados de forma errônea por estuprar e espancar quase até a morte Trisha Meili.

Na série, é evidente a presença do racismo por parte dos policiais e da chefe da unidade de crimes sexuais Linda Fairstein, no entanto, esse racismo é maquiado e aparece na forma de suposição de que os garotos seriam os criminosos.

O crime aconteceu quando Trisha Meili caminhava no parque, como sempre fazia, e infelizmente, foi surpreendida por um individuo que a atingiu com uma pedra e abusou sexualmente dela. Em contra partida, no mesmo dia e hora, um grupo de crianças e jovens do gênero masculino estavam no mesmo parque, fator que contribuiu para que eles fossem todos encarados como suspeitos, diante das suas condições étnicas.

De todos os garotos que foram detidos, cinco deles são classificados como criminosos em potencial, sem nenhuma razão especial, somente pelo fato dos policiais julgarem dessa forma. Assim, todos os cinco rapazes são expostos a um processo de interrogação totalmente desumano e abusivo, sem acesso a comida e impedidos de usar o banheiro, as rapazes são coagidos a assumirem um crime que não cometeram.

Mesmo não assumindo o crime, os rapazes acabam fornecendo um material visual que os comprometem em seus julgamentos, e mesmo sem nenhuma prova material a acusação convence os jurados a condenarem os cinco rapazes à penas que vão de 6 a 13 anos.

Na cadeia, os rapazes são obrigados a abandonarem todos os seus sonhos e a acostumarem-se com a nova condição que foram submetidos, dessa forma, é evidenciado as agressões, as ameaças, as lutas, e todas as dificuldades que eles precisam enfrentar, somente em razão da infelicidade de estar no lugar errado em um momento inoportuno.

A medida que os rapazes cumprem suas respectivas penas, vão deixando a cadeia e tentando reconstruir suas vidas, no entanto, nesse momento eles descobrem que as dificuldades não haviam terminado, visto que, diante da condição de ex detentos, as portas do mercado de trabalho se mostravam totalmente fechadas para eles.

Por fim, a série mostra que o verdadeiro criminoso se entrega, sanando qualquer dúvida de que os rapazes eram os culpados pelo ocorrido, assim, na tentativa de reparar o dano causado a vida dos cinco rapazes, o Estado é condenado a pagar uma indenização, no entanto, a pergunta que nos fazemos é se o dinheiro, ou qualquer coisa seria capaz de reparar os danos causados as suas vidas em razão de vários anos de sofrimento.

   

Eu, Daniel Blake (Filme inglês)

O filme conta a história de Daniel Blake, um cidadão inglês, que trabalhava como carpinteiro e em função de um ataque cardíaco se viu obrigado a parar de trabalhar. Para se sustentar, o personagem tenta pleitear um auxílio governamental para pessoas incapacitadas de trabalhar, e nesse processo, ele conhece Kate, uma mãe solteira que cuida de dois filhos.

O longa inicia demonstrando o quanto os funcionários dos serviços públicos são negligentes, deixa claro o tamanho do descaso que todos os possíveis usuários enfrentariam caso necessitassem. Esse primeiro diálogo é feito por telefone entre Daniel e um funcionário do Departamento de Serviço Social e como ele não encontra resultado resolve ir até uma agencia física.

Ao chegar a agencia física ele encontra o mesmo mau atendimento e ao passar mal resolve ir embora, quando está preste a sair do estabelecimento, ele conhece Kate que está passando pela mesma dificuldade que ele, mas com o agravante de ter dois filhos. Os dois se tornam amigos e se apoiam, Daniel tenta ao máximo ser um apoio para Kate que não tinha o auxilio da família por perto.

A medida que o tempo passa, as coisas só pioram, Daniel que não possui o traquejo para usar computadores, se vê obrigado a realizar uma série de procedimentos nesses equipamentos, pois o Departamento de serviço social o obriga, e mesmo com o laudo médico de que estava inapto a trabalhar, os médicos do Departamento atestam que ele poderia voltar a rotina de trabalho normal.

Kate, mesmo com a ajuda de Daniel não consegue atender todas as demandas das crianças, pois não consegue encontrar empregos mesmo sendo jovem e forte, dessa forma, em um dado momento, ela recorre ao furto e acaba sendo descoberta, felizmente o gerente da loja a deixa ir sem que acione as autoridades policiais. Além disso, nesse episódio, Kate conhece um segurança que a aborda e lhe oferece uma ocupação como acompanhante, que a principio ela desconsidera, mas diante da necessidade ela acaba aceitando.

Em um dado momento, Daniel perde o beneficio e aciona um advogado pra que o mesmo seja reestabelecido, nesse meio tempo, ele passa por algumas dificuldades, pois não conseguia trabalhar em razão do seu ataque cardíaco recente e então é obrigado a se desfazer dos seus móveis domésticos.

No dia da audiência para requerer o beneficio, Daniel é encorajado pelo advogado a acreditar que alcançaria êxito na solicitação  e quando Daniel se dirige para o banheiro sofre um segundo infarto que o leva à morte. Algumas pessoas tentam o ajudar, mas não conseguem fazer mais nada, Daniel é mais uma pessoa vítima da negligência e do descaso do Estado.

O ano em que meus pais saíram de férias (Filme brasileiro) 

O filme retrata a história de Mauro, uma criança de 12 anos que é obrigado a morar com seu avô e ficar longe dos seus pais, que são perseguidos pelo governo ditatorial que foi instaurado no Brasil no ano de 1964.

O filme se passa no ano de 1970, mesmo ano que o Brasil foi o vencedor da Copa de mundo de futebol masculino. Mauro, que inicialmente morava em Belo horizonte é levado por seus pais para São Paulo onde o seu avô tomaria conta dele para que seus pais “saíssem de férias”. O que ninguém contava é que o avô de Mauro morreria no mesmo dia de sua chegada, e como seus pais já haviam partido, o garoto é deixado sozinho, em uma cidade que não conhece.