Schopenhauer: A ética Da Compaixão Rasgando O véu Do Mundo.
Monografias: Schopenhauer: A ética Da Compaixão Rasgando O véu Do Mundo.. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: tarcisiotas • 3/3/2014 • 3.628 Palavras (15 Páginas) • 458 Visualizações
Schopenhauer: A ética da compaixão rasgando o véu do mundo.
Ainda hoje há uma profunda discussão sobre a problemática dos sentimentos no campo ético. A tradição filosófica tem elevado à racionalidade como que guia para nossa conduta ética, quase que completamente aniquilando o papel dos sentimentos. Porém, não é difícil perceber que os sentimentos tem um papel importante na sociedade e na conduta ética. Vemos no nosso dia-a-dia, quer seja nos noticiários ou ao vivo, cenas que realmente chama nossa atenção pela crueldade ou pela bondade de algumas pessoas. Entretendo, não nos questionamos sobre qual papel tem os sentimentos nessas ações, simplesmente, suprimimos os sentimentos em detrimento do uso racional, como se o homem fosse apenas razão e não sentimento também. Mas qual a verdadeira importância dos sentimentos no campo moral? O filósofo Arthur Schopenhauer (1788-1860) trabalhou bem essa temática e não viu na racionalidade algo que pudesse fundamentar a moralidade, mas um sentimento, o sentimento da compaixão. É através da compaixão que o Véu do mundo é rasgado e podemos encontrar a verdadeira moralidade.
Para ele o que leva as pessoas a agirem de forma maligna e cruel é o egoísmo humano que busca tudo para si e nada para o próximo. O mundo é dor e sofrimento, essa é à base do pensamento schopenhauriano. A dor e sofrimento fazem parte da essência do mundo, sobre isso Schopenhauer diz:
Os esforços infindáveis para acabar com o sofrimento só conseguem a simples mudança de sua figura, que é originalmente carência, necessidade, preocupação com a conservação da vida. Se, o que é muito difícil obtém-se sucesso ao reprimir a dor nessa figura, logo ela ressurge em cena, em milhares de outras formas (variando de acordo com a idade e as circunstâncias) como impulso sexual, amor apaixonado, ciúme, inveja, ódio, angústia, ambição, avareza, doença etc. Finalmente, caso não ache a entrada em nenhuma outra figura, assume a roupagem triste, cinza do fastio e do tédio, contra os quais todos os meios são tentados. Mesmo se em última instância se consegue afugentar a estes, dificilmente isso acontecerá sem que a dor assuma uma das figuras anteriores, e assim a dança recomeça do início, pois entre a dor e o tédio, daqui para acolá, é atirada a vida do homem. (SCHOPENHAUER, 2005, p. 405-406)
O que resta-nos é uma alternância entre a dor e o tédio, pois no momento em que a dor cessa, o tédio entre em cena como alternativa melindrosa, porém por pouco tempo, até que uma nova vontade venha e com ela surgirão novas dores em um ciclo interminável. Para o filósofo alemão esse não é um mundo perfeito, mas sim, “o pior dos mundos possíveis”, um mundo de maldade, de crueldade e de dor, o qual seria preferível que jamais esse mundo tivesse existido. Um mundo perfeito de alegrias e felicidade é uma utopia, uma ilusão, um mundo que se apresenta na forma de um sonho pelas representações que fazermos dele, o qual ele nada mais é que um
véu de MAIA, o véu da ilusão, que envolve os olhos dos mortais, deixando-lhe ver um mundo do qual não se pode falar que é nem que não é, pois assemelha-se ao sonho, ou ao reflexo do sol sobre a areia tomado a distância pelo andarilho como água, ou ao pedaço de corda no chão que ele toma como uma serpente. (Tais comparações são encontradas, repetidas, em inumeráveis passagens dos Vedas e dos Puranas.) O que todos pensam e dizem, entretanto, não passa daquilo que nós também agora consideramos, ou seja: o mundo como representação submetido ao princípio de razão suficiente. (SCHOPENHAUER, 2005, p. 49)
Para Schopenhauer o Véu de Maia vem sobre o efeito da individualidade e do egoísmo humano, donde, bom e mal são apenas conceitos. Cada indivíduo no âmbito do seu desejo relativiza o que é bom ou mau para si, assim, impossibilita uma virtude autêntica. A virtude e a bondade não podem ser ensinadas, somos em última instancia produtos a serviço de algo maior, da essência de todas as coisas, da Vontade, de uma vontade cega, insatisfeita e egoísta, que não cessa o seu querer. As realidades das coisas estão muito além da nossa capacidade de conceituar, de nossos pensamentos abstratos, mas na intuição e sentimentos.
Para compreender como podemos nos livrar do sofrimento do mundo e rasgar seu véu, é necessário então que possamos ver como o Schopenhauer vê o mundo. O filósofo abre sua obra magna com a seguinte frase: “O mundo é minha representação”, tal frase para o filósofo apresenta uma verdade válida a todo ser que vive, porém, somente no homem essa verdade atinge a “consciência refletida e abstrata”. “O que existe para o conhecimento, portanto o mundo inteiro é tão somente objeto em relação ao sujeito, intuição de quem intui, numa palavra representação” (SCHOPENHAUER, 2005, p.43).
Schopenhauer conserva o transcendentalismo Kantiano de que o mundo é fenômeno e coisa em si, aquilo que Kant denominou como fenômeno, Schopenhauer chama de Representação, e a coisa em si ele chama de Vontade. O mundo para Schopenhauer assume uma “dupla significação” Um mundo como Vontade e Representação, como se fosse às duas faces da mesma moeda. Segundo Schopenhauer a distinção de fenômeno e coisa em si seria o grande mérito de Kant.
Mas para chegar nessa distinção é preciso rever como o autor chega essa dupla significação. É através do principio de razão suficiente que o estado fenomênico do mundo aparece, ou seja, entre causa e consequência. O mundo como representação necessita do intelecto humano e está intimamente ligado pelas formas representativas que unem e complementam o sujeito e o objeto. A representação é a maneira correlata de como sujeito e objeto se relacionam de maneira essencial e inseparável. As representações tornam a realidade do mundo enquanto o objeto que aparece para o sujeito cognoscente, dessa maneira, pela possibilidade do princípio de razão do quais as formas são: o tempo (responsável pela finitude - sucessão), o espaço (responsável pela multiplicidade - situação) e a causalidade (responsável pela necessidade - conceito) o mundo fenomênico é conhecido. Tais formas para nosso para nosso filósofo é encontrada na consciência do sujeito a priori e são elas que dão a possibilidade do mundo fenomênico. (Inclui a causalidade – os objetos devem ter uma causa para ser apreendidos pelo sujeito. Os dados dos sentidos – atividade cerebral – entendimento -intuição empírica – até chegar à representatividade pelos conceitos abstratos. Para Schopenahuer a intuição é intelectual porque é conclusão do entendimento a partir causa/efeito. Ex. estrabismo).
O processo de conhecimento para
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