A AÇÃO E OBJETO, A INTENCIONALIDADE
Por: magnoyz • 4/12/2017 • Trabalho acadêmico • 1.686 Palavras (7 Páginas) • 1.279 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
Disciplina: GEOA18 - GEOGRAFIA AGRÁRIA
CARLOS ALBERTO ARAÚJO PEREIRA
ATIVIDADE; FICHAMENTO TEXTO I
Noeli Pertile
Salvador
2017
1. INTRODUÇÃO
Fichamento do texto; O ESPAÇO GEOGRÁFICO, UM HÍBRIDO, capítulo 3, do livro; A natureza do Espaço, técnica, tempo, razão e emoção; (2006), do autor Milton Santos.
2.1 Metodologia
Realizado fichamento segundo regras da ABNT, seguindo ideias principais do texto.
2.2 Resultados e discussão
ENTRE A AÇÃO E OBJETO, A INTECIONALIDADE
O autor começa o capítulo 3 defendendo a ideia de que a intencionalidade permite uma outra leitura crítica da dinâmica entre objeto e ação. Para ele a intencionalidade liga o sujeito ao objeto criando assim a ação. Embasado em Husserl (1959), ele defende ainda que até o próprio ato de se pensar é intencional (p. 57), dessa forma, não se pode conceber uma ideia de algo sem ter algo em ideia, o sujeito não pensa fora do objeto e sem o objeto pode existir o pensamento sobre ele. Para o autor, esse debate não se restringe somente ao campo da filosofia, para ele, o homem se relaciona com o mundo através da intencionalidade.
"Mas a noção de intencionalidade não é apenas valida para rever a produção do conhecimento. Essa noção é igualmente eficaz na contemplação do processo de produção e de produção das coisas, considera dos como um resultado da relação entre o homem e o mundo, entre o homem e o seu entorno". (SANTOS, 2006 p. 58)
Dessa relação de intencionalidade do homem com o mundo é produzido o meio geográfico. A ação e o objeto são inseparáveis, assim, o tema central da geografia são os objetos e ações tomados em conjunto. Acrescentando que; a intencionalidade da ação e do objeto, dependem da carga técnica cientifica presente o território (p. 60). No entanto, a intencionalidade da ação conduz a resultados não intencionados, características comuns no processos de mudança social ou de mudança espacial, culminando em eventos.
Um evento é o resultado de um feixe de vetores, conduzido por um processo e acrescentando uma nova função ao meio preexistente, quando a ação não ocorre sem que haja um objeto, e quando ocorre, a ação se redefine redefinindo o objeto, por isso os eventos são importante na interpretação geográfica dos fenômenos. (p.61)
A INSEPARABILIDADE DOS OBJETOS E DAS AÇÕES
A concretude da sociedade só é adquirida quando observada simultaneamente como continente e como conteúdo dos objetos. Não basta definir os objetos num dado sistema, tem-se que definir qual o sistema de práticas que sobre o objeto se exercem. (p.61)
Novas formas de ação dão origem a novos objetos que por sua vez contribuem para um novo sistema de técnicas. Esse novo feixe de relações dará origem a um novo padrão espacial que pode dar-se em uma mudança das coisas ou de seus lugares. "[...]É que cada padrão espacial não é apenas morfológico, mas, também, funcional." (p. 62) dessa forma, quando ocorre essa mudança morfológica novos objetos surgem para as novas ações e os velhos objetos adquirem outras funcionalidades nessa nova realidade, para Santos, o próprio Immanuel Kant (1724 — 1804) já tinha descoberto isso em 1802, quando ele disse "[...] os objetos mudam e criam diferentes geografias em diferentes épocas[...]" (SANTOS, 2006, p.62 apud KANT, 1802 ). Sendo assim, se por uma lado, ao longo do tempo, surgem novos objetos, originando uma população de objetos com idades diferente, de outro lado, o mesmo objeto pode varias de significação ao longo do tempo, dessa maneira a sua forma e a sua dimensão não se alterariam, mas as relações externas dele estariam sempre mudando, fazendo assim a sua constante resignificação no sistema de técnicas. O autor afirma também que quando houver a mudança de função de um objeto antigo, este perderá a sua eficácia. (p. 62)
Assim, Santos defende que forma e conteúdo quando separados existem apenas como verdades parciais que só encontram verdadeiramente o seu valor quando analisadas novamente em conjunto, sendo mais doq ue um asimples relação funcional, inluenciando no futuro e no presente.
"Nós sabemos que, se as formas constituem o sistema da atualidade, é somente porque as ações nelas existentes são sempre atuais, e desse modo as renoavam, O enfoque do espaço geográfico, como resultado da conjulgação entre sistemas de objetos e sistemas de ações, permite transitar ao futuro, mediante a consideração do presente." (SANTOS, 2006 p. 64)
O ESPAÇO GEOGRÁFICO, UM HÍBRIDO
Na modernidade, não há como produzir um análise do espaço de maneira separada. Não é possível para a geografia analisar a verdade separando natureza, cultura, e política, sendo que na contemporaneidade é impossível para o homem distinguir claramente as obras da natureza e dos homens, além de indicar os limítrofes do técnico e do social. (p. 65)
Para Santos o espaço geográfico é hibrido, pois só pode ser concebido sendo homem e natureza. Não existe forma sem conteúdo e conteúdo sem forma, e a cada evento, existe uma recriação da forma ao conteúdo disponível, que, por sua vez, também resignifica o objeto.
[...]"A cada evento, a forma se recria. Assim, a forma-conteúdo não pode se considerado, apenas, como forma, nem apenas como conteúdo. Ela significa que o evento, para se realizar, encaixa-se na forma disponível mais adequada a que se realizem as funções de que é portador. Por outro lado, desde o momento em que o evento se dá, a forma, o objetoque o acolhe ganha uma outra significação, provinda desse encontro. Em termos de significação e de realidade, um não pode ser entendido sem o outro, e, de fato, um não existe sem o outro. Não há como vê-los separadamente." (SANTOS, 2006 p. 66)
UMA NECESSIDADE EPISTEMOLÓGICA: A DISTINÇÃO ENTRE PAISAGEM E ESPAÇO
O autor faz uma distinção entre paisagem e espaço, para ele, paisagem e espaço não são sinônimos. O espaço é o resultado da inseparabilidade entre o sistema de objetos e sistemas de ações. A paisagem, é o recorte do que se pode captar com os sentidos na configuração territorial.(p. 67)
A paisagem se dá como um conjunto de objetos concretos, sendo ela; transtemporal, o resultado acumulado do passado e do presente, uma construção transversal. O espaço seria a inclusão da sociedade nessas formas presentes na paisagem. Os objetos não mudam de lugar mas mudam de função, de significação e valor sistêmico. A paisagem é um sistema material relativamente imutável e o espaço seria o sistema de valores que dão conteúdo às formas, a "vida" da paisagem.
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